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sábado, 9 de maio de 2020

SANTOS DUMONT TIRA A SUA PRÓPRIA VIDA



Alberto Santos-Dumont tirou a própria vida em um quarto do Grande Hotel de La Plage, Guarujá, em 1932. O motivo, dizem alguns, teria sido uma profunda depressão causada pela constatação de que o avião, seu invento, estava sendo usado para fins militares. Virara um instrumento de morte e destruição.

Há testemunhas que juram ter visto o inventor presenciar um bombardeio na ilha da Moela, Guarujá, em frente à praia do Grand Hotel, pouco antes de recolher-se a seu quarto para enforcar-se, com a própia gravata segundo alguns, com o cinto do roupão de banho, segundo outros. Há quem diga que o motivo do suicídio foi uma desilusão amorosa. Alguns dizem que seu sobrinho e companheiro, Jorge Dumont Villares, o abandonara. Outros dizem que a cantora lírica Bidu Sayão, casada com Walter Mocchi, visitava Santos-Dumont no Grand Hotel. Há mesmo quem diga que o inventor era apaixonado por Dona Olívia Guedes Penteado.

O fato é que Alberto Santos-Dumont não desceu para almoçar em 23 de julho de 1932. Os funcionários do hotel arrombaram a porta do quarto 152 (onde Dumont se hospedava, reservando o quarto 151 para seu sobrinho, Jorge) encontrando o inventor já sem vida.

Quatro anos antes, em 3 de dezembro de 1928, Santos-Dumont voltava ao Brasil à bordo do navio Cap Arcona e vários intelectuais e amigos do inventor planejaram prestar-lhe uma homenagem. Pretendiam lançar uma mensagem de boas vindas em um paraquedas e estavam todos à bordo de um hidroavião batizado com o nome do Pai da Aviação. Depois de uma manobra desastrada, o avião caiu no mar matando todos os seus ocupantes, entre eles vários amigos de Santos-Dumont, tais como Tobias Moscoso, Amauri de Medeiros, Ferdinando Laboriau, Frederico de Oliveira Coutinho, Amoroso Costa e Paulo de Castro Maia.

Santos-Dumont fez questão de acompanhar por vários dias as buscas pelos corpos, após o que recolheu-se, primeiro a seu quarto no Hotel Copacabana Palace, depois a sua casa em Petrópolis, onde entrou em profunda depressão. Após algum tempo, voltou a Paris, internando-se em um sanatório nos Pirineus.


A insistência em creditar aos irmãos Wright a invenção do avião incomodava Santos-Dumont, que levou seu 14 Bis ao ar em outubro de 1906, sem recorrer a qualquer artifício. Os americanos voaram somente em 1908 e seu aparelho alçava vôo apenas com o auxílio de uma catapulta.

Antonio Prado Júnior, exilado em Paris, foi visitar o amigo Santos-Dumont em Biarritz e constatou seu total abatimento, imediatamente telegrafando à família do inventor para que esta tomasse alguma providência. Jorge Dumont Villares foi buscar o tio na Europa e passou a ser seu inseparável companheiro no Brasil.

Em São Paulo, Alberto Santos-Dumont ia à Sociedade Hípica Paulista e ao Clube Athlético Paulistano. Passava muitas tardes também na redação do jornal O Estado de São Paulo. Recebia também a visita quase diária do médico Sinésio Rangel Pestana, que recomendou ao inventor uma temporada no Guarujá, para tratar de sua delicada saúde.
Lá, Santos-Dumont passou seus últimos dias, passeando pela praia, conversando com crianças, entre elas Marina Villares da Silva e Christian Von Bulow, que moravam no balneário. Christian conta ter presenciado Santos-Dumont chorando na praia após ver o bombardeio do cruzador Bahia, por três aviões “vermelhinhos”, leais ao Governo Federal, na ilha da Moela. Algum tempo depois, naquele mesmo dia, o inventor teria tirado a própria vida em seu quarto no Grande Hotel. Um pouco antes recebera a visita de Edu Chaves, com quem havia conversado sobre o bárbaro destino da aviação.

A certidão de óbito do inventor ficou “sumida” por 23 anos. Quando foi encontrada, dava como “causa mortis” de Santos-Dumont um suposto “colapso cardíaco”. Não ficava bem o herói nacional ter cometido suicídio.

O próprio Governador da época, Dr. Pedro de Toledo, determinou: “Não haverá inquérito. Santos-Dumont não se suicidou.” Cumpridas as ordens do Governador, somente a 3 de dezembro de 1955 seria registrado o óbito.

Santos-Dumont entrou em depressão ao ver seu invento sendo usado para lançar bombas sobre inimigos de guerra.

Imaginem o que ele sentiria se pudesse presenciar as cenas que o mundo todo viu, de aviões civis sendo atirados contra as torres do World Trade Center e contra o Pentágono, em covardes ações terroristas.


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