A Coluna Prestes foi um movimento tenentista que pretendia promover a insurreição contra o governo Arthur Bernardes e o poder das oligarquias ainda no período da República Velha, entre 29 de abril de 1925 a 3 de fevereiro de 1927.
Liderada por Luiz Carlos Prestes, Miguel Costa, Juarez Távora entre outros, foi uma marcha que percorreu 25 mil quilômetros pelo interior do país. Começou pelo Rio Grande do Sul e atravessou mais 12 Estados Brasileiros, encerrando a sua trajetória na Bolívia.
A Coluna, ao entrar no Ceará com estimados 1.500 homens, fez com que as autoridades locais se alarmassem; tinha que ser feito alguma coisa para conter aquele levante.
O Deputado Federal Floro Bartolomeu foi designado ao posto de comandante geral das operações pelo então presidente do Brasil. Por intermédio do Padre Cícero convidou Lampião que era seu devoto, para combater a coluna pois considerava o seu conhecimento de toda região e sua experiência nas táticas de guerrilha, fundamentais para o confronto.
Com a promessa de armamentos novos, isenção dos crimes praticados até então e a patente de capitão a Lampião, primeiro tenente a Antônio Ferreira da Silva e segundo tenente a Sabino Gomes, o chefe dos cangaceiros atendeu o pedido e partiu com seu grupo formado por 49 componentes para o encontro.
Passaram por Barbalha, acamparam na Fazenda Nova que pertencia a Floro enquanto se preparavam para entrar na cidade de Juazeiro do Norte, Ceará. A presença do famoso bandoleiro nos arredores da cidade causou sensação, todos queriam vê-lo de perto.
No dia 04 de março de 1926, Lampião e seus cangaceiros entraram na cidade, foi uma enorme algazarra: muitos curiosos se concentraram nas ruas e praças por onde passava o Governante das Caatingas e seu grupo. Ficaram hospedados na casa de João Mendes, comerciante e poeta popular.
Lampião recebeu as visitas com cortesia e seu ar imponente. Deu algumas esmolas e jogou moedas para os meninos na rua, gestos de generosidade e sarcasmo. Estava gostando da estadia. Concedeu entrevista ao médico Otacílio Macedo contando as suas aventuras e apresentou os seus homens.
O ponto alto da visita foi o encontro com o Padre Cícero que o recebeu bem e o aconselhou a deixar o cangaço mas que não gostou do encargo da nomeação que tinha caído sobre os seus ombros. O padre mandou chamar o inspetor do Ministério da Agricultura Pedro de Albuquerque Uchôa para formalizar o ato. Esse documento em termos gerais concedia ao capitão Virgolino Ferreira da Silva e seus comandados, a "permissão" de viajar livremente, de Estado a Estado, em companhia dos Batalhões Patrióticos, na perseguição aos revoltosos.
Quando deixou Juazeiro poucos dias depois, Lampião pretendia cumprir o acordo. Foi pelo Sul, em direção à Bahia. No limite do Estado entretanto, ainda em Pernambuco, a polícia não reconheceu a sua patente e perseguiu o contingente. Desiludido, sentindo-se enganado, ele e seus cabras fizeram meia volta e pegaram o caminho para o Norte. Voltaram para o Ceará no início do mês de abril do mesmo ano em direção a Juazeiro do Norte, com intenção de pedir apoio ao Padre Cícero.
Antes que chegassem porém, o padre mandou avisar que não iria mais recebê-los.
Pelo descrédito das patentes e pelas promessas não cumpridas, Lampião voltou a praticar crimes como antes, continuou a ser o Rei do Cangaço. Durante o resto da vida se autodenominou capitão.
Pela força do destino, Lampião, seu grupo principal e a Coluna Prestes nunca entraram em combate.
REFERÊNCIAS:
CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
MACIEL, Frederico Bezerra. Lampião, seu tempo e seu reinado. Vol. III. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1985.
LUCETTI, Hilário. Histórias do cangaço. Crato: Gráfica Encaixe Ltda, 2001.
SOUZA, Anildomá Willans de. Lampião, o comandante das caatingas. Serra Talhada: [s.n.], 2001.
FERREIRA NETO, Cicinato. A misteriosa vida de Lampião. Fortaleza: Premius, 2008.
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