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sexta-feira, 26 de março de 2021

PERGUNTA NO AR

 Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.498

Pergunta-me o escritor João Neto Félix se eu tenho algum registro oficial de quem construiu o prédio que hoje representa o Museu Darras Noya. Não tenho e nunca ouvi falar quem teria sido o construtor do edifício, um casarão piso de tábuas, inúmeras janelas e duas entradas/saídas. Localizado em pleno Centro Comercial o magnífico prédio faz lembrar os últimos anos de Santana/vila ocasião em que surgiram as grandes construções tanto para moradias quanto para o aluguel comercial.  Ouvi dizer que ali já foi a moradia do Maestro fundador da primeira banda de Santana, Manoel Queirós, conhecido como Seu Queirós. O homem também era coletor federal e fazia parte do primeiro teatro santanense. Fica a dúvida se foi ou não o próprio Queirós o construtor da casa grande com um sótão sob a madeira.

É sabido também que ali morou gente famosa com o Dr. Arsênio Moreira, o médico do 7Batalhão de Polícia, o primeiro clínico de fora a atuar em Santana.

Da minha parte, o morador mais antigo que eu conheci morando naquela enorme residência, foi a filha do Maestro Queirós. Salvo engano, Antéa era solteira e habitava o casarão já em idade avançada quando a conheci. Branca, alta, educada e prestativa Antéa era intelectual. Quando o museu foi transferido para aquele casarão, a própria filha de Seu Queirós passou a tomar conta daquele patrimônio a si confiado. Recebia e explicava as peças com a maior deferência, pois vivenciara o tempo de quase todo o mostruário do museu.

Lembro-me muito bem quando a filha do maestro dissertava para nós a queda da ponte de madeira sob o riacho Camoxinga, em 1915.  A casa de Antéa possuía um longo jardim que tomava todo o oitão direito da Igreja Matriz, limitado por muro de alvenaria. A construção do Salão Paroquial, pelo padre Luís Cirilo Silva, avançou sobre o jardim que atualmente não mais existe. Também não sei dizer ao certo se a filha de Seu Queirós tinha o “I” de Anteia ou não. O que dava para notar, era apenas a dedicação daquela pessoa simpática que parecia também fazer parte das peças do museu.

O que acho engraçado é que o prédio do museu falava de tanta coisa da nossa antiga sociedade, porém calava a respeito da sua própria construção... Quem sabe! Talvez nunca tenham perguntado sobre isso.

MUSEU DARRAS NOYA. Livro 230/B. CHAGAS).


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