Como era alto
- tinha 2,18 m - e, na época, acreditava-se que homens com canelas finas
gerariam filhos do sexo masculino, foi escolhido para se deitar com as escravas
e gerar mais mão de obra.
Também cuidava
dos cavalos e era responsável pelo transporte de correspondência entre a
fazenda e a cidade.
Segundo a
neta, foi como 'correio' que ele conheceu a esposa. "Ele ia buscar as
cartas em São Carlos e, quando passava, via uma moça magrinha, barrendo,
barrendo", contou Madalena.
Um dia, ele
pediu a mão da moça e, com o "sim", colocou a jovem na garupa e rumou
para a fazenda. Foi celebrado o casamento e Roque ganhou dos patrões 20
alqueires de terra. Depois de gerar mais de 200 filhos na senzala, era hora de
formar a própria família com Palmira, com quem teve mais nove crianças.
Multitarefa
Sem arame para
cercar todo o terreno, Pata Seca acabou perdendo grande parte da propriedade.
Para sustentar a família, fazia canecas e assadeiras com lata, criava galinhas,
plantava abobrinha e mandioca e preparava rapaduras. Depois, saía para vender
os ovos, utensílios e doces por fazendas da região.
"Ele
tinha um cavalinho e, como era muito grande, arrastava os pés no chão. Falavam
que ele ia acabar matando o animal e ele dizia que não, que era o ganha pão
dele", afirmou Madalena.
Amigo de
Roque, Marcílio Corrêa Bueno, de 88 anos, se lembra dessa época. "Eu
morava na fazenda Grande e, nesse tempo em que eu morei lá, ele ia vender ovo,
frango, rapadura. Fazia uma rapadura! De coco, abóbora, mamão, leite,
cidra...".
"Se dava
com todo mundo, meu pai se dava muito com ele", lembrou o aposentado,
recordando ainda que Pata Seca era religioso e costumava realizar festas no
sítio em homenagem a São João, sempre recebendo bem os convidados.
Memórias
Madalena
também guarda memórias do convívio com o avô e não esconde o orgulho ao falar dele.De pequena, lembra-se de Roque sempre de camisa branca
e postura ereta.
Conta que Pata
Seca fazia questão de varrer todos os dias a parte ao redor da casa do sítio,
cercada por mangueiras, e que o café era preparado por tio Zé. Roque sempre
comia fubá mexido na panela com banha de porco e café preto, e levava o café
para Palmira, que ficou cega depois de complicações em um dos partos. Já no
almoço, costumava comer arroz e feijão com torresmo ou frango.
Para dormir,
deitava-se em uma cama de tarimba com colchão de palha de milho. Para os netos,
foi dessa cama que caiu o prego que feriu o pé do avô. "Pegou bicheira.
Usaram o remédio da senzala - fumo, urina e álcool - e uma moça cuidava, mas
ela viajou para Rio Preto e ele piorou", disse Madalena.
Internado na
Santa Casa de São Carlos, Roque morreu em fevereiro de 1958, apenas três meses
depois de participar do desfile de aniversário da cidade como o homem mais
velho do município.
Fatos curiosos
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