Conhecido como
o Pai da Aviação por ter sido o primeiro a realizar um vôo a bordo de um avião
a motor, sem a necessidade de rampas de lançamento. Alberto Santos Dumont é um
dos principais nomes da história brasileira e suas proezas são consideradas
orgulho nacional.
Mas apesar de
seu foco principal ter sido a aviação, a mente inquieta do inventor ainda criou
outros utensílios muito importantes para a humanidade.
As invenções
são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso.
Santos Dumont O mineiro
teimoso
Nasceu em 20
de julho de 1873, na cidade de Palmira, em Minas Gerais. Santos Dumont desde
cedo demonstrou interesse pelo funcionamento de máquinas e sua construção.
Filho de Henrique Dumont e Francisca de Paula Santos Dumont, viveu sua infância
na fazenda de plantio e beneficiamento de café da família em Ribeirão Preto. Lá
divertia-se construindo pipas e pequenos aeroplanos movidos a hélice. Desde os
7 anos aprendeu a dirigir as locomotivas da propriedade e, aos 12 anos, era
considerado um maquinista hábil.
Eu sempre
brincava de imaginar e construir pequenos engenhos mecânicos, que me distraíam
e me valiam grande consideração na família. Minha maior alegria era me ocupar
das instalações mecânicas de meu pai. Esse era o meu departamento, o que me
deixava muito orgulhoso.
Santos Dumont
Ao ler as
obras de Julio Verne, nas quais são descritas viagens em submarinos e relatadas
longas aventuras em balões, o seu fascínio pela aeronáutica cresceu. Passou a
estudar a história da navegação aérea e ao descobrir que grande parte dos
avanços nesta área haviam acontecido na França, ficou cada vez mais interessado
em conhecer o país.
Estimulado
pelo pai, começou a estudar mecânica. Com 18 anos, realizou uma viagem à
Inglaterra, para aprimorar o inglês. Depois seguiu para a França, onde escalou
o Monte Branco e reforçou sua paixão pelas alturas. Um ano mais tarde foi
emancipado pelo pai e voltou à França para se dedicar ao automobilismo e aos
estudos de ciências, engenharia, mecânica, eletricidade e aeronáutica.
Após a morte do
pai, Santos Dumont volta mais uma vez à França em 1897, aos 24 anos, desta vez
de forma definitiva e passa a se dedicar ao balonismo.
As máquinas de
voar - O balão "Brésil"
e o dirigível N-4
A primeira
criação de Santos Dumont foi o balão chamado “Brésil” (“Brasil”, em francês) .
Este foi o menor balão criado até então e, se diferenciava dos demais balões
por ser inflado com hidrogênio, ao invés de ar quente.
O
dirigível N-1 foi o primeiro balão motorizado da história, mas o
primeiro dirigível criado por Dumont não foi bem-sucedido. Em 1898, o vôo de
estreia só ocorreu dias depois do planejado, pois no dia marcado o balão
rasgou-se devido a uma manobra mal-feita ainda em terra. Dois dias depois, o
dirigível subiu e apresentou as manobras idealizadas, porém um imprevisto fez
com que caísse de uma distância de 400 metros do chão.
A descida
efetuava-se com a velocidade de 4 a 5 m/s. Ter-me-ia sido fatal, se eu não
tivesse tido a presença de espírito de dizer aos passantes espontaneamente suspensos
ao cabo pendente como um verdadeiro cacho humano, que puxassem o cabo na
direção oposta à do vento. Graças a essa manobra, diminuiu a velocidade da
queda, evitando assim a maior violência do choque. Variei desse modo o meu
divertimento: subi num balão e desci numa pipa.
Santos Dumont
Dumont busca
aprimorar a sua invenção e cria o dirigível N-2, que também cai em sua
fase de testes. Cria então o N-3, com o qual contornou a Torre Eiffel
pela primeira vez. Aterrissou no mesmo local onde o N-1 havia caído, mas desta
vez em total segurança.
Em 1900, foi
criado o prêmio Deutsch. Para vencê-lo, uma aeronave deveria contornar a Torre
Eiffel e retornar ao seu local de origem em até 30 minutos. Ato que nenhuma das
invenções criadas até então eram capazes de realizar.
Instigado pelo
desafio, Dumont passa a trabalhar para aumentar a velocidade dos seus
dirigíveis. Cria assim os N-4, N-5 e N-6, levando o
cobiçado prêmio de 129 mil francos com este último modelo.
Santos Dumont
foi então reconhecido internacionalmente como o inventor do dirigível e o maior
aeronauta do mundo. O que resultou em condecorações enviadas pelo então
presidente do Brasil, Campos Salles, convites de viagens aos Estados Unidos e
outros países e, também, a oferta do príncipe de Mônaco, Alberto I, de
construir um hangar para que passasse a realizar as suas experimentações no
principado.
A partir de
então, Dumont passa a criar dirigíveis com objetivos específicos. O N-7 é
projetado para corridas, enquanto o N-8 é uma cópia do N-6 criada por
encomenda para um colecionador dos Estados Unidos. O N-9 é um
dirigível para passeio, já o N-10 foi criado para servir de ônibus
coletivo, mas nunca foi finalizado. O N-11 era uma versão reduzida do
N-10. O N-12 foi outra réplica, desta vez do N-9 e, por fim, o N-13 era
um balão duplo de ar quente e hidrogênio capaz de ficar semanas suspenso no ar,
mas infelizmente foi destruído por uma tempestade antes mesmo de ser testado.
14-bis, a ave
de rapina
O primeiro vôo
a bordo do 14-bis
Em 1904 haviam
três prêmios de aviação em andamento na França (o Prêmio Archdeacon, o Prêmio
do Aeroclube da França e o Prêmio Deutsch-Archdeacon). O mais cobiçado por
Dumont era o Prêmio Deutsch-Archdeacon que pedia que a aeronave voasse 1.000
metros em circuito fechado, sem o auxílio de balões ou catapultas para a
decolagem e oferecia 50.000 francos ao vencedor.
O inventor
começou assim a trabalhar na sua criação mais famosa, o 14-Bis, também
chamado de “Oiseau de Proie” (“Ave de Rapina”, em francês).
Inspirado em
um protótipo criado pelo cientista inglês George Cayley 100 anos antes, Santos
Dumont construiu uma espécie de aeroplano híbrido, um avião juntamente com um
balão de hidrogênio. Esta primeira versão foi descartada por ser considerada
impura pelo aviador e seus amigos. A partir daí, focou-se em construir uma
máquina que pudesse se sustentar no ar sem o auxílio de balões.
O 14-Bis tinha
10 metros de comprimento, 4 metros de altura e 12 metros de envergadura,
atingindo 30 km/h. Pesava 205 quilos. As asas eram fixas a uma viga, logo a
frente ficava o leme e, na outra extremidade eram posicionados a hélice e o
motor de 24 cavalos. O piloto conduzia a aeronave em pé.
Após realizar
uma série de testes e ajustes, no dia 23 de outubro de 1906 no campo de
Bagatelle, em Paris, Santos Dumont realizou o primeiro vôo a bordo do 14-bis
para uma plateia de cerca de 1.000 pessoas e na presença da Comissão Oficial do
Aeroclube da França. A aeronave percorreu 60 metros em 7 segundos, a uma altura
de 3 metros. O entusiasmo dos presentes foi imenso e até os juízes ficaram
emocionados. Por este feito, Santos Dumont se tornou conhecido como o Pai
da Aviação.
Outras
invenções de Santos Dumont
Dumont no
hangar de Neuilly (Paris, França).
Além das
máquinas voadoras, o inventor brasileiro criou o primeiro hangar em
1900 justamente para guardar os seus equipamentos e invenções. Ele criou
portões com rolamentos para facilitar o deslocamento das aeronaves.
Com a intenção
de controlar o tempo dos seus vôos, ele também pediu ao amigo Louis Cartier que
desenvolvesse o primeiro relógio de pulso.
Mais tarde,
criou o primeiro chuveiro de água quente quando vivia em seu chalé “A
Encantada” em Petrópolis. A invenção funcionava através do uso de um balde
perfurado e dividido ao meio, que levava água quente de um lado e fria do
outro.
Criou ainda
um motor portátil para ser utilizado por esquiadores.
Wilbur e
Orville Wright
No início do
século XX, Dumont não era o único a se aventurar na criação de máquinas
voadoras. Os Irmãos Wright desenvolviam as suas criações e experimentações nos
Estados Unidos. Em 17 de Dezembro de 1903, realizaram o primeiro vôo com o
seu Flyer I com o auxílio de trilhos para a decolagem, na cidade de
Kill Devil Hills.
Porém, os
irmãos não realizavam demonstrações públicas com receio de ter as suas técnicas
copiadas e o vôo teve poucas testemunhas. Somente em 1908 foram à França para realizar
uma demonstração dos seus inventos e deixaram todos abismados com os resultados
avançados de sua aeronave.
Diferente do
14-bis que voava em círculos como um balão, com o Flyer era possível
realizar manobras muito mais controladas devido ao sistema do controle em 3
eixos. A partir de então, o vôo realizado em 1903 pelos irmãos passou a ser
considerado como o primeiro vôo de uma máquina voadora mais pesada que o ar.
A guerra e a
destruição do sonho
Em 1914 teve
início a I Guerra Mundial e Dumont viu os aeroplanos passarem a ser utilizados
em combates cada vez mais violentos. O aviador havia se aposentado em 1910,
pois sofria de esclerose múltipla. Já não sentindo que podia competir com os
novos inventores, agora dedicava-se à astronomia.
Ao longo dos
anos desenvolveu uma depressão profunda e buscou que os aviões não fossem
utilizados como armas de guerra. Em 1926 fez um pedido à Liga das Nações com
este objetivo e chegou a oferecer 10 mil francos para a pessoa que escrevesse a
melhor obra contra o uso das aeronaves em guerras.
Vendo-se cada
vez mais debilitado, o inventor passa por diferentes centros de saúde na Europa
e acaba por retornar ao Brasil na companhia do sobrinho. Em 1932, aos 59 anos,
Santos Dumond suicidou-se no quarto do Grand Hôtel La Plage, no Guarujá, onde
vivia.
Algumas
homenagens
Museu Casa de
Santos Dumont
Por ser um
pioneiro da aviação e um dos seus principais entusiastas, a obra de Santos
Dumont foi amplamente reconhecida e o inventor recebeu diversas homenagens.
Há uma estátua
em sua honra no campo de Bagatelle, onde realizou o primeiro vôo com o 14-bis. A
cidade de Palmira, onde nasceu, hoje é chamada Santos Dumont. Em 2006, o
governo brasileiro declarou-o herói nacional. Em 1976, a União Astronômica
Internacional deu o seu nome a uma das crateras lunares.
O primeiro
aeroporto do Rio de Janeiro leva o nome de Santos Dumont. Diversas ruas e
praças das cidades brasileiras também foram nomeadas em homenagem ao inventor.
O seu chalé em Petropólis foi transformado em museu, sendo que as invenções
desenvolvidas ali foram preservadas e estão expostas ao público.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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