Por Fábio Costa
Ia ele na sua pick up possante na zona rural de Apodi quando já próximo da cidade, um senhor, meio alquebrado pelos anos, acenou pedindo carona. Valdetário prontamente atendeu o pedido, abriu a porta e facilitou a entrada do passageiro. Já aboletado e no conforto do ar condicionado o senhor começou a puxar conversa:
- O senhor vai pro Apodi?
- Vou sim, respondeu Valdetário. Vou tratar de
negócios no Banco.
Aí o carona por gratidão resolveu dar uma de conselheiro:
- O senhor tenha cuidado. Se vai tirar dinheiro no Banco e andando nesse carrão,
aqui por essas bandas, há muita gente perigosa por aí. Tem um tal de Valdetário
Carneiro de muita fama na região que pode ser um grande risco, principalmente
pra quem é de fora.
Valdetário riu da situação e até agradeceu:
- Obrigado, eu vou ficar atento!
Em
seguida revolveu perguntar:
- E o senhor não tem medo de estar sozinho nessa
beira de estrada? E se de repente lhe aparece o tal do Valdetário Carneiro?
- Ele que venha - completou o carona com aquela valentia de quem se sente em
confortável distância do perigo.
E ainda acrescentou:
- Um homem nasceu pra
outro.
Chegados ao destino o carona já ia descendo quando resolveu fazer mais uma
pergunta em meio aos agradecimentos:
- Obrigado por tudo senhor. Vá com Deus.
Mas como é mesmo o seu nome?
Com toda naturalidade Valdetário respondeu:
- Eu
sou Valdetário Carneiro. E o senhor, como se chama?
Branco como um capucho de algodão suando por todos os poros, com as pernas trêmulas e a voz embargada o carona mal conseguiu balbuciar:
- Eu sou o finado
Manoel.
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