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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

COMO É POSSÍVEL O FALSO TER CONTEÚDO CAPAZ DE JUSTIFICATIVAS DE UMA VERDADE?

Por Verluce Ferraz e Marco Ferraz

Este não é um assunto estático e surgiu de uma série de estudos e pesquisas, acesas pelas muitas reflexões sobre a natureza do ciclo do Cangaço nordestino para uma comparação com a Tropicália. O Cangaço e a Tropicália em tempos diferentes, justificados pela falta de ética e moral . Assim, considero que seria uma introdução ao tema porque o assunto Cangaço já foi debatido por centenas de pessoas; mesmo que os fatos acontecidos no Cangaço já dista em quase um século; a Tropicália pouco mais que meio século. No entanto, falando primeiramente do cangaço, considero este como sendo um pagamento parcial e simbólico para resgatar a história dos soldados das Volantes que obedeciam às Leis do Estado. Lembrar que muitas vidas foram ceifadas pelos cangaceiros, transgressores das Leis para atender seus desejos sádicos. Os cangaceiros procuravam desconstruir valores morais começando por justificar idéias de defesa contra proprietários de terras, de bens imóveis e semoventes. Os cangaceiros não se sujeitavam às Leis e Normas fundamentais contidas na nossa Carta Magna que tratam do direito de propriedade privada. Mas, se de modo algum o leitor deste concordar com as nossas idéias, pondera-se que as submetam as mais rigorosas investigações do que foi e o que representou o cangaço na vida dos nordestinos. Vamos contar com leitores que sejam também bastante informados sobre a História, para que tracemos um paralelo sobre Cangaço e Tropicália. O título deste texto veio de Marco Ferraz, e eu me propus concordar com ele na elaboração deste, e de comum acordo traçarmos um paralelo entre Cangaço/Tropicália. 


Os Cangaceiros tratavam os proprietários de terras como um mal e para eles, tinha o significado de força que infligiam sofrimento e dor aos menos abastados. E assim se formou uma teoria que objetiva adequar as condutas dos cangaceiros aos maus tratos e a falta de opção de sobrevivência entre proprietários de terras; por isso cangaceiros tinham que combaterem as desigualdades existentes. 

Vamos apontar algumas convergências entre Cangaço e Tropicalismo. Sabendo-se que o Cangaço não tinha quaisquer ideologias político/religiosa. A Tropicália é considerada um Movimento. Os Tropicalistas parecem comungar algumas idéias com os cangaceiros. Ambos acreditam que algumas normas são moralmente falíveis e não as aceitam conforme aqueles padrões pelos quais elas podem ser propriamente adotadas. A Tropicália pregou uma visão realista e libertária, ou seja, fugir do jugo e das amarras socioculturais, quebrar tabus, transgredir todas as regras criando assim a regra de não ter regras. Inconscientemente, na década de 30, Lampião por fim quebrava paradigmas. Quando Lampião arregimentava pessoal para ‘o grupo’ em uma condição social similar a própria; transgressores, criminosos, foragidos, ousados e potencialmente submissos consolidando assim a formação de um grupo harmonioso. Criava um movimento. Surge assim um prenúncio de que algum movimento, décadas depois se compusesse de alguns elementos análogos.


A mente de Lampião tinha seus trópicos. Ele era o próprio movimento. Como a lei da física revela, o corpo tende a ficar parado quando não é exercida nenhuma força sobre ele. Regia seu grupo com segurança e planejamentos infalíveis. 


O que há em comum entre os grupos nômades hippies, tuaregues e o Cangaço? A desobediência às leis ou normas socioculturais, compensação de valores, inversão de valores, desprezo pela Instituição propriedade e desrespeito aos atributos da propriedade alheia, sob a alegação de mútuo compartilhamento e permanente. 


O tropicalista enxergava em Lampião uma bondade inexistente resultando em atribuição heroica. Em nosso tempo verificamos nos grupos tropicalistas um pacifismo que conta com as armas alheias como consta no livro O Príncipe, de Maquiavel. A atitude do pacifista consiste em culpar o guerreiro e atribuir a ele a ganância e a maldade. Inexistindo o guerreiro, será conhecida apenas a paz tão pregada, porém, restará apenas o pacifista, a paz e inércia do pacifista pois ele não terá porque lutar.

Mais detalhes no livro: Dos Mitologemas na mortalidade do passado lampiônico...

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