Por José Mendes Pereira
Maria Bonita e Lampião. Colorizada pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio. - http://blogdomendesemendes.blogspot.com/…/fazendo-parte-da-…
Maria Gomes de
Oliveira a Maria Bonita como já é do conhecimento de todos nasceu no dia 8 de
março de 1911, no município de Paulo Afonso, no Estado da Bahia. Viveu sua
infância e adolescência no sítio dos pais.
Primeiro esposo de Maria Bonita José Miguel da Silva o Zé de Neném-https://tokdehistoria.com.br/2017/05/12/19165/
Aos quinze anos casou-se com o
sapateiro José de Neném (segundo alguns pesquisadores ela era prima do Zé de
Neném), e não estando satisfeita com o matrimônio abandonou o seu cônjuge de
uma vez por toda, e decidiu acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei
Lampião, para fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde
permaneceu até a sua morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota do
Angico, no Estado de Sergipe.
O cangaceiro Volta Seca. Antônio Alves de Souza nasceu em Saco Torto -Malhador-SE, 13 de março de 1918 e faleceu, de causas naturais, no dia 02 de fevereiro de 1997, na cidade de Pirapitinga, no Estado de Minas Gerias. - http://www.famososquepartiram.com/2017/02/volta-seca.html
Em 1973, o
Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses Setembro e Outubro publicou
uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos o cangaceiro Volta Seca,
afirmando ele que, quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de cangaceiros,
já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos asseclas.
O encontro da
futura cangaceira com Lampião se deu quando, certo dia o bando havia se
hospedado na Malhada da Caiçara-BA, e lá, chegou uma senhora conhecida por
Maria Déia, afirmando ser a mãe de Maria (a futura Maria Bonita), e foi de
encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo.
D. Maria Joaquina Conceição Oliveira - Dona Déa Mãe de Maria
Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira. - http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2016/03/a-homenagem-do-grupo-oficio-das.html
Lampião se sentindo orgulhoso disse-lhe que para ela o conhecer não havia
dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria
Déia, perguntou-lhe:
- E onde ela
mora, dona sinhora?
- Ela é casada
e mora lá em Santa Brígida.
Lampião
interessado para conhecê-la, disse-lhe:
- Ontonce
chame a moça. Eu istou aqui cum us meus cabra inté a mâiã , e num cumunique
maiz a ninguém da mina presença nessi lugar. Somente cumunique a ela, sua
fia...
Dona Maria
Déia querendo que a filha o conhecesse já que era um dos desejos dela, mandou
um dos filhos chamá-la em sua residência. E ao chegar, mãe e filha dirigiram-se
à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem, os dois ficaram
palestrando.
Maria desejou
acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que não tinha
futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira e não era engraçado
levá-la para uma vida que não tinha tranqüilidade. E lá, o sofrimento era
constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida, mas
não gostava.
Disse-lhe
ainda que muitas vezes eles passavam dias sem se banharem, e não era justo uma
mulher tão linda quanto ela, levar a vida sem se banhar. Ainda a aconselhou que
ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus para viverem a
vida até que a morte os separassem. A vida de cangaceiro não era mar de rosas,
nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia desprezado por Deus e
por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais nada. Ele ainda alegou que não
era um homem da sociedade. Mas ela insistiu tanto, que, certo dia, findou
Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para as caatingas, sendo ela a
primeira cangaceira brasileira.
Minhas
Inquietações
O que disse
Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi
bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:
O jornalista
do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:
- Ela atirava
também?
E ele o
respondeu:
- Atirava! Eu
queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu
conheço por aqui. Estava mais satisfeito.
Guilherme Alves dos Santos (Balão II) era baiano de Paulo Afonso. Faleceu aos 82 anos, no dia 13 de Junho de 1992 na cidade de Itaquaquecetuba no estado de São Paulo, onde residia com sua família. -http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/…/balao-cabra-do…
A resposta de
Volta Seca contraria o que disse o cangaceiro Balão em novembro de 1973 à
Revista Realidade. Veja: “Maria
Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”.
O cangaceiro
Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada,
Maria Bonita ou a pistola mauser?
Na minha
opinião, eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que
ela participou do movimento social dos cangaceiros, porque quem atira, está
sujeito matar alguém. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o
olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita
entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do
homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.
Em tudo que eu
tenho lido sobre o cangaço ainda não encontrei algo escrito por algum autor de
livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era
perversa. Exceto um depoimento do pai de Maria Bonita o José Felipe, afirmando
que ela era tão má quanto o próprio Lampião.
Veja neste
site:
https://tokdehistoria.com.br/2017/05/12/19165/ - Em
seguida leia este outro trabalho: - https://tokdehistoria.com.br/…/familiares-narram-a-imprens…/.
Mas o certo é
que, nenhum cangaceiro que conviveu com Maria Bonita, que eu saiba, nunca
afirmou que Maria Bonita era isso que o seu pai falou. Ao contrário, diziam que
ela era uma pessoa excelente, e até proseava com alguns cangaceiros do seu
bando. Todos a respeitavam, mesmo diante de prosas. Quando se referiam a ela,
chamavam de dona Maria do Capitão. E quando falavam diretamente com ela,
chamavam de dona Maria.
Mesmo eu
discordando algumas respostas do cangaceiro Balão na entrevista que ele cedeu à
Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para
acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada. Eu acredito que
o cangaceiro Volta Seca enfeitou um pouco as suas respostas ao repórter do
jornal "O Pasquim".
Embora não
tenha se casado oficialmente com Lampião, mas Maria Bonita é considerada a sua
primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.
Fontes de
Pesquisas:
Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 - Setembro/Outubro de 1973
Revista Realidade - 1973.
Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 - Setembro/Outubro de 1973
Revista Realidade - 1973.
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