Por Kiko Monteiro
ARTE FÊNIX DESIGN BY CARLOS HENRIQUE
Magro, alto, elegante, todo vestido de azul-celeste, lá está o coronel Mané Neto. Se não fosse aquele Taurus 38, cano médio, na cintura, ele poderia ser definido como um velhinho simpático e indefeso.
Indefeso, jamais: quando me aproximei dele, um tanto bruscamente, brecando o caro a poucos metro a mão (fina, delicada) do coronel ameaçou puxar o Taurus da cartucheira. Mas um grito...
– “É jornal, coronel! e do jornal!”
Guardou os reflexos do coronel para outra ocasião. Mas ele ainda desconfiou:
- Abra a porta do carro, meu filho. Vamos, desça, venha cá. Devagar.
A voz é pausada suavíssima e quase uma sonata. Vamos manter o simpático na definição do coronel. Ou melhor: vamos chamá-lo de encantador. Mesmo quando ele, escudando-se em desculpas gentilíssimas, diz que não vai falar de homens sangrados, cabeças cortadas, atrocidades de um modo em gera.l Não ele não vai falar de jeito nenhum sobre a fama dele: o mais feroz e destemido caçador de cangaceiros de que já se ouviu falar. A opinião - de ex-cangaceiros e policiais da época - é unânime. O próprio Lampião dizia dele:
“Se os macacos vier sem Mané Neto é como se não fosse nada”
Ou:
“Se Mané Neto chegou procurem salvar metade da vida que a outra já foi”.
Os cangaceiros sobreviventes chegam a fazer caretas quando se toca no nome desta gentil criatura. Segundo eles, Mané Neto jamais poupou a população civil que, supostamente não lhe queria dar a direção de Lampião. Os colegas de Mané Neto elogiam a sua bravura, sem cair em detalhes.
Kiko MonteiroMonteiro
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