Clerisvaldo B Chagas, 30de agosto de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.954
Seguindo rigorosamente a tradição, agosto foi mês de frio e das últimas chuvas do nosso inverno sertanejo alagoano. Dias mais, dias menos da primeira quinzena, “últimos tamboeiros do inverno”, segundo o saudoso poeta, Rafael Paraibano. O Sol mais fraco reinicia o domínio e logo robustece o “pega fogo” Mesmo faltando alguns dias para a Primavera, o inverno já foi consolidado dentro das previsões dos “profetas das chuvas” que não erraram em nada. Observar o mundo, o clima no Hemisfério Norte, as ações naturais na terra, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, enchentes, incêndios e o blábláblá dos homens. Pelo menos até agora, o boi está de barriga cheia e provoca o suspiro de alívio da Agropecuária. A safra foi colhida ou falta pouco e, o restante do ano, nós sertanejos raiz, entregamos tudo nas mãos do Senhor dos Mundos.
A frieza foi enfraquecendo e, como se diz por aqui: “O verãozão tá pegado”. Logo cedo, mesmo antes da barra do dia, alguns tipos de pássaros começam os remexidos nos ninhos com seus chilrear urbano. E quando o relógio marca 5.15 começa a surgir a tímida claridade de um novo amanhecer. As portas estão cerradas, as ruas estão desertas, os gatos ainda dormitam antes do reconhecimento diurno, cujo lixo de recolhimento é atração instintiva. Apagam-se as últimas luzes dos postes. Não passam mais os bandos do Espanta-boiada, como nas madrugadas chuvosas. Vozes se aproximam... São dos primeiros corajosos à caminhada antes da barra. Começa o preparo do cuscuz fumegante, do café gostoso do novo dia de inverno sem chuva.
Assim o mês “perigoso” de agosto vai chegando ao fim. Perigoso porque ficou estigmatizado por ter acontecido grandes tragédias nacionais em trechos dos seus trinta e um dias.
Já o meu pai que nascera em agosto, celebrava aniversário e Dia dos Pais, muito próximos. Dizia gostar muito do mês de nascimento e que “agosto era igual a todos os outros”. O que geralmente pensamos é que, passado esse período, estamos praticamente no final do ano, quando todas as atenções da economia do país começam a se mexer muito cedo visando Natal e Ano Novo. E sobre o tempo, deixe que venha o El Niño, as previsões sobre as coisas do céu. Tudo é de Deus.
CÉU DO MANHECER EM 22 DE AGOSTO, 5.15 HS, EM SANTANA DO IPANEMA (FOTO: B. CHAGAS).
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