Por Stélio Torquato Lima
Qual a criança que nunca assistiu ou escutou a narrativa da
menina de gorro vermelho enganada e devorada pelo lobo malvado? Esse conto é
tão antigo quanto a própria arte de contar histórias. Chapeuzinho Vermelho foi
narrativa da oralidade, foi história impressa em livros coloridos, foi
narrativas em discos de vinil colorido nos anos 70, foi desenho animado, filme
e agora é cordel. A Cordelaria Flor da Serra publica, de autoria de Stélio
Torquato Lima com capa de Eduardo Azevedo, Chapeuzinho Vermelho em cordel.
Chapeuzinho Vermelho é um conto de fadas clássico de origem europeia do século
XIV. Foi publicado pela primeira vez pelo francês Charles Perrault (1628-1703),
sendo incluída no livro Contos da Mamãe Gansa (1697). Nessa versão, não há
final feliz, sendo a jovem devorada pelo lobo. Seu objetivo com a narrativa era
alertar as mulheres para perceberem os avanços de maus pretendentes e
sedutores. A versão mais conhecida do conto, no entanto, é a dos irmãos Grimm,
de 1812. Na interpretação que Bruno Bettelheim (1903-1990) faz da narrativa em
A Psicanálise dos Contos de Fadas, o psicólogo austríaco chama a atenção para a
condição do conto como metáfora do despertar sexual da criança. Daí a
importância de duas figuras masculinas: o lenhador (que representa o pai
protetor) e o lobo (representante do sedutor perigoso). O autor também chama
atenção para a metáfora dos dois caminhos: o do prazer (representado pelo
caminho de flores) e o da disciplina (representado pelo caminho apontado pela
mãe, o qual leva à casa da vovó).
Agora, que você já tem essas informações sobre o conto leia trechos iniciais do
cordel de Stélio Torquato e para ler a obra completa solicite seu exemplar pelo
Email cordelariaflordaserra@gmail.com ou
pelo WhatsApp (085) 999569091. Enviamos pelo Correio.
Acompanhe, meu amigo,
Um conto da Carochinha
Sobre um lobo que engoliu
Uma inocente vovozinha
Só por que deu confiança
Ao lobo de fala mansa
Uma ingênua garotinha.
De Chapeuzinho Vermelho
Era chamada a menina,
Pois uma veste dessa cor
Sempre usava a pequenina,
Sendo este um belo vestido
Com um capuz nele embutido,
Uma veste bela e fina.
Como adorava essa roupa,
Co’a tal veste sempre estava.
Ainda que lhe pedissem,
A roupa nunca trocava.
Sendo desobediente,
Pra conselho de sua gente
Ouvidos ela não dava.
Como usava o seu capuz
E a rubra roupa vestia,
Ela ganhou o apelido
De uma adorável tia.
Do apelido ela gostava
E, por isso, o acatava
Com extremada alegria.
Tudo ia bem. Entretanto,
À mãe dela recebeu
Uma carta que informava
Algo que a entristeceu:
A sua avó, de repente,
Tinha ficado doente.
Foi isso o que aconteceu.
No interior da floresta
É que morava a vovó.
Quando o esposo faleceu,
Ela ali ficara só.
E agora, adoentada,
A vovozinha, coitada,
Sofria que dava dó.
A mamãe de Chapeuzinho
Em um cesto colocou
Comida para a velhinha
Que adoentada ficou.
Canja, frutas, um docinho,
Geleia e também bolinho:
Tudo no cesto botou.
Logo a senhora pediu
Que sua filhinha levasse
A comida preparada
Pra que a vovó melhorasse.
Então disse a Chapeuzinho
Qual seria o bom caminho
Pra que o lobo ela evitasse:
“Querida preste atenção
No que agora eu lhe digo:
Siga por este caminho
Para não correr perigo.
E com nada se embarace,
Pois lobo da pior classe
Aqui perto tem abrigo.”
Após dar esse conselho,
Despediu-se a mãe da filha.
Chapeuzinho, no início,
Foi tomando a boa trilha,
Pois pensava: “Caminhando
Por aqui, vou evitando
De cair numa armadilha.”
E assim foi caminhando
Sem qualquer perturbação.
Ia vendo as borboletas
Que encantavam sua visão.
Muito alegre caminhava.
De vez em quando cantava
Esta singela canção:
“Vou por essa estrada afora,
Caminhando bem sozinha,
E na cesta levo doces
Para a minha vovozinha.
Meu rumo é longo e deserto,
E pode estar muito perto
O lobo da rota minha.”
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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