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sábado, 31 de outubro de 2020

DADÁ A SUÇUARANA DO CANGAÇO

 Por Meneleu Mascarenhas

DADÁ, a Suçuarana do Cangaço

A Suçuarana é um animal valente e temido pelo homem. Embora o artigo inicie com uma ótima reportagem feita pelo jornalista Antônio Vicelmo do jornal Diário do Nordeste a respeito da morte de Corisco que fazia setenta anos do acontecido, era o esposo de Dadá. Quero registrar aqui a coragem dessa mulher nordestina, que em sua luta antes de morrer conseguiu dar um enterro decente aos restos mortais desse cangaceiro que aterrorizou o sertão, que tinha seu próprio bando e de vez em quando se aliava com Lampião. Mulher valente que juntamente com seu companheiro, enfrentou por diversas vezes a luta contra as volantes policiais até sua prisão, quando o perdeu na emboscada que lhe fizeram. Corisco tomba ferido por uma rajada de metralhadora e ela ferida termina tendo uma perna amputada. Nessa reportagens de diversos noticiosos da imprensa, podemos sentir a garra dessa mulher suçuarana guerreira. CORISCO Há 70 anos morria o último chefe do Cangaço 25.05.2010 O "Diabo Loiro", como ficou conhecido Corisco, morreu, em uma emboscada, na tarde do dia 25 de maio de 1940 Há 70 anos morria Cristino Gomes da Silva Cleto, conhecido como "Corisco", o último chefe do Cangaço, considerado por Lampião como um dos mais valentes cangaceiros e apontado pelos historiadores como um dos mais ferozes e cruéis bandidos que fizeram parte do grupo de Virgulino Ferreira. Com a morte do chamado "Diabo Louro", na tarde do dia 25 de maio de 1940, na Fazenda Cavacos, em Brotas de Macaúbas, Oeste da Bahia, estava decretado o fim do Cangaço. O médico e historiador Magérbio Lucena, autor do livro "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", descreve que, na verdade, não houve combate. Corisco e sua mulher, Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida como Dadá, tinha acabado de almoçar, quando foram surpreendidos com a volante comandada pelo tenente José Rufino. Corisco e Dadá estavam desarmados, quando foram metralhados. Corisco havia cortado o longo cabelo loiro e não andava mais em bando desde a morte do amigo Lampião, dois anos antes. Magérbio descreve que, ao se aproximar do cangaceiro, o coronel José Rufino perguntou: "É Corisco?, o cangaceiro respondeu: É Corisco veio! O militar questionou: por que não se entregou? E Corisco retrucou: Sou homi para morrer, não para se entregar". Assassinato Depois deste diálogo, o cangaceiro foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora. Ficando com os intestinos à mostra, conseguiu sobreviver durante dez horas. Naquele mesmo conflito, Dadá foi atingida na perna e, não obstante ter passado por várias intervenções cirúrgicas, precisou amputar o pé direito. Em relação ao confronto final, ela declarou que os policiais vieram decididos a roubá-los e a matá-los, e que seu companheiro era deficiente físico e não teve chance alguma de se defender. Em maio de 1968, a revista Realidade (reportagem abaixo) colocou frente a frente Dadá e o coronel José Rufino, responsável pela morte de Corisco. Ele, velho e doente, chorou ao vê-la. Dadá, forte e altiva, o perdoou, no entanto, desmentiu o algoz. Ele não matara seu marido em combate, afirmou. "Foi emboscada". Do cangaço, Dadá levou lembranças, três filhos com Corisco e nenhum dinheiro. Morreu em fevereiro de 1994, aos 78 anos, na periferia de Salvador. Magérbio lembra que o objetivo dos policiais não era defender a Lei. Na verdade, segundo o escritor, o que mais interessava aos policias eram os 300 contos de réis e os dois quilos de ouro que os dois fugitivos carregavam. De acordo com o escritor, Corisco não tinha condições de reagir. Em 1939, ele caiu numa emboscada, na Fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe. Corisco sofreu fraturas gravíssimas no braço esquerdo e no antebraço direito. O casal já tinha tomada a decisão de deixar o cangaço, quando foi localizado pela Polícia. Uma vida de crimes O médico Magébio Lucena relata que Cristino Gomes da Silva Cleto nasceu na cidade de Matinha de Água Branca, Alagoas. Aos 17 anos, matou um protegido do coronel da cidade e fugiu. Sem rumo certo, optou de vez pela criminalidade e entrou para o bando de Lampião, o lendário cangaceiro. Forte, corajoso e ligeiro, logo passou a ser chamado de Corisco. Conquistou poder e, com a divisão do grupo (parte da estratégia para fugir à perseguição policial), ganhou seu próprio bando. Com a morte de Lampião, em julho de 1938, conforme o escritor, Corisco tornou-se o único chefe cangaceiro. Antes de encontrar seu fim, ainda tentou vingar a morte do amigo. Matou a família do fazendeiro acusado de delatar o bando à Polícia. Acabou cometendo uma de suas maiores atrocidades: assassinou as pessoas erradas. Nessa época, Corisco já era conhecido como "Diabo Loiro", pela cabeleira e, claro, pelo espírito. Ninguém sabe dizer ao certo quando ele nasceu. Sabe-se que em 1928, no início da vida adulta, apaixonou-se por Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, e não teve dúvidas: raptou e estuprou a menina de 13 anos. Corisco ensinou Dadá a ler e escrever. Com o tempo, ela aceitou o destino imposto por ele. Dadá virou a costureira do grupo e passou a fazer as roupas que aparecem em todas as fotos dos cangaceiros. O cangaço continua O bando de Lampião aterrorizou o sertão nordestino por quase 20 anos. Especula-se que a origem do Cangaço remonte ao século XVIII, quando fazendeiros recrutavam sertanejos para exterminar índios. Mais tarde, os colonos teriam sido obrigados a participarem das lutas entre famílias ricas que disputavam terras com políticos. Por fim, esses bandos tornaram-se independentes, criando leis próprias e subornando fazendeiros e comandantes da Polícia em troca de proteção. Seus métodos bárbaros incluíam tortura, estupro e morte. Segundo essa tese, o surgimento desses andarilhos coincide com o declínio das culturas de cana-de-açúcar e algodão. O café, no Sudeste, passou a ser o motor da economia brasileira gerando fome, desemprego e falta de perspectivas no agreste. Assim, o Cangaço era uma opção de vida atraente para sertanejos jovens que não tinham trabalho e rendiam-se à promessa de fama e dinheiro fácil. Qualquer semelhança com a história dos "soldados do tráfico de drogas" nos dias atuais não é mera coincidência. Essa era a situação social e política da primeira fase da República. Crime17 anos. Foi com essa idade que Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, começou na criminalidade, depois que matou um protegido do coronel da cidade de Matinha de Água Branca, em Alagoas Reportagem da Revista Realidade de maio de 1968 Agradecimento aos companheiros do Grupo Lampião, Cangaço e Nordeste que forneceram as reportagens de revistas postadas aqui. Valeu, Geziel Moura!

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