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segunda-feira, 5 de abril de 2021

CARYBÉ RETRATA O CANGAÇO

 Por Beto Rueda


Nascido em 7 de fevereiro de 1911, na pequena cidade de Lanús, subúrbio de Buenos Aires, o pintor viveu em Gênova e Roma (Itália) dos 6 meses aos 8 anos. Em 1919, veio morar no Brasil onde completou os estudos secundários no Rio de Janeiro e estudou na Escola Nacional de Belas Artes.

O grande artista plástico Hector Julio Páride Bernabó(Carybé), retratou o cangaço em várias formas de sua expressão artística, contribuindo para o enriquecimento e divulgação do tema.

Em 1927, retornou para a Argentina, onde trabalhou em diversos jornais, até que o periódico "Prégon" o contratou para viajar por vários países fazendo e enviando desenhos e reportagens de onde passasse. Com isso, Carybé começou a ter contato com várias culturas e diferentes formas de expressão artística, que influenciaram o seu trabalho como pintor. Em uma dessas viagens conheceu Salvador, onde começou a ter contato com a cultura baiana.


Até meados dos anos 40, Carybé viveu entre vários países, mas sempre retornando ao Brasil. Neste período, trabalhou como ilustrador de obras literárias e traduziu o livro Macunaíma, de Mário de Andrade, para o espanhol, neste mesmo ano ele conquista o Primeiro Prêmio da Câmara Argentina del Libro por sua ilustração do livro Juvenília, de Miguel Cané, ícone da literatura argentina. Em 1943, fez sua primeira exposição individual e ilustrou o livro "Macumba", Relatos de la Tierra Verde", de Bernardo Kordan.


Em 1946, casou-se com Nancy, na província argentina de Salta, com quem teve dois filhos, o artista plástico Ramiro e a bióloga Solange. Após várias viagens para Salvador, em 1950 foi morar definitivamente na capital baiana, onde, através de uma carta de recomendação de Rubem Braga, foi contratado para fazer murais em prédios e obras públicas.

Durante os quase 50 anos em que viveu na Bahia, Carybé desenvolveu uma profunda relação com a cultura e com os artistas de Salvador. As manifestações culturais locais, como o candomblé, a capoeira e o samba de roda, passaram a marcar a sua obra. Ao lado de outros artistas plásticos, como Jenner Augusto, Mário Cravo e Genaro de Carvalho, participou ativamente do movimento de renovação das artes plásticas no Estado.


Bastante eclético, Carybé experimentou ao longo de sua vida grande parte das técnicas artísticas conhecidas, como aquarelas, desenhos, esculturas, talhas, cerâmicas, entre outros. Além desses trabalhos, destacou-se também na criação de diversos murais pelo mundo, entre eles, um no Aeroporto de Nova York.

Em 1955 ele obtém o prêmio de melhor desenhista na III Bienal de São Paulo. Sua obra atinge o montante de cinco mil produções, dentre pinturas, desenhos, esculturas e delineamentos iniciais de alguns trabalhos. Suas ilustrações enriquecem publicações de famosos literatos, entre eles Jorge Amado e Gabriel García Márquez.

Em 1957, o artista naturalizou-se brasileiro. Entre seus grandes amigos no país, destacou-se o escritor Jorge Amado, que escreveu, em sua homenagem, "O Capeta Carybé". Na obra, o artista foi definido como "feito de enganos, confusões, histórias absurdas, aparentes contradições, e, ao mesmo tempo, é a própria simplicidade". Carybé fez desenhos em inúmeras obras de Amado, além de ilustrar trabalhos para livros de outros autores de grande expressão, como Mário de Andrade, Gabriel García Márquez e Pierre Verger.


O artista também escreveu livros como "Olha o Boi" e foi co-autor da obra "Bahia, Boa Terra Bahia", com Jorge Amado. Em 1981, após 30 anos de pesquisa, publicou a Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia. Realizou também roteiros gráficos, direção artística e figurinos para teatro e cinema. Foi diretor artítico, figurinista e figurante no filme O Cangaceiro de Lima Barreto onde desenhou mais de mil e seiscentas cenas do filme, quase quadro a quadro.

Em virtude de seus trabalhos voltados para a cultura afro-brasileira, enfocando seus ritos e orixás, principalmente em princípios dos anos 70, ele conquistou um importante título de honra do Candomblé, o obá de Xangô. Parte de sua produção encontra-se hoje no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, englobando 27 painéis simbolizando os orixás baianos, produzidos em madeira de cedro.

Por quase toda a sua vida, o pintor acreditou que o seu apelido Carybé provinha de um pássaro da fauna brasileira. Somente muitos anos depois, através do amigo Rubem Braga, descobriu que a sua alcunha significava "mingau ralo", o que lhe rendeu diversas brincadeiras.Freqüentador do terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá, Carybé morreu aos 86 anos, no dia 1° de outubro de 1997, em Salvador, durante uma cerimônia no próprio terreiro. O artista deixou como legado mais de 5.000 trabalhos, entre pinturas, desenhos, esculturas e esboços.

Por Beto Rueda

REFERÊNCIA:
ARTISTAS, Arte. Biografia de Carybé e suas obras. < https://arteeartistas.com.br/biografia-de-carybe-e-sua-obra>. Acesso em 29 mar.202

https://cariricangaco.blogspot.com/2021/04/carybe-retrata-o-cangaco-por-beto-rueda.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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