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domingo, 18 de março de 2012

IHGB: Instituto criado para construir uma História do Brasil

Fundado em 1838 com forte vínculo ao Estado, IHGB inicia o século XXI com abertura à produção universitária.

Mais antiga instituição cultural do país, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro nunca deixou de funcionar desde que foi fundado, em 1838, por um grupo de 27 intelectuais que pretendiam construir uma História do Brasil num país recém-independente. Assim, apesar de já ter nascido como um órgão privado, o instituto foi criado com um forte vínculo com o Estado, já que se propunha a consolidar uma ideia de nação brasileira. Com a proclamação da República em 1889, o IHGB passou a ser visto como um órgão atrasado, identificado com a monarquia, mas sobreviveu ao tempo. Ao longo do século XX, já garantida a unidade nacional, passou a acolher uma pluralidade maior de pensamento, sobretudo nas últimas duas décadas. 

— O instituto tem o peso da tradição — reconhece Arno Wehling, presidente do IHGB desde 1996, e reeleito esta semana para mais dois anos no cargo. — Quando foi criado, seu objetivo prático era colher documentação para que se escrevesse uma História do Brasil, numa época em que três províncias queriam se separar. Após os anos 1870, passou a haver uma preocupação maior com a formação da sociedade brasileira. 

Professor universitário, Wehling afirma que o movimento de abertura para o pensamento produzido nas universidades é recente, até porque a profissionalização da História e das Ciências Sociais só se deu a partir dos anos 1930 no Brasil. O IHGB ainda tem sócios como eclesiásticos e militares, mas a proporção de acadêmicos é cada vez maior, sobretudo de historiadores — são 40 titulares e 20 eméritos, com direito a voto, 60 correspondentes brasileiros e 60 estrangeiros (brasilianistas), além de sócios honorários. Ainda assim, ressalta ele, o instituto é aberto a pesquisadores de outras formações, sem necessariamente um perfil universitário. 

No acervo do IHGB, aberto ao público, estão a Coleção Thereza Christina, com parte da biblioteca particular de dom Pedro II; a Coleção Roberto Macedo, uma bibliografia sobre o Rio; e a Coleção Martius, com livros raros do século XVI ao XIX. O IHGB publica a “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro” (trimestral) desde 1839 e organiza colóquios — os próximos serão o seminário Brasil-Itália (dias 27, 28 e 29), e outro pelos cem anos da morte do Barão do Rio Branco, com o Itamaraty (em maio).

As parcerias são fundamentais para a organização dos eventos, já que o IHGB é uma entidade privada sem fins lucrativos. Seus recursos provêm do aluguel de oito dos 13 andares do edifício onde está sediado, na Glória. O prédio foi inaugurado em 1972 pelo general Emílio Garrastazu Médici, então presidente da República. Nesse período da ditadura, diz o historiador Marco Morel, voltou a haver uma desconfiança, que hoje se dissipa, em relação ao instituto.

— Houve durante algum tempo uma desconfiança recíproca entre historiadores do instituto e da universidade, sobretudo naquela época. Agora ele está se abrindo para pesquisadores universitários, procurando um equilíbrio com o conservadorismo — diz Morel. 

Sócia honorária desde 2007, a historiadora Isabel Lustosa elogia a aproximação das universidades e as atividades que estimulam a produção de conhecimento, como os encontros da Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas (Cephas), abertos a pesquisadores de fora. 

— Há um compromisso cada vez maior de diálogo com a academia, de entendimento de que o mundo intelectual é uma espécie de sociedade, com pluralidade de visões — afirma Isabel.


Fonte: http://oglobo.globo.com/

Um comentário:

  1. Olha eu aqui, com mais um post para enriquecer com cultura e conhecimento o blogdomendesemendes. Valeu amigo! Abraços e um ótimo domingo!

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