Por Verluce
Ferraz e Marco Ferraz
Este não é um
assunto estático e surgiu de uma série de estudos e pesquisas, acesas pelas
muitas reflexões sobre a natureza do ciclo do Cangaço nordestino para uma
comparação com a Tropicália. O Cangaço e a Tropicália em tempos diferentes,
justificados pela falta de ética e moral . Assim, considero que seria uma
introdução ao tema porque o assunto Cangaço já foi debatido por centenas de
pessoas; mesmo que os fatos acontecidos no Cangaço já dista em quase um século;
a Tropicália pouco mais que meio século. No entanto, falando primeiramente do
cangaço, considero este como sendo um pagamento parcial e simbólico para
resgatar a história dos soldados das Volantes que obedeciam às Leis do Estado.
Lembrar que muitas vidas foram ceifadas pelos cangaceiros, transgressores das
Leis para atender seus desejos sádicos. Os cangaceiros procuravam desconstruir
valores morais começando por justificar idéias de defesa contra proprietários
de terras, de bens imóveis e semoventes. Os cangaceiros não se sujeitavam às
Leis e Normas fundamentais contidas na nossa Carta Magna que tratam do direito
de propriedade privada. Mas, se de modo algum o leitor deste concordar com as nossas
idéias, pondera-se que as submetam as mais rigorosas investigações do que foi e
o que representou o cangaço na vida dos nordestinos. Vamos contar com leitores
que sejam também bastante informados sobre a História, para que tracemos um
paralelo sobre Cangaço e Tropicália. O título deste texto veio de Marco Ferraz,
e eu me propus concordar com ele na elaboração deste, e de comum acordo
traçarmos um paralelo entre Cangaço/Tropicália.
Os Cangaceiros tratavam os proprietários de terras como um mal e para eles,
tinha o significado de força que infligiam sofrimento e dor aos menos
abastados. E assim se formou uma teoria que objetiva adequar as condutas dos
cangaceiros aos maus tratos e a falta de opção de sobrevivência entre
proprietários de terras; por isso cangaceiros tinham que combaterem as
desigualdades existentes.
Vamos apontar algumas convergências entre Cangaço e Tropicalismo. Sabendo-se que o Cangaço não tinha quaisquer ideologias político/religiosa. A Tropicália é considerada um Movimento. Os Tropicalistas parecem comungar algumas idéias com os cangaceiros. Ambos acreditam que algumas normas são moralmente falíveis e não as aceitam conforme aqueles padrões pelos quais elas podem ser propriamente adotadas. A Tropicália pregou uma visão realista e libertária, ou seja, fugir do jugo e das amarras socioculturais, quebrar tabus, transgredir todas as regras criando assim a regra de não ter regras. Inconscientemente, na década de 30, Lampião por fim quebrava paradigmas. Quando Lampião arregimentava pessoal para ‘o grupo’ em uma condição social similar a própria; transgressores, criminosos, foragidos, ousados e potencialmente submissos consolidando assim a formação de um grupo harmonioso. Criava um movimento. Surge assim um prenúncio de que algum movimento, décadas depois se compusesse de alguns elementos análogos.
A mente de Lampião tinha seus trópicos. Ele era o próprio movimento. Como a lei
da física revela, o corpo tende a ficar parado quando não é exercida nenhuma
força sobre ele. Regia seu grupo com segurança e planejamentos
infalíveis.
O que há em comum entre os grupos nômades hippies, tuaregues e o Cangaço? A
desobediência às leis ou normas socioculturais, compensação de valores,
inversão de valores, desprezo pela Instituição propriedade e desrespeito aos
atributos da propriedade alheia, sob a alegação de mútuo compartilhamento e
permanente.
O tropicalista enxergava em Lampião uma bondade inexistente resultando em
atribuição heroica. Em nosso tempo verificamos nos grupos tropicalistas um
pacifismo que conta com as armas alheias como consta no livro O Príncipe, de
Maquiavel. A atitude do pacifista consiste em culpar o guerreiro e atribuir a
ele a ganância e a maldade. Inexistindo o guerreiro, será conhecida apenas a
paz tão pregada, porém, restará apenas o pacifista, a paz e inércia do
pacifista pois ele não terá porque lutar.
Mais detalhes
no livro: Dos Mitologemas na mortalidade do passado lampiônico...
https://www.facebook.com/groups/374700339699870/?multi_permalinks=482712558898647¬if_id=1537562991436332¬if_t=group_activity
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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