Por Daniele Cardoso.
Pesquisa feita
pelo Historiador Valdir José Nogueira de Moura
Sobre esse
fato publicou o Jornal do Recife, ed. 93, p.4, de 22/4/1924:
“De Vila Bela
– Ninguém seria capaz de avaliar a surpresa e a sensação causadas à população
vilabelense pelo grande acontecimento que ora empolga o sertão…
Narremos o
fato:
No dia 17 do
p. p. o major Theophanes Torres, acompanhado de 19 praças, partiu desta cidade
com destino a Belmonte, de onde pretendia sair em diligência para diversos
pontos.
Chegando
naquela cidade soube que diversos grupos de cangaceiros estavam em “Lagoa
Vieira” deste município, lugar muito conhecido – como centro de operações
banditinas, por conseguinte foco dos bandidos; então em Belmonte o dito oficial
aumentou a sua força com 14 praças do respectivo destacamento daquela cidade, e
seguiu sem perda de tempo em direção aquele local onde se encontravam os
cangaceiros.
Solícito e
valente como sempre, o destemido oficial, querendo zelar o seu nome, aliás já
feito e conhecido entre nós mas uma questão de sã moral do que por vaidade ou
fantasia tinha em mira o cumprimento do dever, isto é, ardia em desejos de
brigar com o famigerado Lampião, foi assim que no dia 23 do mês aludido, o
intrépido comandante das forças volantes sustentou renhido combate com Lampião
e seus sequazes.
Veja também: Vale Gás: Atualize seu cadastro único e evite negativa
Os principais
fatos de Serra Talhada e região no Farol de Notícias pelo Instagram (clique aqui)
A operação foi
realizada no mesmo caminho de “Lagoa Vieira” pelo espaço de uns 25 minutos mais
ou menos, resultando saírem feridos gravemente um tal “Maçarico” e Lampião, e o
cavalo em que este último cavalgava fora morto no combate.
Esse tal
“Maçarico” é um cangaceiro terrível, dizem que ele é o factótum do Lampião.
Após a luta os bandidos fugiram espavoridos pelo serrado da caatinga deixando
entre outros objetos, um bornal muito enfeitado contendo 360 balas de rifle.
Mas confiante
na ação e no valor que seus soldados demonstraram por ocasião da luta, o major
Theophanes não desanimou com a fuga dos facínoras ao contrário, seguiu-lhes ao
encalço, perseguindo-os continuadamente até as proximidades do lugar Barro,
servindo-lhe de guia a pista do sangue que os bandoleiros iam deixando pelos
caminhos ora por dentro, ora por fora da caatinga.
Veja também: Neurocientista alerta sobre as 3 bebidas que fazem sua pele parecer mais velha
Receba as
manchetes do Farol de Notícias em primeira mão pelo WhatsApp (clique aqui)
Quando ele ia
chegando no lugar Barro que dista uma légua de “Lagoa Vieira” e doze desta
cidade, caiu numa emboscada onde sustentou novo tiroteio contra os malfeitores,
saindo feridos gravemente o anspeçada Manoel Amaro de Souza e o soldado Manoel
Gomes de Sá, e levemente o soldado João Demétrio Soares.
Calcule o
público as numerosas dificuldades com que lutou o major Theophanes na luta da
emboscada em que foram feridos os seus soldados, em que afinal os bandidos
apavorados com a energia dos mesmos e a tenacidade do oficial tiveram de fugir
novamente, tornando-se impossível continuar a perseguição em vista das faltas
de recursos, já para tratar dos feridos, já para transportá-los
convenientemente a esta cidade.
Assim, sob as
vistas cuidadosas do distinto oficial os feridos foram transportados para aqui.
E tudo isto foi suportado numa caminhada de 12 léguas com resignação, coragem e
valor incontestáveis.
O mais
interessante de todo esse feito é que, o major Theophanes só viera a saber que
tinha combatido com Lampião depois de toda a luta, porque uma mulher residente
no Barro, lhe afirmara ter visto passarem correndo dos fugitivos Lampião,
Maçarico e Meia-Noite e outros todos conhecidos da informante.
Veja também: Homem é esfaqueado durante briga em bar
Portanto
parabéns ao major Theophanes e aos seus valentes soldados.”
Detalhes sobre
a foto e seus personagens
Foto: O major
Teófanes Ferraz Torres ao lado do dr. Euríco de Souza Leão (de branco), chefe
de polícia ao sertão de Pernambuco, em visita à cidade de Belmonte em janeiro
de 1928, quando da inspeção ao Sertão pernambucano. De pé, o tenente volante
Arlindo Rocha. O major Teófanes era considerado uma verdadeira lenda no seio da
corporação em que atuava. O mesmo havia se notabilizado pela prisão do famoso
cangaceiro Antônio Silvino no ano de 1914.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário