Acervo de Jaozin Jaaozinn
Em 14 de
outubro de 1930, os pacatos sergipanos de Aquidabã/SE, estes que nunca feriram
ou ameaçaram a vida de Virgolino, sentiram da mais fina e dolorosa dor dos
impiedosos asseclas do Rei do Cangaço.
Por possíveis
ajustes de contas, o grupo, composto por cerca de 18 bandoleiros, acaba
atacando o povoado Cajueiro no mesmo dia, de manhãzinha, aprisionando o
proprietário da fazenda Pai Joaquim, o Sr. José Custódio de Oliveira, popular
Zé do Papel, tomando a quantia de 850$000, além de joias, roupas e objetos de
uso. No vira meche na casa do fazendeiro, descobrem dez balas de rifle; Lampião
pergunta-lhe sobre a arma, Zé responde que emprestou para o Dr. Juarez
Figueiredo, juiz de Aquidabã. Virgulino, ao saber disso, pensa que Juarez
pedira o rifle para resistir ao bando, fazendo com que Lampião seguisse direto
para a cidade.
Levam Zé do
Papel como guia da cidade, escoltado por Lampião, Volta Seca e Moderno. Ao
chegarem no local, na boca da noite, ocorre o ataque: enquanto José estava ao
lado dos três bandoleiros, os demais seguiam em direção para as casas dos
moradores, tomando, surrando e torturando aquele que passasse em sua frente.
Não encontram Juarez em sua casa, porém, naquele momento, se encontrava um
amigo do mesmo, Sr. Xavier dos Monte, que, possivelmente, levou uma surra dos
cangaceiros. Com cipó de boi, ou bolo (a famosa palmatória) ou então com seus
punhais, invadiam as moradas, botando medo e cicatrizes em quem fosse.
A exemplo do
lar de José Xavier, fazendeiro e negociante local, que lhe meteram bolos e mais
bolos para que o dito indicasse o dinheiro, tomando mais e mais por negar
entregar. Sua mulher, Dona Celina? Entrou também no rolo; a cada ofensa dita
por ela contra os bandoleiros, mais apanhava por sua "mal criação".
Aos que conseguiram fugir em direção ao mato, foram somente com a roupa do
corpo, e aos que ficaram, foram testemunhas das mais horrendas mortes e
humilhações.
Naquele
furdunço e terror, aparece Souza de Manoel do Norte, um rapaz que sofria com
problemas mentais e que recebera o "carinhoso" apelido de
Abestalhado, enfrentando os bandoleiros com seu inofensivo canivete que cortava
fumo. Ao verem isso, ordenam que acabem com o infeliz, incumbido o temível Zé
Baiano para o trabalho.
O Pantera
Negra com seu longo punhal contra Manoel e sua faca de marinheiro. E é claro, o
mata rapidamente, por sua costumeira matança de guerra, a golpes fortes. No
final, a sangue frio, Zé Baiano abre a barriga do Abestalhado, utilizando da
gordura presente de seu adversário para lubrificar as suas armas.
Já em outra
casa, do velho morador Aurélio, agricultor, fora recebido pela tenebrosa visita
de Moderno e Volta Seca, querendo o dinheiro do homem. Nega-lhes nitidamente o
dinheiro, onde, como punição, Virgínio bate-lhe com o cabo do punhal, enquanto
Antônio dos Santos "pepina-o".
Virgolino
teria tomado seis contos de Antônio Teodoro dos Santos, e, pensando que este
teria mais, acaba torturando e dizendo que iria picota-lo se não entregasse o
restante do dinheiro. Depois de tal tortura, Lampião percebe que dali não
encontraria nada realmente, poupando o velho da morte, jogando ainda um pouco
de conhaque na cabeça de Antônio para amenizar a dor.
Nos finais da
triste passagem, Zé do Papel tem sua orelha arrancada a mando de Lampião; seu
irmão, Antônio Custódio, quando veio acudi-lo, também acaba tendo o mesmo
destino; e ainda mais outro, o roceiro Eduardo Melo, além de ser espancado a
coice de fuzil por Zé Baiano, perde uma das orelhas, morrendo alguns meses
depois.
Após essas
atrocidades grotescas, o bando segue para Capela/SE, onde, no caminho, faziam
mais e mais vítimas.
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