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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O BANDO DE LAMPIÃO PERDE SUA FORÇA MAIOR


Por Sálvio Siqueira

Quando Lampião retorna de Mossoró, RN, para a região do Pajeú das Flores, com pouca gente, em pouco tempo tem que tocar a mula para terras baianas. As baixas sofridas em território potiguar, mais propriamente no ataca a cidade, não foram tantas, porém foram significativas por ter sido dois dos melhores homens que combatiam ao seu lado.

Lampião sozinho não era nada em relação ao assombro que seu bando causou nas pradarias sertanejas. Sempre tendo ao seu lado homens de têmpera forjada a coisa ficou da maneira que vemos. Em sua saga vemos que, antes de 1928, os cangaceiros Esperança, Vassoura, Jararaca, Meia Noite e Sabino das Abóboras fizeram parte do sustentáculo do bando em anos e épocas distintas. Perdendo-os a coisa fica sem a fortaleza natural que eles faziam em seu derredor. Fragilizada sua força maior, parte para terras distantes de seu torrão natal com apenas cinco homens, Luiz Pedro, Mariano, Moderno, Ponto Fino e Mergulhão. Desses, apenas quatro sabemos serem arrochados e que participaram de inúmeros combates dando sustentáculo e proteção ao “Rei”.

O tempo passa, a Revolução de 1930 estoura e Lampião, aproveitando o ensejo, dá um pulinho em Pernambuco, mais precisamente no município de Floresta, a fim de acabar com a vida de alguns inimigos. Não tendo o êxito esperado retorna à Bahia.

Nos anos vindouros, sequência da década de 1930, Virgolino consegue a adesão de alguns ‘cabras’ de têmpera forte como Gato, Mané Moreno, Zé Baiano, Quinta Feira e Juriti. Fora esses, também fizeram parte do bando Corisco, Labareda, Português e Zé Sereno dentre outros. Cada um desses tinham lá suas linhas a seguirem sem serem totalmente adeptos ao “Rei”.

Corisco tinha sua maneira e forma de agir dentro de um território quase que exclusivamente seu e na maioria do tempo estava longe do ‘cumpadre’ só vindo de vez em quando, quando convocado era.

Labareda, apesar de ter entrado no cangaço exclusivamente pela fuga, para proteger-se sob os braços de Lampião, não conviveu diretamente, por muito tempo, e lascou-se de mata adentro com seus homens, isolando-se.

Português não tinha coragem para nada, era um covarde nato, vivia a sombra da coragem e valentia dos seus ‘cabras’ vivendo de migalhas.

Por fim, Zé Sereno que não vemos tanta têmpera nem destaque em sua jornada como chefe de subgrupo, pelo contrário, também mostrou covardia e sua força resumia-se apenas em sobreviver seja lá do jeito que fosse.

Pois bem, de 1933 a princípios de 1938 o “Rei do Cangaço” perdeu, novamente, seu Estado Maior. Homens fortes, valentes e que sempre seguraram as pilastras de seu ‘reinado’ sucumbiram na senda da guerra como fora o caso de Gato, Mariano, Mergulhão, Mané Moreno, Zé Baiano juntamente com os homens que os mesmo comandavam. Não houve mais tempo para que recoloca-se, ou repusesse, ‘peças’ equivalentes em seu contingente particular, pois a morte vagava a galope em seu encalço.

No fim do primeiro meado de 1938, fora poucos homens de sangue no olho, por volta de três ‘cabras’, como Luiz Pedro, Juriti e Quinta Feira, não havia outros para darem a devida proteção ao cangaceiro mor.

Há muito que as arestas do cangaço vinham sendo ‘aparadas’ pelas Forças Públicas de vários Estados da Região Nordeste. Essas ações ficaram mais acirradas e constantes após a implantação do Estado Novo pelo então Presidente da República Getúlio Vargas. Com a ordem vinda de cima, Palácio do Catete, a coisa ficou sem condições para aqueles colaboradores de classes econômicas e sociais mais elevadas darem seu apoio e retirarem seu ‘quinhão’.

No decorrer do temo o arrocho foi apenas aumentando e eles debandaram. O fornecimento e informações para Lampião quase que pararam. Aos poucos, Lampião foi ficando encurralado, tanto que nos últimos meses de seu cangaço restringira-se as divisas dos Estado da Bahia, Alagoas e Sergipe, as quais são próximas e até conjuntas em determinados locais.

O que aconteceu no amanhecer do dia 28 de julho de 1938, uma quinta-feira, foi apenas o desfecho de uma consequência iniciada há vários anos antes.

Fotos Benjamin Abrahão


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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