Material do acervo do pesquisador do cangaço Antonio Corrêa Sobrinho
Março de 1929,
quando Lampião inicia sua estada em Sergipe, o pequeno território que terminou
se constituindo no seu reduto menos intranquilo e menos inseguro.
Antonio Corrê Sobrinho
ARACAJU, 19
(A.B.) – O jornal denominado “O Paulistano”, que se edita na vila de S. Paulo,
na Serra do Capitão, publicou curiosa entrevista com o Sr. Alexandre Barreto,
suplente de juiz municipal daquele termo, sobre a recente invasão do território
sergipano pelo bando de Lampião.
Segundo as informações do senhor Barreto, os bandidos marcharam até o povoado Carira. Ali Lampião e os seus cangaceiros que o acompanhavam foram hospedar-se na casa do próprio delegado de polícia. Havia em Carira um destacamento policial composto de seis praças. Essa força da milícia estadual nem um momento pensou em causar o menor incômodo aos bandoleiros. Ao contrário, quatro soldados abandonaram apavoradas a localidade quando dela se aproximava Lampião, ficando apenas dois a guarnecer o quartel. Esses dois soldados restantes receberam de boa mente bebidas e charutos oferecidos pelos bandidos.
Lampião foi pessoalmente ao quartel da força de polícia, e lá fez amistosos elogios aos dois policiais que permaneceram nos seus postos... Entrementes, Lampião explicava que o seu desejo era conhecer todo o estado de Sergipe.
Outras notas curiosas foram fornecidas ao “Paulistano” pelo senhor Alexandre Barreto. Assim durante a visita de Lampião a Carira, o povo em geral o acompanhava a qualquer local aonde se dirigia o famoso salteador.
Comentando o fato, o “Diário da Manhã”, desta capital, diz que quem leu a entrevista do Sr. Barreto notou o tom de cordialidade e intimidade que envolveu a visita de Lampião a Carira, não tendo mesmo faltado o respeito ao princípio de hospitalidade.
O GLOBO -
19/03/1929
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