Por Vandilo de Farias Brito Sobrinho
Na edição nº
1153, do jornal O Norte, de 30 de maio de 1912, noticiava os pormenores,
providências e movimentação da força policial para combater grupo de
cangaceiros que invadira Patos e Soledade na Parahyba do Norte.
A força
policial se concentrava em Alagoa do Monteiro, Taperoá e São João do Caririy
OBS: Toda a
transcrição da matéria foi realizada utilizando a ortografia da época.
Eis abaixo a
íntegra da matéria publicada no jornal O Norte, do dia 30 de maio de 1912 sob o
título, “Os cangaceiros depois do saque a cidade de Patos chegam a Soledade”.
Vejamos:
“OS
CANGACEIROS DEPOIS DO SAQUE A CIDADE DE PATOS CHEGAM A SOLEDADE
PORMENORES –
PROVIDÊNCIAS
MOVIMENTO DE
FORÇA
Ainda o
público está vivamente emocionado com as scenas que os cangaceiros praticaram na
cidade de Patos onde saqueiaram tudo o que existia, debaixo de vivas ao coronel
Rêgo Barros e dos mais terríveis insultos as famílias e pessoas do governo.
Depois de
satisfazerem aos seus instinctos e encherem os matulões de dinheiro, joias e
munições e se embriagarem, seguiram destino ignorado, pois o telegrapho de
Patos estava em poder dos assaltantes.
Correram
várias versões sobre o itinerário da malta sedenta de sangue e saciada no
saque, que se proclama patriota e revolucionária, última irrisão lançada a face
da nossa cultura e da nossa civilisação.
As versões
eram contraditorias, porem, hontem, às 12 horas do dia chegou o primeiro
telegramma dizendo que 150 cangaceiros estavam entrando na villa de Soledade
onde é chefe político o coronel Claudino Nóbrega.
O telegramma
dá notícia sem pormenores.
Onde os
restantes cangaceiros que, segundo o dr. Fenelon Nobrega, sobem a 500?
Não se sabe o
paradeiro que tomaram. Picuhy, talvez!
Logo que se
teve conhecimento do ataque a Patos as providências por parte dos dois governos
estadual e federal foram iniciadas.
O capitão
Adolpho Massa com 120 homens da força federal já sahiu de Alagoa do Monteiro
com destino a Taperoá afim de, combinadas as demais forças baterem os
cangaceiros conforme ordens enérgicas e terminantes do general ministro da
guerra cumprindo as determinações do presidente da república de por de uma vez
termo a esses cangaceiros.
A força de
polícia que está em São João do Cariry (160 homens ou mais) aguarda o capitão
Massa para iniciar acção conjunta.
Havendo boatos
de ataque a Campina Grande e mesmo para fazer ali um ponto de operações e
resitencia para aquella cidade seguiram honten 45 praças da 4ª companhia e 20
da polícia sob o commando do tenente do exercito Francisco Salerno.
Essa força
seguiu às 3 horas da tarde, em trem especial composto de 1 carro de 1ª classe e
2 de 2ª vindo do quartel puxada pelo tenente Alfredo Pinto.
Vae armada de
espingarda Mouser levando 32.000 cartuchos para as mesmas.
O trem chegou
hontem à Campina às 8 ½ da noute, sem nenhum accidente encontrando a cidade
calma e em preparativos de resistência.
Em Alagoa
Grande e outros pontos têm sido iniciados os meios de resistência, pois a
primeira dista 20 leguas de Soledade e está na fralda da Borborema onde também
existem patriotas, embora não declarados.
Hoje ou amanhã
deverá chegar a esta capital a 3 companhia isolada de caçadores acantonada em
Natal e sob o commando do capitão dr. Felizardo Toscano de Britto.”
Conforme
percebemos, o tema “cangaço” sempre estava ligado ao tema político-partidário,
denotando uma briga entre classes, e, sobretudo, a desigualdade
sócio-econômico-político que sobrepujava.
Dessa forma,
quando se estuda ou pesquisa história, não obstante o cangaço, devemos levar em
consideração apenas o contexto histórico e cultural na época em que foi vivido.
Sem julgamentos, apenas contextos!
Vandilo de
Farias Brito Sobrinho
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Os cangaceiros
depois do saque a cidade de Patos chegam a Soledade. Jornal O NORTE. Parahyba
do Norte – PB, 30 de maio de 1912. Página 1. Disponível em: http://memoria.bn.br/.../I0002109-7-0-003434-002408...
Acesso em: 29/05/2022
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