Seguidores

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

O CANGACEIRO SONECA (ASA BRANCA DO CEARÁ)

 Por Samuel de Monteiro

https://www.youtube.com/watch?v=6lmIvHii8Eg&ab_channel=CadeiraPo%C3%A9tica

Antonio da Lima Costa, o Cangaceiro Soneca ( Asa Branca do Ceará) Quem não gosta de ouvir História de cangaceiros? Das caatingas do Nordeste Onde grupos desordeiros Tinham por prioridade Extorquir os fazendeiros Foi na década de quarenta Que o Cangaço prosperou Roubou gado, matou gente Muita fazenda queimou Mas surgiu a novidade Que o povo se admirou Era um grupo diferente De tudo que existia Antônio Lima da Costa Um cangaceiro que havia Por apelido Soneca Pelo tanto que dormia Um bando com muitos homens Em número, era mais de cem Bem armados e atacava Mas não matava ninguém Que fosse gente direita Pois o bando era do bem Antônio Lima da Costa Se tornou mais conhecido Porque seu grupo vivia Correndo atrás de bandido Por isso, dos fazendeiros Tornou-se muito querido Era um tipo, baixo e grosso Moreno, um tanto careca Usava calça de couro Do tipo “pega marreca” Por ser muito dorminhoco Lhe apelidaram Soneca Além de muito valente Tinha ótima pontaria Com cem metros de distância Qualquer alvo ele atingia Só em ouvir o seu nome Um bando rival tremia Uma vez ele pegou Um Grupo de Jesuíno Matou e levou as armas Mas por força do destino Jesuíno não estava Neste combate ferino Tinha ido com outro grupo Saquear uma fazenda Soneca sabendo disto Deu-lhe uma carreira horrenda Jesuíno se apertou Que só cana na moenda Soneca tinha o horário Que o grupo já conhecia O café as sete horas O almoço ao meio-dia Terminada a refeição Onde tivesse, dormia Avisava logo a turma: - Agora vou me deitar Se qualquer cabra do bando Inventar de me acordar Dou-lhe uma surra tão grande Que o couro sai do lugar Um dos cabras perguntou: E se houver precisão? Respondeu: Vocês resolvam! Pegue e mate até o cão Só briga se eu tiver junto, Vocês não são homens não? Certa vez ele pegou O bando de Jararaca Que estava numa fazenda Tinha roubado uma vaca Amarrou de um a um Depois meteu-lhe “a macaca” Dizendo: “cabras safados” Eu não vou matar vocês Vou dar somente uma surra Mas se eu pegar outra vez Roubando por estas bandas O bando paga o que fez O dinheiro que roubaram Deixem tudo para mim As munições e as armas Não digam que sou ruim Bandidos como vocês Só prestam levando fim Deixem os cavalos também Vão embora tudo a pé Deixem mais as alpargatas Saiam queimando o chulé Para ficarem sabendo Soneca velho, quem é! O grupo saiu andando Cada um, de couro quente Das lapadas que levaram Tinha cangaceiro doente Jararaca que era o chefe Saiu correndo na frente Andaram mais de uma légua Sem ninguém olhar pra trás Soneca foi na fazenda Entregou os animais E disse pra o fazendeiro Assim é que o homem faz. Diversas façanhas destas No sertão aconteceu Bahia, Sergipe, Alagoas Ele tudo percorreu Dos cangaceiros rivais Os que enfrentou venceu. Ele dizia: É mais fácil Proteger o cidadão Ficar com dinheiro sujo De cangaceiro ladrão Qualquer dia eu vou pegar O bando de Lampião Em toda fazenda tenho Liberdade pra ficar Comida para meus homens Pasto para alimentar Meus animais e uma rede Prontinha pra me deitar Tenho dinheiro de sobra Arma, munição e joia Cavalo em toda fazenda Nunca gostei de tramoia Só luta a favor do bem Por isso o povo me apoia O dia tem doze horas Tiro oito pra dormir Quatro horas pra brigar Pra quem quiser assistir Desgraçado o cangaceiro Que no meu laço cair Onde eu apontar meu rifle O cangaceiro voraz Vai se despedir do mundo Levar carta a Satanás Com este aí, fazendeiro Não se preocupa mais. Sua fama foi crescendo Por todo aquele sertão Dizia: se eu encontrar O grupo de Lampião Eu vou ensinar a ele Como gastar munição Talvez Lampião sabendo Evitava esta peleja Por que nunca se encontraram Talvez um ditado seja Verdadeiro quando diz “Dois bicudos não se beija” Ou então aquele outro Que diz e que nos conforta Cachorro fica valente Quando vê a onça morta O outro diz, a formiga Conhece a folha que corta Assim viveu muitos anos Antonio lima da Costa O conhecido Soneca Tem gente que ainda aposta Que era no sono, que ele Pra tudo tinha resposta Matou muitos cangaceiros Morreram alguns do seu bando Foi sempre vitorioso O seu grito de comando Parece que ainda hoje Tá no sertão ecoando Depois de velho, Soneca Deixou o oficio seu Despediu todos do bando Uma fortuna lhes deu Com noventa e oito anos Fechou os olhos, morreu Mas antes disse ao seu grupo Vão embora, façam o bem Se querem continuar Não vou proibir ninguém Tratem todos com respeito Pra ter respeito também Há quem diga que Soneca Ajudou a muita gente Lutou ao lado do bem Como um soldado valente Até fazer a partida Pra o outro lado da vida Pra dormir eternamente.

http//blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário