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terça-feira, 20 de junho de 2023

MEMÓRIAS À DISTÂNCIA

Por Chico Mulungu - 07.06.2023


Minha terra tão querida
Tem sombreiro de juá
E tem a fruta amarela
Do frondoso trapiá
Na ribanceira do rio
Que cheio faz-se bravio,
Querendo arrastar jucá.
Eu carrego na lembrança
Canga pés que dei na areia
Desse rio onde brinquei...
E nunca esqueço da cheia
Lambendo o quintal da gente
E eu pulando contente
Na corrente d'água alheia.
Velho Rio Mamanguape
Que assistiu a minha infância!
Guardo com muita ternura
Tais memórias à distância.
Pescarias, brincadeiras,
Os frutos das ingazeiras
Caindo n'água em constância.
Tudo isso me faz lembrar
Do trem Maria Fumaça
Apitando, fumegando
Na ponte, cheia de graça
Ao partir da estação
Num leva e traz de emoção
Que movimentava a praça.
Doce infância que não volta,
Mas que guardo na memória
Como sendo bons retalhos,
Recortes da minha história
De tanta dificuldade
Mas cumprida em liberdade.
Me orgulha tal trajetória!
Mas o que me deixa triste
É ver o meu rio passar
Hoje, todo assoreado
Por poluição sem par...
Sendo vítima do descaso
Coletando esgoto, raso,
Engasgado a vomitar.
Chico Mulungu

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