Por Sálvio
Siqueira
Naquele tempo,
época do cangaço, a força, a brutalidade empregada nas vítimas muito das vezes
tinha outro significado além de só maltratar.
Sabedores do
que ocorreu com outra pessoa na região em que moravam, as pessoas temiam e só
havia duas saídas, ou iriam embora, aí era bastante difícil devido as condições
financeiras, transportes e etc., restava então permanecerem e acatarem o que
fosse determinado pelos cangaceiros ou volantes, as vezes espontaneamente e, na
maioria, debaixo de cacete.
No início do
cangaço lampiônico os governadores dos Estados da Região Nordeste por onde
agiam tentaram, e muito, acabarem com aquela bandidagem rural. Eram muitos os
grupos que agiam em diferentes regiões, municípios e estados. Havia em torno de
42 grupos, ou mais, além do comandado por Virgolino entre os anos de 1922 há
1927/28 nos sertões de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Ceará.
Soldados foram enviados das capitais dos Estados com a missão de combaterem os bandos criminosos. Para começar, um soldado formado dentro de um Quartel na Zona da Mata, Agreste ou mesmo nas Capitais, jamais saberiam como movimentarem-se dentro da Mata Branca em busca de bandoleiros. A própria caatinga tornava-se sua maior inimiga, pois, quem não a conhece, não a respeita, e não a respeitando era morte na certa por fome e sede.
Na continuação
dos dias, meses e anos sem ocorrer o resultado esperado, os governos resolveram
colocar homens da mesma estirpe, coragem e que foram forjados pelo mesmo clima,
brutalidade e rigidez que eram os cangaceiros. Homens sertanejos que sabiam
moverem-se tão bem quanto os cangaceiros, pois conheciam suas veredas, sua
fauna e flora, a utilizando como sobrevivência. Outra coisa a mudar foi à
vestimenta das tropas. Principalmente os calçados. Pés de soldados dentro de coturnos
de couro sem ventilação causaram muitas baixas nas fileiras. Cangaceiros usavam
alpercatas “Xô – Boi”, as quais foram também usadas pelos volantes a partir do
momento em que foram contratados homens sertanejos.
Pois bem.
Tanto nas fileiras do cangaço quanto nas fileiras das volantes que existiram
homens malvados, cruéis, vingativos e sanguinários. Alguns que correram para o
cangaço, fizeram em busca de sobreviverem, se vingarem ou mesmo atrás de
aventuras, cobre, suor e sangue pela sua índole. Esses mesmos conceitos são
vistos naqueles que participaram do fenômeno vestindo a farda da segurança de
algum estado. Aí a coisa engrossava mais devido ter a “proteção”, serem
acobertados por a mesma. Vaqueiros, camponeses, agricultores, moradores,
tangerinos e outros foram todos suspeitos de serem colaboradores de
cangaceiros. Assim sendo, a “macaca” desceu em seus lombos sem dó nem piedade.
Às vezes, debaixo de muito cacete o cabra dizia o que sabia, às vezes, não
havia como dizer, pois não eram colaboradores dos cangaceiros.
Abaixo veremos
mais um espetacular trabalho em vídeo do pesquisador Aderbal
Nogueira sobre a vida dos cangaceiros e volantes durante a longa
guerrilha nos rincões sertanejos. Desta feita ele tem a participação da
jornalista Vânia
Galceran que faz a entrevista com o ex-tenente Pompeu Aristides de
Moura. Ele é tido como aquele que matou o cangaceiro Moderno, Virgínio, cunhado
de Lampião.
A história da
adesão de Pompeu a Força Pública de Pernambuco é bastante interessante. Antes
de entrar para a volante, Pompeu, vendo e estando presente em uma das tantas
passagens dos cangaceiros onde morava, pediu para fazer parte do bando, ou
seja, ser também um cangaceiro. Segundo o próprio, não foi aceito pela estatura
e idade, coisa que para a Força não foi problema. Moura relata que naquele
tempo não havia outra opção a não ser, ser cangaceiro ou volante como meio de
sobrevivência.
Os Estados se
acomodaram totalmente com suas obrigações sociais e a população interiorana
vivia num verdadeiro caos.
Na entrevista veremos a jornalista fazer perguntas duras, diretas, porém, lógicas e sensatas. Também veremos respostas corretas, diretas e, algumas com saídas escorregadias, pois ninguém se alto incrimina.
https://www.youtube.com/watch?v=QanqF2Npv3A&feature=youtu.be&fbclid=I
TENENTE POMPEU ARISTIDES DE MOURA
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/1022205957988348/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Um interessante relato histórico sobre o Cangaço.
ResponderExcluirParabéns pela postagem!