Por Sálvio
Siqueira
Após a morte
do “Rei do Cangaço” em 28 de julho do ano de 1938, a coisa, se já não vinha boa
para os cangaceiros, tornaram-se muito pior.
Lampião sabia
e tinha como mandar buscar comida, munição, armas, vestimentas e dinheiro. Os
grandes fornecedores de material bélico, alimentos e vestimentas, aqueles que
galgaram a cúpula da pirâmide de auxiliadores jamais foram ditos seus nomes,
divulgados, pelos volantes, pelos cangaceiros, outros coiteiros ou a imprensa.
Primeiro por
Lampião não dividir essa informação com nenhum dos outros cangaceiros. Sendo
chefes de subgrupos podiam adiantar-se e pregar uma “peça” no chefe mor
passando-lhe a perna na extorsão. Os coiteiros, dependendo de sua classe
social, acredita-se que soubessem sobre esse ou aquele colaborador, mas, não
era coisa para sair dizendo, compartilhando, pois, poderia ser uma pena de
morte para tal. Não só pela Força Pública, mas por outros coiteiros pela inveja
ou cobiça ou mesmo para preservação do nome outrem.
Depois de ser
implantada a “Lei do Diabo”, a Força Pública começa a apertar o cerco sobre
Lampião começando pelas rebarbas, pelos seus auxiliadores. Assim, quase que no
epílogo do cangaço lampiônico toda a força do bando de Lampião vinda de todos
os grandes e destemidos cangaceiros estava resumida a dois ou três homens, e
isso contando com ele: só vemos Luiz Pedro, Juriti e, talvez, Quinta Feira. Já
não existia mais um Mariano, um Sabino, um Zé Baiano, um Gato... e assim por
diante. A maioria desses ‘cabras’ fortes que enalteciam o nome do cangaceiro
mor de Vila Bela foi morta por traição. E essa, vinda na maioria das vezes dos
próprios colaboradores.
Muitos
coiteiros foram pegos, torturados e/ou mortos pelas volantes. Vários ‘coronéis’
que faziam parte da ‘malha’ do “Rei do Cangaço” viraram a ‘casaca’ e passaram a
colaborar com a Força Pública para sobreviverem. Já outros foram presos e
transferidos as penitenciárias nas Capitais dos Estados. Quanto aos
comerciantes, os grandes, só há registros de dois que foram pegos e presos. Nas
entrelinhas de algumas literaturas sobre o tema e o caso, vemos que nos
espólios do “Rei do Cangaço”, colhido no vau da calha do riacho Tamanduá,
Angico, existia uma latinha com preciosas informações. Porém, até mesmo quem
fez parte, como é o caso do, na época, Aspirante Ferreira de Mello, segundo em
comando naquela operação, em entrevista diz não saber que ‘fim levou’.
Pois bem. Sem
recursos, sem terem aonde irem busca-los, sem saberem aonde buscarem munição,
vestimentas e comida, mais ainda, tendo notícias do que estava acontecendo com
coiteiros e companheiros, os cangaceiros restantes, que estavam tontos feito
baratas, escolheram continuarem vivendo e optaram por se entregarem. Alguns
desses, após se entregarem, passam a fazer parte e tornam-se colaboradores das
volantes como foi o caso de Balão, Zé Sereno, Pancada, Cobra Verde, Santa Cruz
dentre outros. Para os que permaneceram na senda, a coisa escureceu mais ainda
devido aos ex-companheiros saberem os lugares que andavam e acampavam.
Abaixo veremos
um registro de alguns que entregaram-se a Força Pública sergipana e foram
levados para a sede do 2º Batalhão em Santana do Ipanema nas Alagoas. Esses
foram transferidos para a capital alagoana e, depois de alguns dias, foram
trazidos de volta ao 2º Batalhão exatamente para ‘ajudarem’ a capturarem ou
abaterem o que restava de cangaceiros.
Acreditamos
que o local do registro fotográfico tenha sido na calçada do 2º Batalhão em
Santana do Ipanema - AL, por os cangaceiros, ou ex cangaceiros no caso, ainda
estarem com parte das suas vestimentas, "arreados" parcialmente. Na
foto vemos da esquerda para direita:
1 – Pancada; 2 – Maria de Pancada; 3 –
Vila Nova; 4 – Peitica; 5 – Cobra Verde; 6 – Santa Cruz; 7 – Vinte e Cinco.
Obs.: Identificação sujeita a retificação.
Foto google.com
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