Por: Hélio Pólvora
Focos de
banditismo espocavam à farta na América Latina. O fenômeno do cangaço somente é
brasileiro nas peculiaridades, guarda- roupa e cenografia. A neta de Lampião,
Vera Ferreira, empenha-se em preservar a memória do avô e, alheia ao fato de
ter sido ele malfeitor cruel ou justiceiro, cria o Museu do Cangaço com
depoimentos, objetos e imagens — algo capaz de montar e sugerir um roteiro mais
fiel do que a miscelânea de verdade e lenda.
Teria Lampião cometido todas as barbaridades que lhe imputam?, ela pergunta, e com razão. Histórias cruéis se sucedem. Exemplos: a esposa de um proprietário rural, de resguardo de um parto, em Simão Dias, foi estuprada e veio a falecer. A fazenda Aurora, invadida em ato de vingança, virou pó: casa-grande, curral e cercas queimadas, 40 vacas abatidas. A um potentado, trancou-lhe os testículos numa gaveta e foi-se com a chave, às risadas, deixando-lhe uma quicé afiada ao alcance da mão. Acusam-no de queimar o rosto de mulheres com ferro em brasa; de decepar orelhas e línguas; de arrancar olhos.
Há outras facetas do rei do cangaço: o que ia ao cinema em Capela, Pernambuco, com Maria Bonita, para um seriado americano de que gostava, e filmes de amor. Viram uns dez. Saíam antes do fim, se este não fosse feliz, amoroso. O que tinha o hábito de ler as revistas Fon-Fon, Noite Ilustrada e O Cruzeiro, e inspirar-se em poses fotográficas de Greta Garbo e Rodolfo Valentino, além de figurinos, que discutia com Maria Bonita. O letrista de canções regionalistas. O sanfoneiro. Aquele que trescalava perfume Fleur d´Amour, arriscando- se a que o farejassem mais rápido na caatinga. O apreciador do uísque White Horse. O que não se desfazia de máquina de costura Singer. O que se adornava de ouro roubado às madames e coronéis.
Esses pormenores levam certos intérpretes a vislumbrar e até mesmo ressaltar um vez o feminino no cangaço, porventura incitados pela moda atual de inclusão ampla de homossexuais, de quase pregação do homossexualismo e suas variantes.
É fato — o acervo fotográfico atesta-o em parte — que os vaidosos cangaceiros usavam brincos e colares, enchiam os dedos de anéis, tinham lenços de seda importados. Os de Lampião traziam bordadas as iniciais CVFL (Capitão Virgulino Ferreira Lampião). O capitão do cangaço tolerava a mancebia, os afrescalhados, consentia de bom grado que um cabra lhe fizesse cafuné. Assim diz Daniel Lins, autor de tese de doutorado sobre Lampião, na Sorbonne. Nega- lhe, paradoxalmente, a condição de gay. Não seria de estranhar se afirmasse. Até Jesus Cristo já foi recrutado. O historiador Frederico Pernambuco de Melo ameniza sugestões de tal ordem. A seu ver, o cangaço antecipou no Brasil a onda feminista: pela primeira vez, acentua ele, homens dividiam com mulheres os serviços caseiros; pela vez primeira as saias subiam acima dos joelhos e o machismo cedia terreno.
Teria Lampião cometido todas as barbaridades que lhe imputam?, ela pergunta, e com razão. Histórias cruéis se sucedem. Exemplos: a esposa de um proprietário rural, de resguardo de um parto, em Simão Dias, foi estuprada e veio a falecer. A fazenda Aurora, invadida em ato de vingança, virou pó: casa-grande, curral e cercas queimadas, 40 vacas abatidas. A um potentado, trancou-lhe os testículos numa gaveta e foi-se com a chave, às risadas, deixando-lhe uma quicé afiada ao alcance da mão. Acusam-no de queimar o rosto de mulheres com ferro em brasa; de decepar orelhas e línguas; de arrancar olhos.
Há outras facetas do rei do cangaço: o que ia ao cinema em Capela, Pernambuco, com Maria Bonita, para um seriado americano de que gostava, e filmes de amor. Viram uns dez. Saíam antes do fim, se este não fosse feliz, amoroso. O que tinha o hábito de ler as revistas Fon-Fon, Noite Ilustrada e O Cruzeiro, e inspirar-se em poses fotográficas de Greta Garbo e Rodolfo Valentino, além de figurinos, que discutia com Maria Bonita. O letrista de canções regionalistas. O sanfoneiro. Aquele que trescalava perfume Fleur d´Amour, arriscando- se a que o farejassem mais rápido na caatinga. O apreciador do uísque White Horse. O que não se desfazia de máquina de costura Singer. O que se adornava de ouro roubado às madames e coronéis.
Esses pormenores levam certos intérpretes a vislumbrar e até mesmo ressaltar um vez o feminino no cangaço, porventura incitados pela moda atual de inclusão ampla de homossexuais, de quase pregação do homossexualismo e suas variantes.
É fato — o acervo fotográfico atesta-o em parte — que os vaidosos cangaceiros usavam brincos e colares, enchiam os dedos de anéis, tinham lenços de seda importados. Os de Lampião traziam bordadas as iniciais CVFL (Capitão Virgulino Ferreira Lampião). O capitão do cangaço tolerava a mancebia, os afrescalhados, consentia de bom grado que um cabra lhe fizesse cafuné. Assim diz Daniel Lins, autor de tese de doutorado sobre Lampião, na Sorbonne. Nega- lhe, paradoxalmente, a condição de gay. Não seria de estranhar se afirmasse. Até Jesus Cristo já foi recrutado. O historiador Frederico Pernambuco de Melo ameniza sugestões de tal ordem. A seu ver, o cangaço antecipou no Brasil a onda feminista: pela primeira vez, acentua ele, homens dividiam com mulheres os serviços caseiros; pela vez primeira as saias subiam acima dos joelhos e o machismo cedia terreno.
http://www.vidaslusofonas.pt/lampiao.htm
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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