Parece que não, mas o reinado mais longevo do Reino Unido chegou ao fim. A morte da Rainha Elizabeth 2ª foi oficialmente comunicada nesta quinta-feira (8). Há 70 anos ocupando o trono, Elizabeth II era soberana de 16 países e, aos 96 anos, o tema sobre que vai assumir seu lugar já aparece nas conversas.
O protocolo inicia com a confirmação da morte da rainha. Assim que for atestada, seu secretário pessoal ligará para o primeiro ministro da Inglaterra em exercício para executar a ‘Operação London Bridge’.
Todos os membros diretos da linha sucessória do trono têm uma operação própria em caso de mortes relativas aos cargos que ocupam.
A de Charles, o herdeiro e príncipe de Gales, se chama "Operação Ponte de Menai".
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O segundo passo é, de forma segura e sigilosa, a comunicação dos outros territórios sobre a morte da soberana. Estes são: Antígua, Barbuda, Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Tuvalu e os países do Reino Unido.
Aos súditos, a morte da rainha será comunicada com a fixação de um comunicado nos portões do Palácio de Buckingham. O texto será curto e estará em um papel timbrado com bordas pretas, que simboliza luto. O anúncio estará emoldurado em um quadro. No momento que os guardas colocarem o comunicado, um anúncio é executado em rádio e TV. Ao mesmo tempo todas as bandeiras dos territórios serão colocadas a meio mastro.
Alguns momentos após a morte de Elizabeth II, um oficial direto da rainha irá se encontrar com o príncipe Charles. Neste momento ele será empossado como rei. Oficialmente, ele se torna o monarca assim que a morte do antecessor é atestada, mas como eles não moram próximos ou no mesmo palácio, esse tipo de notícia é dada pessoalmente sempre que possível.
Em um rápido pronunciamento, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, afirmou que Charles, sucessor ao trono britânico, irá agora se chamar Charles III.
Caso fosse seja um quadro de doença, como aconteceu com o príncipe Philip recentemente, o protocolo previa que Charles assumiria o posto imediatamente.
Dependendo da hora do anúncio da morte, é uma tradição que todo o comércio do Reino Unido feche em respeito. Mas a última vez que isso aconteceu o mundo vivia uma outra época. É interessante lembrar que a última troca de trono foi há 70 anos.
O território nacional recebe o decreto de luto oficial. No dia seguinte ao falecimento, o Rei Charles fará seu primeiro discurso ao povo, em vídeo. E começará uma viagem oficial para encontrar os líderes do Reino Unido e ser apresentado a eles.
Após quatro dias de sua morte, o corpo da rainha deve ser conduzido em uma grande procissão militar do Palácio de Buckingham até a Westminster Hall, que é um salão histórico no Parlamento utilizado apenas para eventos oficias grandiosos, como um velório real.
O corpo ficará neste espaço por mais quatro dias, guardado pelo exército, e será quando a família e amigos poderão se despedir da falecida rainha. Depois disso, os portões do espaço são abertos aos súditos para que eles também possam dar o seu adeus à soberana que os governou por tantos anos. Todo esse ritual pode ser alterado por precauções devido à uma pandemia.
Pelo protocolo oficial o funeral e sepultamento acontecem até 12 dias depois do falecimento. Este dia se torna, no futuro, um feriado no Reino Unido em sinal de respeito ao serviço prestado pela monarca por tantos anos ao povo. Mas a data não é chamada como "feriado" para não remeter à uma festa pela morte.
Essa cerimônia é cheia de simbolismo e o dia é repleto de ações. A bolsa e todas as empresas fecham, ou nem abrem, em respeito ao momento que a nação vive. Às 11h os sinos do Big Ben tocam e todo o Reino Unido faz um voto de silêncio para a procissão do caixão real, que segue do Parlamento para dentro da Abandia de Westminister, que a igreja oficial da realeza.
Todos os convidados, já dentro do local, se inclinam para frente em respeito durante a entrada do caixão que será seguido pelo Rei e os outros filhos da rainha, princesa Anne, principe Andrew, o duque de Iorque e Príncipe Eduard, o conde de Wessex. Além deles, os filhos de Charles que compõem a linha sucessória.
Após o culto de luto, o caixão deixará a Abadia e seguirá para a Capela de São Jorge, seguidos pela procissão real. O local, que é exclusivo para o sepultamento de reis, está adornado em sinal de luto. Estima-se que o corpo de Elizabeth II seja sepultado ao lado do de seu pai, Rei George VI. Este ato encerra a cerimônia de funeral.
Após a morte
Passados os passos da ‘Operação London Bridge’, mudanças substanciais acontecerão no Reino Unido. Primeiro que novas moedas serão impressas com a imagem de Charles e as com a foto de Elizabeth II serão tiradas de circulação.
O hino será alterado pra ‘Deus Salve o Rei’, os passaportes e documentos passam a ser emitidos em nome do Rei, os uniformes dos exércitos são alterados. E é preciso observar com atenção como os países da Commonwealth reagirão à mudança de liderança.
O movimento republicano na Austrália nunca esteve tão forte e, caso eles decidam se separar da Coroa, outros membros também podem se rebelar e enfraquecer como nunca a monarquia mais famosa do mundo.
Coroação do novo Rei
Após um ano da morte da antiga rainha, acontecerá a coroação pública do novo rei. O último evento do tipo aconteceu em 1953 e foi luxuoso. Composta em seis atos, a cerimônia foi um evento que movimentou a capital da Inglaterra por dias.
Mais de 8.251 convidados de 129 países compareceram, o que mobilizou um grande esquema de segurança por conta dos chefes de estado. Também foram credenciados nada menos que 2.500 jornalistas e fotógrafos de cerca de 92 países.
O regente será levado do Castelo de Buckingham à Abadia de Westminister por uma carruagem folhada a ouro. Lá ele se ajoelhará e fará uma oração antes de sentar no trono do Estado. Sua Majestade é ladeado pelo King of Arms Garter, o principal conselheiro do monarca; o arcebispo de Cantuária, o Lord Chancellor, o Lord Great Chamberlain, o Lord High Constable e o Earl Marshal. Eles representam o povo.
Então o Arcebispo inicia o Reconhecimento. “Senhores, eu apresento à vos Charles (ou o nome que ele escolher), o seu rei inquestionável. Portanto todos vocês estão vindo aqui hoje para fazer a sua homenagem e vassalaria, todos estão dispostos a fazer o mesmo?”, com a resposta positiva, se passa ao juramento.
O líder da igreja começa a proclamar o juramento que o rei se compromete a governar cada território respeitando seus costumes, a usar seu posto com justiça e misericórdia, a comandar a igreja protestante perante à lei divina e dos homens. O texto é usado há séculos.
Em seguida seu 'reinado' é ungido, este é o momento mais solene de toda a cerimônia. Sentado em um trono que estará de frente para o altar da Abadia, quatro cavaleiros são encarregados de cobri-lo com algo parecido com um toldo enquanto o arcebispo o unge nas mãos, peito e cabeça. Ele é coberto porque este momento não deve ser assistido pelos súditos por simbolizar sua ligação com Deus.
Depois de ungido, o Rei passará para Investidura. Ele receberá um manto dourado e as joias da coroa: esporas, espada, braceletes, uma orbe e um anel na mão direita. Ele colocará as peças no altar e então receberá o cetro e uma cruz, que deve ser segurada com a mão direita.
Logo em seguida o arcebispo colocará a coroa St. Edward’s no rei. A peça é composta por dois quilos de ouro maciço e diamantes. Neste momento os presentes o saudarão com um ‘Deus Salve o Rei’. Em seguida ele ocupará o trono real enquanto a corte se posiciona ao seu lado.
De pronto começam as homenagens, que é a última parte da cerimônia. O primeiro a falar será o líder da igreja, que iniciará uma sequência de beija mãos dos que prometem honrar e respeitar o monarca. Ao fim, ele vai a uma parte reservada da capela para trocar a capa dourada por uma roxa e a coroa por uma mais leve, a do Estado Imperial. Esta é a que costumamos ver Elizabeth II usando.
Então ele deixa a Abadia em direção ao Palácio de Buckingham a segurando o cetro e o orbe ao som do hino nacional. É nesse momento que ele é oficialmente apresentado aos súditos como Rei e o rito se encerra.
Vale lembrar que a atual linha de sucessão do trono britânico é composta por: 1º príncipe Charles; 2º príncipe William; 3º príncipe George; 4º princesa Charlotte; 5º príncipe Louis e 6º príncipe Harry.
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