Lá nas
paragens de Exu, Pernambuco, quando Gonzaga ainda era menino, queria porque
queria conhecer o Virgolino Ferreira que atingia o Ápice da fama. Acompanhando
o velho Januário, tocador de fole, pelos bailes da região, o futuro sanfoneiro
ia treinando com o instrumento e a música que se traz no sangue.
Todos já
sabiam que Lampião também tocava sanfona de oito baixos. Esse era um dos
ferrenhos motivos pelos quais Luiz queria conhecê-lo, embora tenha dito mais
tarde que Virgolino tocava desafinado e que havia gente no bando que tocava
direito.
A família de
Luiz não queria contato com o bando de Lampião, alegando as atrocidades
cometidas pelo bandido. Pelas pistas escorregadias da entrevista do cantador,
vamos nos situar em 1926.
Quando correu
o boato de que Lampião iria a Juazeiro do Norte, Luiz Gonzaga animou-se uma vez
que Exu era ponto de passagem do cangaceiro. E no segundo boato, quando se
falou na aproximação do marginal, muitas famílias de Exu abandonaram suas casas
e foram se esconder no mato.
Gonzaga
protestava em ficar, mas a mãe não consentiu. Passaram a noite em um
esconderijo da caatinga. No outro dia, na dúvida, a mãe de Gonzaga indagou se
ele tinha coragem de ir até à rua, saber se Lampião já havia passado. Gonzaga
foi. E quando retornou ao esconderijo, veio brincando aos gritos que todos
corressem que Lampião estava chegando. O resultado é que levou uma boa pisa de
todos.
O povo que
havia corrido para passar a noite no mato se arrependeu e voltou. Somente sua
família permaneceu isolada na caatinga. O futuro artista diz que perdeu a única
oportunidade de conhecer Lampião, além de levar a surra.
Tempos na
frente, já no Rio de Janeiro, Gonzaga iniciava a vida com a sanfona e tocando
coisas alheias, em trajes elegantes. Quando começou a tocar em indumentária de
cangaceiro e compondo suas músicas nordestinas, as portas começaram a se abrir.
Assim o Brasil ganhou um dos maiores artistas da história e se fechou para um
possível cangaceiro medíocre do grupo de Lampião.
A música de
Gonzaga fez o Brasil feliz.
Clerisvaldo B.
Chagas, 8 de março de 2018
Crônica 1.857 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
https://www.alagoasnanet.com.br/v3/lampiao-e-luiz-gonzaga/
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