Por Lira Neto
Zé
Sereno e outros três cangaceiros de seu bando, 1936 - Benjamin Abrahão/Acervo
Abafilm
Técnicas
de ataque e fuga faziam parte das manobras cangaceiras, para despistar a
polícia e melhorar a dinâmica grupal. Entenda!
Embora seja
inadequado referir-se aos cangaceiros como guerrilheiros — eles não tinham
nenhum propósito político —, é inegável que lançaram mão de táticas típicas da
guerrilha. Habituados a viver na caatinga, eles não eram presa fácil para a
polícia, especialmente para as unidades deslocadas das cidades com a missão de
combatê-los no sertão.
Uma das
maiores dificuldades em enfrentá-los era que preferiam ataques rápidos e
ferozes, que surpreendiam o adversário. Também não tinham qualquer cerimônia em
fugir quando se viam acuados. Houve quem confundisse isso com covardia. Mas era
apenas estratégia.
TRUQUES
CANGACEIROS
Os bandos
do Cangaço eram
sempre pequenos, de no máximo 10 a 15 homens. Isso garantia a mobilidade
necessária para a realização de ataques-surpresa e para bater em retirada em
situações de perigo. Os homens e mulheres se deslocavam a cavalo, percorrendo
longas distâncias a pé em meio à caatinga, de preferência à noite. Para evitar
que novas vias de acesso ao sertão fossem abertas, eles assassinavam
trabalhadores nas obras de rodovias e ferrovias.
Todos os
pertences do cangaceiro eram levados pendurados pelo corpo. Como não se podia
carregar muita bagagem, dinheiro e comida eram colocados em potes enterrados no
chão, para serem recuperados mais tarde.
Virgínio
Fortunato, cunhado de Lampião, e o homens e mulheres de seu bando / Crédito:
Benjamin Abrahão/Acervo Abafilm
Os cangaceiros
também eram mestres em esconder rastros — e eles tinham alguns truques, como
usar as sandálias ao contrário nos pés para a polícia achar que eles iam na
direção contrária; andar em fila indiana, de costas, pisando sobre as mesmas pegadas,
apagadas com folhagens e pular sobre um lajedo, dando a impressão de sumir no
ar.
Para resolver
discórdias internas no bando, Lampião sempre
planejava um grande ataque — o que causava a união contra o inimigo, deixando
de lado as divergências entre si. E, com exceção de sequestrados, os
cangaceiros quase nunca faziam prisioneiros em combate, pois isso dificultaria
a dinâmica grupal e a capacidade de se mover com rapidez.
Outra
artimanha interessante era que as principais áreas de ação do cangaço eram
próximas às fronteiras estaduais. Em caso de perseguição, eles podiam cruzá-las
para ficar a salvo do ataque da polícia local. E durante os combates, havia uma
regra fundamental: em caso de retirada, nunca deixar armas para o inimigo e,
nas vitórias, apoderar-se do arsenal dele.
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Lampião: Vida e Morte do rei do Cangaço, Frederico Pernambucano de Mello
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Senhor do Sertão. Vidas e Mortes de Um Cangaceiro, de Élise Grunspan Jasmin
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do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil, de Frederico Pernambucano
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cangaceiros: Ensaio de interpretação histórica, de Luiz Bernardo Pericás
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