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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SEU OSÉAS: TEM PUXA?

Por Clerisvaldo B. Chagas, 08 de agosto de 2016 - Crônica 1.557

Da feira não gostava, mas amava os seus produtos. Afinal, quem do sertão nordestino rejeita um “tijolo” de jaca, de raiz de imbuzeiro, uma broa macia ou o quebra-queixo com amendoim e castanha? Pode também ser um bolo de mandioca ou a malvada morosilha. Mas lá no Ginásio Santana não havia nada disso, somente na feira do sábado, camarada. Perto do Ginásio havia sim, a bodega de Seu Oséas na esquina do Bairro Monumento. 

Foto: (Cozinnhanatureb)

E entre uma licença ou outra do Curso de Admissão, vamos nós à esquina do homem que vendia puxa. A puxa nada mais era de que um doce comprido, torcido e enrolado em papel manteiga. Por um lado parecia um macarrão, cuja espessura não chegava a um dedo mínimo. Não era doce demais e ligava nos dentes que era uma beleza. E assim, na falta das guloseimas da feira, a bodega fazia a felicidade da meninada.

Tem puxa, seu Oséas?

Ora, após tanto tempo fui descobrir numa banca em Maceió, a tal da puxa santanense. Estava lá, bem no cantinho do tabuleiro, para minha incredulidade. Rodeei a banca, rodeei a mulher e, com vergonha de estar enganado apontei com o dedo perguntando o que era aquilo. A lembrança trazia a voz suave do homem da bodega, a marca de uma meia lua na face e um bigode caprichado.

Na banca, era o mesmo o produto suspeito, igual nomenclatura, mas não sei afirmar sobre o sabor. De repente me vi indagando ao bodegueiro educado de Santana:

- Seu Oséas, tem puxa?

A sua resposta lembro claramente. Mas havia seu sogro que às vezes despachava também. Agastado, nervoso, puxando uma perna, talvez não desse resposta igual ao titular. Como vivia sempre a remoer a situação do país, imagino uma resposta nunca dita, mas...
- Seu Artur, tem puxa!

- Puxa mesmo, acabou, mas tem ladrão feito à peste!


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