Por Beto Rueda
A partir da
década 1920, com a ascensão de Lampião a mais importante líder de grupo, o
cangaceirismo profissional alcançou o seu ápice.
A agitação
causada pela presença da Coluna Prestes nos sertões do Nordeste logo no início
do ano de 1926, indicou campo fértil aos cangaceiros, proporcionando atuações
em grande escala.
A total
desorganização em que mergulhava o sertão indicou o ano, apogeu absoluto em
toda a história do cangaço. Para se ter uma ideia da atuação dos cangaceiros,
vejam algumas ocorrências audaciosas do bando de Lampião no Estado de Pernambuco
e Ceará. Também são conhecidas ações nesse ano nos Estados da Paraíba e
Alagoas:
23 de
fevereiro - Tocaia e mata o velho inimigo José Nogueira na fazenda Serra
Vermelha, município de Vila Bela, atual Serra Talhada.
02 de março -
Entra em Barbalha Ceará a frente de quarenta e nove homens, hospedando-se com o
Estado Maior no Hotel Centenário, o melhor da cidade, onde se faz acessível a
entrevistas com lideranças do município.
04 de março -
Vai a Juazeiro do Norte Ceará e recebe em documento manuscrito a patente de
capitão, a fim de combater ao lado das forças estaduais e federais a Coluna
Prestes. Concede entrevista ao médico Otacílio Macedo e deixa-se fotografar com
parte do bando por Lauro Cabral de Oliveira e Pedro Maia.
16 de abril -
Invade Algodões causando espancamentos e estupros.
07 de maio -
Invade Triunfo, no comando do grupo o imediato Sabino.
01 de agosto -
Ataca novamente e incendeia a fazenda Serra Vermelha, matando duas pessoas e
exterminando o gado e apiário.
14 de agosto -
Interrompe as comunicações telegráficas, cortando fios e incendiando postes em
Vila Bela.
19 de agosto -
Invade a cidade de Tacaratu com noventa homens, fazendo cerco a casa de Manuel
Vitor da Silva que resiste heroicamente a doze horas de combate e consegue
fugir com um irmão ferido gravemente.
26 de agosto -
Ataca a fazenda Tapera em Floresta, mata treze pessoas de uma mesma família, os
Gilo, a frente de grande contingente.
02 de setembro
- Invade Cabrobó, a frente de cento e cinco homens sob toque de corneta e
perfeita formação militar. Hospeda-se na casa do chefe municipal e passa
revista os alunos da escola local formados em sua honra.
06 de setembro
- Invade Leopoldina fuzilando quatro residentes, saqueando o comércio,
coletoria e destruindo o telégrafo.
01 de outubro
- A frente de cento e vinte e seis homens põe em fuga força pernambucana que se
defronta com o grupo, próximo a Floresta.
11 de novembro
- Tiroteio com forças pernambucanas na fazenda Favela, Floresta, resultando dez
soldados mortos e sete feridos.
24 de novembro
- Sequestra viajantes da empresa Souza Cruz e Standart Oil Company, exigindo
dezesseis contos de réis de resgate sob pena de morte.
25 de novembro
- Tropas pernambucanas tentam resgatar os prisioneiros verificando-se combate
na localidade Morada, Vila Bela. Lampião consegue manter os prisioneiros
consigo.
26 de novembro
- Na batalha de Serra Grande, a maior de todas em qualquer tempo da carreira de
Lampião, enfrenta uma tropa de duzentos e sessenta soldados, com apenas noventa
cabras. A tropa, no final, perde um total de vinte soldados e muitos feridos,
envolvida desde a bocaina até as encostas interiores da serra, a intensa troca
de tiros estendendo-se das 8h30 às 17h45, com os cangaceiros permanecendo no
campo de luta até a noite, sangrando os soldados feridos e abandonados pelo
comando.
12 de dezembro
- Na localidade de Juá destrói a tiros cento e vinte e sete bois do fazendeiro
Joaquim Jardim, estabelecido em Floresta.
Nos sertões do
Nordeste, não era só o bando de Lampião que atuava. Outros bandos independentes
também agiam: armados e fortemente municiados. Devastando, arruinando,
depredando, arrasando tudo nas suas passagens sinistras.
No período de
1919 a fins de 1927 surgiram pelo menos quarenta e quatro grupos de
cangaceiros.
REFERÊNCIAS:
MELLO,
Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no
Nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa, 2004.
JASMIN, Élise
Grunspan. Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro. São
Paulo: Edusp, 2006.
https://www.facebook.com/groups/179428208932798/user/100000026208933
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