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segunda-feira, 15 de julho de 2019

EUCLIDES DA CUNHA HOMENAGEM NA FLIP 2019

Do acervo do escritor Luiz Serra, mas foi escrito pelo  jornalista e compositor potiguar Nélson Freire.
Arraial de Canudos não se rendeu Registro: Flávio Borges (fotógrafo correspondente do Exército Brasileiro)

Na Feira Internacional Literária de Parati, haverá neste mês merecido tributo ao escritor maior da nacionalidade brasileira. Autor da monumental obra Os Sertões, equivalente nacional d’Os Lusíadas em termos de recriação dos valores humanos nacionais, abstraindo-se de teses antropológicas e atendo-se ao enfoque na realidade indomada.

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo”. (Os Sertões).

O autor de Pedra do Reino, Ariano Suassuna, referiu-se a Euclides quando mencionou ter o magno ensaio dos sertões entrado na cena do Brasil real, em contraste com o Brasil oficial, da autoridade imperiosa, distante, e não equidistante.

Suassuna externou que o “poeta maior da nacionalidade” foi Euclides da Cunha no livro "Os Sertões". Deixou este registro:

“Eu vivo dizendo, quem não entender Canudos, não entende o Brasil. Porque ali pela primeira vez o Brasil real tentou se organizar, não da maneira que diziam a ele como ele era. Tentou se organizar de maneira política, econômica, social... aí o país oficial foi lá e cortou a cabeça na pessoa de Antonio Conselheiro. Ele já tinha morrido de um estilhaço de granada... Eram cinco mil homens contra quatro, no fim. Um velho, um adulto e duas crianças, que tinham escapado. Diante de quem, como dizia Euclides da Cunha, rugiam as baionetas de cinco mil soldados... Foi um exemplo único na história, não sobrou ninguém. Fizeram isso. Nós fizemos isso”.

Antônio Conselheiro no Arraial do Belo Monte de Canudos .No quadro a reparar aranhas e cobras em modo metafórico ao discurso do beato de Canudos. Almiro Borges, artista plástico, oriundo de Santa Luz, sertão da Bahia.

O prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, no prólogo de seu Guerra do fim do mundo, com base n’Os Sertões, assim enfeixou a tese:
.. “De um lado um catolicismo popular, de forte ênfase escatológica, algo heterodoxo, liderado por um santo carismático, repudiado pela própria autoridade eclesiástica. Do outro, a religião da República, do secularismo, do progresso, do positivismo. Eram dois tipos de fanatismo incompatíveis e mutuamente incompreensíveis. Nenhum dos lados dispunha de meios ou motivos para sequer começar a compreender o outro”.

Feriu-se a guerra de incompreensões naquele fim de mundo barbarizado. A meu ver a sorte das tropas acuadas e trôpegas de Artur Oscar na Favela... foi em derradeiro lanço trazida pelo general Savaget que chegou com cargueiros de víveres e munições!

Estava salva a República!

FLIP 2019 - 10 de julho a 14 de julho de 2019

Local: Bourbon Music Festival Paraty, Paraty, Rio de Janeiro

Durante a FLIP haverá debates temáticos em torno da obra maior, dos ensaios de Euclides e da sua vida e a sua polêmica morte. Serão exibidos materiais e relíquias de suas pesquisas, como o resgate de uma das cadernetas usadas pelo escritor para anotar os apontamentos e fatos que consubstanciaram o grande enredo cívico-histórico-social.

Vida: Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha Nasceu em Cantagalo, 20 de janeiro de 1866 e morreu no Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909 aos 43 anos.

Antônio Beatinho trouxe à tropa cerca de 400 mulheres, crianças e velhos, que não suportavam vários dias sem água e comida. Sobreviventes de Canudos. Beatinho teria sido levado à "poeira" (caatinga) e sido degolado. Refistro: Flávio de Barros.

A razão da morte ainda envolta em polêmicas, visto que a única testemunha o então cadete Dilermano de Assis, que afirmou “ter reagido em duelo”, tese contestada. Ocorre que “os tiros atingiram Euclides pelas costas”, e, noutra hipótese, que o escritor “sempre andava armado desde o Acre, e teria ido para conversar sobre a situação dos filhos”. 

Os Sertões. Andre Sandoval

Anunciam-se novas pesquisas acadêmicas em vista a sair do prelo; a controvérsia do “Crime da Piedade” continua na lida investigatória de historiadores.

Importa fixar a obra, sob pena de cerceamento de uma das mais importantes descritivas de um povo no maior cenário abrasivo das 

Texto reproduzido no Blog Ponto de Vista, do jornalista e compositor potiguar Nélson Freire.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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