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sábado, 30 de março de 2024

SINHÔ PEREIRA, UM RESUMO DA HISTÓRIA

Por Beto Rueda

Influência política e posse de terras eram os principais pontos de conflito entre famílias tradicionais e colonizadoras na região do Pajeú do sertão nordestino.

Oriundo de um importante clã do semiárido, descendente de Andrelino Pereira da Silva o Barão de Pajeú, Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), nasceu em Vila Bela Pernambuco(hoje Serra Talhada), no dia 20 de janeiro de 1896. Filho de Manoel Pereira da Silva e Constância Pereira da Silva.

Durante um longo período, os Pereira estavam envolvidos em disputas acirradas com outros grupos políticos e econômicos da região, em especial a família Carvalho. Esses conflitos desencadearam em uma série de assassinatos e desmandos. Algumas dessas mortes, em especial a do irmão de Sebastião, Né Pereira, fizeram com que ele e o primo Luiz Padre fossem atrás de vingança contra a impunidade, pelo cangaço, em 1916.

Sinhô Pereira formou um grupo que costumava atuar principalmente em Pernambuco. Rapidamente ganhou destaque na atuação em batalhas, por sua coragem e habilidades de guerrilha.

Mesmo com fama de justiceiro, Sebastião não se sentia bem à margem da lei. Isso o levou a se afastar do cangaço por um tempo, em 1918, e buscar uma vida comum. Aconselhado por parentes e com uma carta de recomendação do padre Cícero para um trabalho no Maranhão, sua intenção era refazer a vida em Goiás. Partiu do Barro, Ceará, onde morava, com o primo Luiz Padre e mais seis homens de confiança. No Piauí, nas imediações de Caracol, foi perseguido pelo tenente Zeca Rubens. Sem conseguir reagir pois as armas estavam guardadas nas malas, escapou de ser preso. Na confusão, os dois primos resolveram se separar. Luis Padre e mais dois companheiros atingiram o Estado de Goiás. Sinhô Pereira sem conseguir atravessar, perseguido novamente e perdendo o companheiro Caracol, enfurecido, resolveu voltar para Pernambuco.

Estabelecido novamente na sua terra natal, reuniu o grupo com 23 cabras e voltou a agir como antigamente.

Os Ferreira(Antônio, Levino, Virgolino) e Antônio Rosa, procuraram Sinhô Pereira e se incorporaram ao bando. Foi um assombro, praticaram muitas ações juntos. Sinhô ficou impressionado com a inteligência e o espírito de liderança de Virgolino.

Acossado por todos os lados, arquitetou e determinou a execução de uma última empreitada na Paraíba: o ataque ao povoado de Jericó em Catolé do Rocha e o assalto a três coronéis: Valdevino Lobo(fazenda Dois Riachos) Adolfo Maia(Curralinho) e Rochael Maia(Arruda). Roubaram muito dinheiro e ouro.

Em 08 de agosto 1922, Sinhô Pereira decidiu abandonar definitivamente a vida errante do cangaço. Acompanhado dos cangaceiros Vicente e Lavandeira partiu para Dianópolis (na época em Goiás, hoje Tocantins). Seu primo Luiz Padre o esperava. O grupo composto por Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Gato, Elias, Antônio Rosa, Meia Noite, Coqueiro, Plínio, Bem te Vi, Patrício, Raimundo, Agostinho, João Genoveva, Pedrão, Zé Dedé, José Melão, Laurindo, João Mariano, Antônio Mariano, tinha um novo comandante: Virgolino Ferreira, o Lampião. Apagava-se uma fogueira e acendia-se outra.

Muitos anos a frente, estabeleceu morada em Minas Gerais: Patos de Minas, Mata dos Fernandes e Lagoa Grande. Trabalhava nessa época como farmacêutico e atendia pelo nome de Chico Maranhão.

Depois de muitas histórias em terras do cerrado e montanhas, Sinhô Pereira retornou ao Pajeú somente em junho de 1971, para visitar os familiares em Serra Talhada.

Faleceu de causas naturais no dia 21 de agosto de 1979, no distrito de Lagoa Grande, município de Presidente Olegário, aos 83 anos.

Terminava ali a jornada do velho cangaceiro que um dia foi o comandante de Lampião.

REFERÊNCIAS:

MACEDO, Nertan. Sinhô Pereira: o comandante de Lampião. 2.ed. Rio de janeiro: Renes, 1980.

SOUZA, Anildomá Willans de. Nas pegadas de Lampião. Serra Talhada: Esdras Graphic, 2004.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de; ARAÚJO, Carlos Elydio Corrêa de. Lampião: herói ou bandido? São Paulo: Claridade, 2009.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: segredos e confidências do tempo do cangaço. 3.ed. São Paulo: Traço, 2011.

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