Por Helton Araújo
Diante de
minhas pesquisas sobre o fenômeno social conhecido popularmente como cangaço,
concentrei nos últimos meses minhas pesquisas em jornais da época. Como muita
gente sabe atualmente, resido na cidade de São José da Coroa Grande, no litoral
sul de Pernambuco.
Pois bem, hoje
( 22 ) me deparei com uma matéria do ano de 1941, onde tem como título o
seguinte : " RELÂMPAGO O NOVO FLAGELO DOS SERTÕES NORDESTINOS ".
O vulgo do
personagem citado pelo jornal logo me chamou a atenção, pois na historiografia
do cangaço tivemos alguns bandoleiros com essa alcunha. Antes de prosseguir é
necessário fazer algumas ressalvas importantes.
Primeiro devemos ter consciência que o cangaço lampiônico é considerado extinto totalmente no ano de 1940 com a morte do cangaceiro Corisco, O Diabo Louro ( a matéria do jornal é de 1941 ). Segundo, devemos entender que a expressão " cangaceiro " foi usada na época, não só aqui no nordeste como em outros lugares do Brasil em referência a salteadores ( bandidos ).
Agora sim,
vamos à matéria. Fazendo um resumo do grande texto do periódico e extraindo o
foco principal desta postagem, irei resumir a história.
Dois jovens
andarilhos, Renato Mendes Gomes e Antônio de Lima Filho, em uma das suas
andanças, saíram do Recife no dia 8 de abril de 1941 às 8 da manhã se
aventurando mundo a dentro, no dia 13 depois de penosa caminhada, chegaram até
o povoado de "Turiaçu", antiga povoação de SÃO JOSÉ DA COROA GRANDE,
aqui temos que fazer nova ressalva, o periódico errou em sua divulgação o nome
do povoado, pois deveria ser Puiraçú, nome antigo tradicional do local.Seguindo
com as informações, os jovens revelaram que o povoado ficava na divisa com
Alagoas, porém mais uma vez o periódico equivocadamente cometeu um erro,
colocando o local como sendo no "sertão" onde bem sabemos que essas
terras ficam no litoral.
Os jovens logo
foram apreendidos pelos habitantes do povoado e conduzidos ao comissário de
polícia do local, o senhor Assyrio Coelho. Mas qual o motivo para a prisão dos
jovens andarilhos?
Pois bem, a
população estava aprovada pois na região estava atuando aquele que o jornal
classificou como a nova besta fera, o homem que deu continuidade às ações
truculentas de Lampião e Corisco, conhecido popularmente como o cangaceiro
" RELÂMPAGO ".
Nessa
perspectiva de medo e incertezas na região, os moradores pensavam que os jovens
eram olheiros do citado cangaceiro. O desespero dos moradores era tanto, que
muitos abandonaram seus lares, fugindo dali com medo do perigoso bandido e seus
comparsas.
Em
contrapartida, alguns valentes do local armaram-se e se juntaram ao comissário
Assyrio Coelho em defesa da cidade.
As duras
custas os jovens finalmente conseguiram provar ao comissário que não eram
olheiros e sim apenas simples andarilhos que tentavam manter um clube agonizante
do qual faziam parte ( clube dos 13 ) e seus fins eram apenas esportivos. Para
isso apresentaram um livro onde continham os carimbos das autoridades policiais
e municipais dos locais por onde passaram.
Convencido, o
comissário liberou os jovens e também assinou o livro supracitado, não
carimbando, pois sua delegacia não tinha carimbo na época.
Daí por diante
os jovens seguiram se aventurando mundo afora, na região alagoana de Junqueira
teriam se deparado com uma onça, produziram e se armaram com duas longas
forquilhas de faca e após ataque do animal, conseguiram com dificuldades o
abater. Segundo o periódico a ossada do felino foi apresentada ao jornal.
O jornal não
revela se houve algum ataque de Relâmpago e sua gente ao povoado de São José da
Coroa Grande, deixando a partir daí o foco da matéria nas aventuras dos
rapazes.
Encerro por aqui fazendo um adendo, é muito importante preservarmos nossa história e quando podemos ver nossa pequena cidade citada em um periódico do Rio de Janeiro que tinha atuação contundente aqui no nordeste na época, temos que valorizar e procurar saber mais sobre tais fatos, pois isso são as raízes de cunho histórico de nossa São José da Coroa Grande.
Pesquisador
amador e idealizador do canal Cangaço Eterno.
Fonte : Jornal
A Noite
Matéria de 28
de setembro de 1941
Para
visualizar a matéria completa, clique na imagem.
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