Por José Mendes Pereira
Lógico que eu não tenho nenhum tiquinho de conhecimento sobre economia, e nem tão pouco como caminha o Brasil em relação a valores, porque isso é assunto para economistas e pessoas instruídas em moedas, mas tentando satisfazer aos meus id, ego e superego, percebo que Virgolino Ferreira da Silva, o famoso e sanguinário capitão Lampião, foi um dos cangaceiros que mais prejudicou a economia do nordeste brasileiro.
O afamado cangaceiro conhecido como "rifle de ouro" Antonio Silvino foi o primeiro antes de Lampião, mas não fez tantas estripulias sangrentas quanto fez o vesgo, e nem invasões que ultrapassassem os seus limites como desordeiro do sertão do Brasil. Antonio Silvino usou o seu limite como bandido.
No tempo de Lampião os sertões e as cidades nordestinas viviam preocupados, porque temiam uma possível visita do facínora, e principalmente, quando se tinha notícia que ele e seus comandados estavam em determinada região de um dos sete Estados do nordeste, e aí, sofriam todas as classes sociais, sendo elas: camponeses, fazendeiros, indústrias, comércios, vilas, vilarejos, pequenas cidades, porque eram obrigados a fecharem as suas portas, temendo a visita do marginal e seu grupo a qualquer hora, e com os fechamentos das portas das atividades, a economia despencava de vez, só porque não se fabricava e nem se vendia nada. E assim, o dinheiro deixava de circular no meio da população, tanto sertaneja como das pequenas cidades.
Mas muitas autoridades policiais, judiciárias e municipais tiveram culpas, porque, além de apoiarem o velho guerreiro, algumas delas davam apoio total a grupos de cangaceiros que pertenciam ao próprio Lampião, fazendo com que o poder moral do comandante fosse respeitado nos lugares por onde ele passava. E assim, o capitão fez vítimas causadas por pessoas que o apoiavam, quando deveriam ter evitado tantas mortes praticadas por ele.
Lampião não era um bandido qualquer, e sim, um bandido de fama nacional, e até mesmo internacional; um bandido que causava medo por onde passava. Um bandido dono de uma coleção de astúcias e crimes, e tudo que ele fazia de ruim, era bem calculado para não errar, contrário, seria vítima de si mesmo; e cada crime e astúcia praticados por ele, alguém estaria pronto para ser punido, com boas lapadas de chicotes, morte ou coisas semelhantes, iria ser assassinado com tiros a queima roupa, ou sangrado por punhal. Lampião era uma fera humana que metia medo a quem ficava à sua frente, e incomodava bastante a população sertaneja. Louco aquele que não desejava obedecê-lo, mas sabia que poderia pagar muito caro a sua desobediência na presença de Lampião.
Mas segundo os remanescentes de Lampião, e um deles, o ex-cangaceiro Balão, afirmou que o facínora não castigava ninguém sem motivo. Toda conta que ele cobrava de alguém, de qualquer jeito, tinha sempre a procedência, e uma delas era a covardia. O capitão não sabia de jeito nenhum perdoar a falcidade. E ele estava certo.
Era nele que os seus comandados depositavam confiança. Sem o capitão Lampião à frente no comando de um combate, mesmo sendo um grande grupo de desordeiros, eles se consideravam como formigas sem formigueiro, ou uma colméia sem a sua abelha rainha. Para eles, Lampião era um protetor das suas vidas, muito embora, um Deus do mal, mas era, porque ele tinha as suas amizades com grandes pessoas que eram autoridades, e assim, ele conseguia bem o que queria, e o seu grupo se sentia mais ainda protegido.
Até os homens da lei que o procuravam nas caatingas para eliminá-lo, temiam que o capitão Lampião fizesse uso das suas astúcias e os matassem nas tocaias covardes. Mas a covardia entre perseguidos e perseguidores faz parte de qualquer combatente, seja ele qual for. O desejo de cada um, tanto cangaceiro como volante, é matar, mas não deve esquecer que, o risco que corre o pau, corre o machado. Ninguém está no meio de um combate pensando que é uma guerrilha de brincadeira. E para se salvar dos estilhaços de balas, é ter o cuidado de não se descuidar, porque se facilitar, será uma presa fácil para os inimigos, do contrário, cairá sem vida entre aquela caatinga desprotegida de proteções. Então, é cada um por si e Deus por todos.
Será que o velho cangaceiro nasceu mesmo para ser bandido, ou o destino o fez? Cada um de nós veio ao mundo para cumprir uma missão, e a dele foi mesmo ser bandido, Mas acho que Lampião e seus irmãos nasceram mesmo para fazerem vítimas por onde passavam.
Informação: Estes parágrafos que escrevi são apenas pensamentos meus, e de forma alguma, prejudicarão a literatura lampiônica e nem tão pouco os pesquisadores, escritores e cineastas.
Ninguém é obrigado a concordar comigo, porque discordar faz parte de cada um estudioso do cangaço. E se acha que estou conversando coisa com coisa, tranquilo fico se entrar em oposição, me explicando a razão das minhas falhas sobre o que escrevi, só assim irei aprender mais sobre o cangaço. O estudo cangaceiro é livre para se opinar. Não para informar fatos que não aconteceram.
Jamais ficarei chateado se você leitor, ficar contra as minhas opiniões. Não podemos mentir sobre este tema tão importante, mas cada um de nós é dono do seu raciocínio e opinião que traga a verdade. Opine, caso queira, mesmo discordando da minha.
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