Por Adelmo
José dos Santos, escritor e poeta serratalhadense
A festa de
setembro de 1991 em Serra Talhada tinha tudo para ser apenas mais uma festa
como tantas outras, se não fosse o “Plebiscito da Estátua De Lampião” que
provocou uma grande agitação na cidade. As pessoas eram entrevistadas pela Rede
Globo que estava fazendo a cobertura do plebiscito juntamente com a “Revista
Veja”. Nas entrevista,s as pessoas opinavam dando a sua explicação. Uns diziam
que eram contra a colocação da estátua na praça principal da cidade, outros
diziam que eram a favor, também tinha aqueles que ficavam em cima do muro, com
medo de dar a sua opinião.
A notícia se
espalhou Brasil afora, se esparramou mundo adentro, e Lampião com mais de meio
século da sua morte ainda continuava aceso, sendo um marco na historia do povo
sertanejo. 53 anos após a morte de Lampião, Serra Talhada estigmatizada como um
território violento, preparava-se para se transformar em um polo de turismo e
lazer do estado, explorando de forma racional a imagem de um filho famoso e
controverso: Lampião. O lendário cangaceiro, comandante das caatingas na década
de 30. Em setembro de 1991, Serra Talhada preparou um plebiscito para julgar
pelo voto direto e secreto se na condição de herói, Lampião mereceria uma
estátua na praça principal da cidade.
O deputado
Federal Inocêncio Oliveira escreveu o texto que iria ocupar a parte frontal da
estátua: “Virgolino Ferreira da Silva, Lampião, vítima de uma época, escravo do
subdesenvolvimento, filho das caatingas. Homenagem dos seus conterrâneos” Mas
abaixo, por questões políticas, o deputado conferiu ao texto um outro tom,
dando uma no cravo e outra na ferradura: “O contraste entre o bem e o mal é
necessário, para que você, mostrando o mal, dignifique e glorifique o bem”.
A celeuma em
torno da estátua foi estimulada propositadamente pela Casa da Cultura e teve
como objetivo final apenas explorar turisticamente o privilégio da cidade ser a
terra natal de Lampião. E assim como tantos foras da lei, Lampião foi
desenterrado pelos moradores de Serra Talhada, um rico polo regional de comercio
a 415 Km do Recife, para reforçar argumentos na mais folclórica celeuma em que
a cidade já se meteu.
Literalmente
divididos, os moradores discutiam se colocariam ou não uma estátua de Lampião
na praça principal da cidade. Isso seria definido no plebiscito que iria
acontecer no dia 7 de setembro, data consagrada à padroeira do município, Nossa
Senhora da Penha. Sob a bênção da santa, da prefeitura municipal, e até mesmo
da justiça eleitoral que deveria ceder as urnas e permitir o uso dos títulos
eleitorais. O plebiscito teve como resultado a vitória do “SIM” com 72% de
aprovação da proposta que considerava Lampião como um herói popular. O
resultado gerou tanta celeuma que a proposta de erguer uma estátua de Lampião
na praça pública ficou apenas no papel.
O importante é
que Lampião acabou entrando na história, divulgando o nome de Serra Talhada em
todo mundo, através da literatura, do cinema e da música. O plebiscito
aconteceu com a vitória “SIM”, mas prevaleceu o “NÃO”. Lampião foi enganado,
desviaram a sua história, e a estátua, que foi conquistada no plebiscito,
acabou como mais uma promessa de político, não foi feita até agora.
Página do José João Sousa
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