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sábado, 31 de outubro de 2020

CABACEIRAS NA ÉPOCA DO CANGAÇO DE QUE E COMO SE ALIMENTAVAM OS CANGACEIROS?

 Texto Noberto Castro

Nos tempos do cangaço, os modos de vidas dos cangaceiros eram muito improvisados. Não haviam muito tempo disponível para as atividades necessárias. Na vida corrida que levavam os foras das leis, não havia alimentação certa. Nem tão pouco local e hora certa pras refeições do dia a dia.

Diferente de nós hoje, socialmente, os cangaceiros que viviam nas caatingas não tinham horário certo de tomar café da manhã, almoçar ou jantar. As vezes nem faziam essas refeições durante o dia. Como já dissemos, suas alimentações eram improvisadas.

Os alimentos do cagaço eram de origens animais e vegetais. Nesse tempo, alguns alimentos naturais podiam ser encontrados e preparados nos ranchos. Dentro das furnas de algumas fazendas de coiteiros eles queimavam gravetos e outras madeiras de fácil combustão. Muitas vezes usavam até o chapéu para abanar o fogo.

Em Cabaceiras da Paraíba, visitamos algumas fazendas onde o bando de Antonio Silvino cavava buraco na terra, ou fazia trampe nas furnas para cozinhar batata doce, macaxeira, milho verde, jerimum feijão de corda... E algumas caças do mato. Mas quando terminava a refeição apagava o fogo. E toda às vezes cobria o local para não deixar pistas para as volantes. Achava que se não fizesse assim, a fumaça se reconstituía e poderia servir de avisos a polícia.

Já em outras regiões o bando de Lampião também costumava fazer fogo em trampes de pedras e preparar alguns alimentos. Depois desmanchava e cobria o local para não deixar rastros.

Na época do cangaço se usavam como utensílios para colocar comidas: as cuias de cabaças, copos de ágata, panelas de barros, vasilhas de queijo do reino, doce e outras mais como de Biscoitos Aimorés. Em meu acervo histórico, em Cabaceiras da Paraíba, ainda guardo alguns objetos desses antigos. Para conduzir água usava o bogó, um objeto revestido com couro que conservava água fresca nas longas caminhadas. O cabaço era mais usado. Cada um tinha o seu.

Os cangaceiros não tinha muito cuidado com a higiene dos alimentos. Não costumavam lavar a comida para se alimentar. Nem tão pouco os objetos que usavam para se alimentar. As vezes comia até um alimento azedo de fermentação.

Nos tempos do cangaço as refeições dos cangaceiros podiam ser em qualquer lugar ou horário do dia ou da noite. Muitas vezes chegavam fora de hora das refeições nas casas dos coiteiros. Coitada da Dona Clementina Meira (Dona Miné), esposa do fazendeiro Severino de Barros Leira, quem o dizia:"-Essas pestes não tem hora pra chegar nas casas dos outros". Algumas vezes era que chegavam nas horas habituais. Livres das perseguições, repousavam com mais traquilidade nas fazendas dos coiteiros. E nesses lugares, a quantidade dos alimentos dependia das condições dos fazendeiros. Depois das refeições descansavam nas sombras das arvores.

Nos dias que os cangaceiros estavam sendo perseguidos não pousavam para se alimentar. Passavam fome e sêde. As vezes andando mesmo, nesses casos passava a mão em seus bornais e mastigavam farinha com carnes de bode seca, raspadura ou queijo para comer às pressas.

A básica alimentação do cangaço era carne seca de bode ou de boi, farinha de mandioca, raspadura, frutos do umbuzeiro, mandacaru, xiquexique, palmas... E caças do mato. Desprovidos de água nas caminhadas da caatinga bebiam os piores tipos.

Mas quando estavam nas fazendas dos coiteiros, a exemplo da Fazenda Bravo de Cabaceiras, do "Tio Ricardinho", como chamava Antonio Silvino, ai tomavam leite nos currais, comiam coalhada, batatas, cuscuz, queijo, xerém, galinhas perus, paçocas...

Na Fazenda Pocinhos de Cabaceiras, do Coronel Graciano da Costa Guimarães, além de todo comida "granfinada", ainda tomavam cachaça e vinho. Comprado no antigo mercada velho, na bodega de Chico Ramos, por Silvino Guimarães, filho do Coronel fazendeiro.

Baseado na obra digital: Cabaceiras na época do cangaço e nas histórias populares narradas pelos mais antigos.

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