Jornalista Vera Moreno
O crescimento
do mercado brasileiro de coaching foi de mais de 300% em um período de quatro
anos (2012-2016), segundo a International Coach Federation (ICF). Empresas de
recrutamento apontam, que neste ano de 2018, profissões ligadas ao
desenvolvimento humano estarão em alta.
De acordo com
a International Stress Management Association (ISMA), 72% das pessoas estão
insatisfeitas com seus trabalhos. No que diz respeito aos relacionamentos, o
Brasil nunca teve tantos divórcios desde 1984, são quase 300 mil separações por
ano. Isso mostra um descontentamento atual com as relações pessoais. Um forte
mercado para o Coaching.
A rápida
expansão no Brasil da profissão de Coach merece uma atenção especial
principalmente das instituições formadoras. Será que o Coaching já está a
exigir uma regulamentação ou uma acreditação institucional que estabeleça
regras comuns? Quem faz estes questionamentos é a Dra. Rijarda Aristóteles,
Presidente do Instituto de Inteligência Emocional Feminina e autora da primeira
Metodologia em Coaching Feminino – Caminho das Estrelas.
Nesta
entrevista, a Doutoranda em História e Internacionalista especialista na
Construção de Cenários, fala da história do Coaching e do futuro da profissão,
tema do seu novo livro “Uma Breve História por trás do Coaching”.
Dra. Rijarda,
o que a leva a crer que a profissão de Coach está passando por um momento de
autoavaliação?
Este momento é
o que eu chamo da Terceira Viragem do Coaching.Espaço de tempo relativo à
adequação aos paradigmas e às demandas, natural em qualquer profissão.
Identifico como um reposicionamento do papel do Coach e das instituições
certificadoras. A proliferação de muitos cursos rápidos e, em alguns casos, sem
critérios de ensino e prática,temprovocado uma reação dissonante entre
qualidade x quantidade. O Coaching não é mágica, não é milagre, não é
autoajuda, não é terapia. Coaching é um sistema composto por teoria e
ferramentas, apresentado e facilitado por um profissional que deve ser
altamente capacitado para que o cliente atinja seus objetivos de vida, por meio
da mudança de crenças. É um processo com início e fim, baseado fortemente em
resultados concretos e visíveis. É simples e menos glamouroso do que alguns
Coaches insistem em comunicar. O Coaching necessita que seus profissionais sejam
qualificados e tenham formação acadêmica, para corresponder ao status que
lhe conferido pelos resultados. Para ser um profissional qualificado prever-se
um alto grau de investimento em conhecimento e autoaplicação. O mercado é um
ótimo regulador, porém já não é o suficiente.
Conhecer a
raiz da profissão é importante para ser um bom profissional?
Conhecer a
história é o primeiro passo para o tratar ético da profissão. E o Coaching tem
uma história rica e como resultado do cruzamento de várias disciplinas. Embora
se concentre no hiato de tempo entre o presente e o futuro, é importante que o
profissional se sinta ligado a uma produção de conhecimento que valoriza sua
profissão. O Coach não é semi deus ativo, mentor ou terapeuta. É um
profissional que tem por prerrogativa ser um condutor da Alta Performance para
o seu Coachee.
Fica claro em
seu novo livro “Uma Breve História por Trás do Coaching”, o pensamento de que a
Psicologia e o Coaching são áreas complementares e distintas. Como isso se dá
de forma a um processo trazer benefícios ao outro?
O acesso
instantâneo e fácil das comunicações, estabelece novos paradigmas e
necessidades de respostas mais rápidas, desenvolvendo uma dinâmica própria.
Produtos e serviços tendem a se adaptarem aos novos modelos alterando formas de
acesso e de respostas. O modelo da busca de soluções centradas na patologia, no
sofrimento ou no passado pessoal, sofreu um revés. Hoje busca-se respostas mais
rápidas, positivas e de bem-estar. O Coaching emergente, adicionando práticas complementares
de outros campos, e sem o constrangimento das práticas clínicas tradicionais,
torna-se mais interativo, resolutivo, rápido e orientado para os resultados
satisfatórios do cliente, aparece como a solução. O Coaching,
inclui uma referência explícita aos valores da Psicologia Humanista, de
Carl Rogers, da década de 1940/50,que encontra-se de certo modo, com a
Positiva, de Martin Seligman, final da década de 1990, por exemplo. Coaching e
áreas da Psicologia continuam a conviver o que reflete um aumento ao nível do
interesse em ambas disciplinas ou área de trabalho, em usar algumas abordagens
mais ligadas ao campos psicológicos e de Coaching, principalmente na terapia
breve. Por outro lado, exige-se uma clarificação dos papéis e das atuações dos
profissionais, em suas áreas. Os Psicólogos estiveram presentes no início
do caminho do Coaching, quando foram criadas e sistematizadas as teorias e os
modelos e continuam como parceiros especiais na jornada dos Coaches, nas
adaptações e no desenvolvimento de novos modelos e ferramentas. Enquanto ambos
– terapeutas e treinadores – entenderem os limites dos papéis, poderão
potencializarem-se nas disciplinas e campos de atuação.
O Coaching não
possui regulação acadêmica. É possível mudar isso? De que forma a não
regulamentação pode afetar o futuro da profissão?
É possível e
necessária a passagem para o próximo nível do Coaching. Ao conhecer,
compreender e valorizar a história originária do Coaching, devemos todos –
instituições formadoras, Coaches e mercado - haver uma responsabilidade. Nas
formações, por exemplo, isso deverá ser evidenciado, como disciplina para que
o/a aluno/a conheça a história da profissão e deste modo ressalte a não
banalidade do processo e se reconheça quem foi fundamental nesta construção. Os
clientes, por sua vez, devem reconhecer a Congruência do Coach. O “Faça o que
eu faço” é muito mais eficaz do que “faça o que eu digo”. O desafio para
essa mudança requer do Coaching a humildade para colocar-se como parte
integrante de outras disciplinas e de outras práticas, para responder às
exigências de distinção de um mercado, ainda em crescimento, sem perder a sua
originalidade e eficiência.Os fatores internos são as chaves para o crescimento
ou declínio do Coaching. O modelo de difusão e de inovação, servirá para
acompanhar as mudanças internas no Coaching ao longo do tempo. O importante é
manter o foco 100% no cliente/Coachee e baixar o ego do Coach, colocá-lo, de
fato, como coadjuvante no processo. Talvez como resultado desta Viragem Histórica
do Coaching devamos criar um protocolo único de diretrizes básicas para a
profissão. Quem sabe o Coaching no Brasil não esteja robustecido para se
autorregulamentar por meio de um órgão único, com critérios coletivos e
unificados, que possa zelar pela profissão, pelos profissionais e pelos
clientes? No meu livro eu apresento uma ideia melhor detalhada sobre esta
questão. Acredito sinceramente no presente e no futuro do Coaching.
Considerações
finais
“Quanto mais
formação e Conhecimento Consciente deste processo, mais coadjuvante nós nos
tornamos. O bom treinador é aquele que se autoaplica o treinamento, com
resultados comprovados e mensuráveis. O Coaching é um campo de conhecimento que
EXIGE prática. Talvez esta seja a mais recente viragem histórica do Coaching:
ao olhar para seu passado reconhecer-se como importante e como um simples
“processo” de congruência entre o SER e o TER, com a autoaplicação por
quem ministra ou conduz.É importante abraçar uma definição de Coaching que
valorize a ética e os bons propósitos ou valores de vida, onde o processo de
atendimento seja de aprendizagem mútuo, que promova a autoconsciência como
caminho para o conhecimento consciente e estratégico. No Coaching Feminino
Caminho das Estrelas, esta é uma prerrogativa. Se você abraça outra definição,
procure trazer para ela a base formadora dos Valores de Vida”.
Trecho do
livro Uma Breve História por trás do Coaching – o que você precisa saber
para amar a sua profissão - Instituto de Inteligência Emocional Feminina.
Jornalista
Vera Moreno
MTE JP 2282/CE
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