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domingo, 24 de setembro de 2023

O AUGE DO CANGACEIRISMO

Por Beto Rueda

A partir da década 1920, com a ascensão de Lampião a mais importante líder de grupo, o cangaceirismo profissional alcançou o seu ápice.

A agitação causada pela presença da Coluna Prestes nos sertões do Nordeste logo no início do ano de 1926, indicou campo fértil aos cangaceiros, proporcionando atuações em grande escala.

A total desorganização em que mergulhava o sertão indicou o ano, apogeu absoluto em toda a história do cangaço. Para se ter uma ideia da atuação dos cangaceiros, vejam algumas ocorrências audaciosas do bando de Lampião no Estado de Pernambuco e Ceará. Também são conhecidas ações nesse ano nos Estados da Paraíba e Alagoas:

23 de fevereiro - Tocaia e mata o velho inimigo José Nogueira na fazenda Serra Vermelha, município de Vila Bela, atual Serra Talhada.

02 de março - Entra em Barbalha Ceará a frente de quarenta e nove homens, hospedando-se com o Estado Maior no Hotel Centenário, o melhor da cidade, onde se faz acessível a entrevistas com lideranças do município.

04 de março - Vai a Juazeiro do Norte Ceará e recebe em documento manuscrito a patente de capitão, a fim de combater ao lado das forças estaduais e federais a Coluna Prestes. Concede entrevista ao médico Otacílio Macedo e deixa-se fotografar com parte do bando por Lauro Cabral de Oliveira e Pedro Maia.

16 de abril - Invade Algodões causando espancamentos e estupros.

07 de maio - Invade Triunfo, no comando do grupo o imediato Sabino.

01 de agosto - Ataca novamente e incendeia a fazenda Serra Vermelha, matando duas pessoas e exterminando o gado e apiário.

14 de agosto - Interrompe as comunicações telegráficas, cortando fios e incendiando postes em Vila Bela.

19 de agosto - Invade a cidade de Tacaratu com noventa homens, fazendo cerco a casa de Manuel Vitor da Silva que resiste heroicamente a doze horas de combate e consegue fugir com um irmão ferido gravemente.

26 de agosto - Ataca a fazenda Tapera em Floresta, mata treze pessoas de uma mesma família, os Gilo, a frente de grande contingente.

02 de setembro - Invade Cabrobó, a frente de cento e cinco homens sob toque de corneta e perfeita formação militar. Hospeda-se na casa do chefe municipal e passa revista os alunos da escola local formados em sua honra.

06 de setembro - Invade Leopoldina fuzilando quatro residentes, saqueando o comércio, coletoria e destruindo o telégrafo.

01 de outubro - A frente de cento e vinte e seis homens põe em fuga força pernambucana que se defronta com o grupo, próximo a Floresta.

11 de novembro - Tiroteio com forças pernambucanas na fazenda Favela, Floresta, resultando dez soldados mortos e sete feridos.

24 de novembro - Sequestra viajantes da empresa Souza Cruz e Standart Oil Company, exigindo dezesseis contos de réis de resgate sob pena de morte.

25 de novembro - Tropas pernambucanas tentam resgatar os prisioneiros verificando-se combate na localidade Morada, Vila Bela. Lampião consegue manter os prisioneiros consigo.

26 de novembro - Na batalha de Serra Grande, a maior de todas em qualquer tempo da carreira de Lampião, enfrenta uma tropa de duzentos e sessenta soldados, com apenas noventa cabras. A tropa, no final, perde um total de vinte soldados e muitos feridos, envolvida desde a bocaina até as encostas interiores da serra, a intensa troca de tiros estendendo-se das 8h30 às 17h45, com os cangaceiros permanecendo no campo de luta até a noite, sangrando os soldados feridos e abandonados pelo comando.

12 de dezembro - Na localidade de Juá destrói a tiros cento e vinte e sete bois do fazendeiro Joaquim Jardim, estabelecido em Floresta.

Nos sertões do Nordeste, não era só o bando de Lampião que atuava. Outros bandos independentes também agiam: armados e fortemente municiados. Devastando, arruinando, depredando, arrasando tudo nas suas passagens sinistras.

No período de 1919 a fins de 1927 surgiram pelo menos quarenta e quatro grupos de cangaceiros.

REFERÊNCIAS:

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa, 2004.

JASMIN, Élise Grunspan. Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro. São Paulo: Edusp, 2006.

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