Por Clerisvaldo B.
Chagas, 08 de agosto de 2016 - Crônica 1.557
Da feira não
gostava, mas amava os seus produtos. Afinal, quem do sertão nordestino rejeita
um “tijolo” de jaca, de raiz de imbuzeiro, uma broa macia ou o quebra-queixo
com amendoim e castanha? Pode também ser um bolo de mandioca ou a malvada
morosilha. Mas lá no Ginásio Santana não havia nada disso, somente na feira do
sábado, camarada. Perto do Ginásio havia sim, a bodega de Seu Oséas na esquina
do Bairro Monumento.
Foto:
(Cozinnhanatureb)
E entre uma licença ou outra do Curso de Admissão, vamos
nós à esquina do homem que vendia puxa. A puxa nada mais era de que um doce
comprido, torcido e enrolado em papel manteiga. Por um lado parecia um
macarrão, cuja espessura não chegava a um dedo mínimo. Não era doce demais e
ligava nos dentes que era uma beleza. E assim, na falta das guloseimas da
feira, a bodega fazia a felicidade da meninada.
Tem puxa, seu
Oséas?
Ora, após
tanto tempo fui descobrir numa banca em Maceió, a tal da puxa santanense.
Estava lá, bem no cantinho do tabuleiro, para minha incredulidade. Rodeei a
banca, rodeei a mulher e, com vergonha de estar enganado apontei com o dedo
perguntando o que era aquilo. A lembrança trazia a voz suave do homem da
bodega, a marca de uma meia lua na face e um bigode caprichado.
Na banca, era
o mesmo o produto suspeito, igual nomenclatura, mas não sei afirmar sobre o
sabor. De repente me vi indagando ao bodegueiro educado de Santana:
- Seu Oséas,
tem puxa?
A sua resposta
lembro claramente. Mas havia seu sogro que às vezes despachava também.
Agastado, nervoso, puxando uma perna, talvez não desse resposta igual ao
titular. Como vivia sempre a remoer a situação do país, imagino uma resposta
nunca dita, mas...
- Seu Artur,
tem puxa!
- Puxa mesmo,
acabou, mas tem ladrão feito à peste!
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