Por Zozimo LIMA
Os historiadores de Sergipe, e temos muitos, não conhecem a sua história. Por isso vou, aos poucos, contando muita coisa inédita para que lhes sirva de subsídio.
Vou repetir, ampliando, um acontecimento ocorrido em 1852, no município de Riachuelo, outrora conhecido por PINTOS.
O capitão Gonçalo Rabelo Leite, no dia 6 de agosto daquele ano, no seu engenho Tartaruga, também denominado Cágado, era assassinado, a tiros, dentro de casa, pelos irmãos alagoanos André Cavalcante, Francisco Cavalcante, Manuel Cavalcante e Luiz Cavalcante, todos filhos do major Cavalcante, que morava no Saco do Ribeiro, hoje Ribeirópolis, como criador de gado.
Dizem os jornais da época que o capitão Gonçalo Leite tomara-se de ódio contra o major Cavalcante por questões de terra e gado, precisando, por isso, liquidá-lo.
Chamou, para tal execução, o pistoleiro de nome Monteiro, residente na Serra Redonda, município de Itabaiana, para assassinar o velho Cavalcante, o que foi efetuado no local depois conhecido por Cruz do Cavalcante.
Os filhos da vítima, acima mencionados, vieram a Sergipe hospedando-se no engenho Carvão, de propriedade do tenente-coronel Alexandre Freire do Prado, município de Divina Pastora e, dias depois, a cavalo, invadiram o engenho Tartaruga e mataram o capitão Gonçalo, escapando seu filho, bacharel Francisco Rabelo Leite, que pelos fundos da casa, correu para os canaviais onde se escondera.
Cometido o crime, os irmãos Cavalcante atravessaram o rio São Francisco, passaram por Penedo e foram bater em Pernambuco. A força policial de Sergipe perseguiu-os até o engenho do Sr. Rolemberg, dez léguas acima de Penedo.
Dizia-se que concorrera para tal crime o padre José Mateus da Graça Leite Sampaio, irmão de Gonçalo e seu rancoroso inimigo. O padre era levado do diabo, inimigo da família, até da própria genitora.
O capitão Gonçalo chamava o padre, seu irmão, “Canina do Penha”, e o irmão, padre, José Mateus chamava Gonçalo de “Cascavel do Tartaruga”. Diz o axioma latino fratur irae acerbissimae, que se traduz: “são terríveis os ódios de irmãos.”
O governo da Província, anos atrás, no expediente de 10 de julho de 1855 acusava o recebimento do ofício do chefe de Polícia comunicando que no dia 21 de junho apresentaram-se ao juiz municipal de Itabaiana, para serem recolhidos à prisão, os senhores Manuel Rabelo Leite e João Rabelo Leite, filhos do capitão Gonçalo, ambos pronunciados por tentativa de morte contra o padre José Mateus Leite Sampaio, tio dos réus.
Era assim, na Monarquia, a política de crimes em Sergipe, principalmente entre membros da mesma família.
Os novos historiadores limitam-se a copiar, ipsis-litteris, o que escreveram Felisbelo Freire, Silva Travassos, Lima Junior, Baltazar Góes e Nobre de Lacerda, quando há outras fontes de informações, inclusive a Biblioteca Nacional.
Gazeta de Sergipe – 09.03.1972
Do acervo do pesquisador do cangaço Antônio Corrêa Sobrinho
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste
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