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domingo, 14 de janeiro de 2024

FRANKLIN TÂVORA.

 Por Beto Klöckner Rueda

João Franklin da Silveira Távora (1842-1888) foi um advogado, jornalista, político, romancista e teatrólogo cearense.

Nascido em Baturité, Província do Ceará, era filho de Camilo Henrique da Silveira Távora e de Maria de Santana da Silveira. Fez os primeiros estudos em Fortaleza. Transferiu-se no ano de 1854 com os pais para Pernambuco. Fez preparatórios em Goiana e Recife, em cuja Faculdade de Direito matriculou-se em 1859, formando-se em 1863. Lá viveu até 1874. Foi funcionário público, deputado provincial e advogado, com breve intervalo em 1873 no Pará, como secretário de governo. Em 1874, transferiu-se para o Rio de Janeiro, foi funcionário da Secretaria do Império.

Franklin Távora

Iniciou o romantismo de caráter regionalista no Nordeste. Uma de suas obras mais marcantes é O Cabeleira, romance passado em Pernambuco do século XVIII. Foi crítico ferrenho de outros grandes autores brasileiros, como José de Alencar por não concordar com o seu romantismo idealista.

Teve grande contribuição para os contos literários brasileiros, nas suas obras abordava lendas e tradições populares em oposição a uma literatura do sul, considerada cheia de estrangeirismos e antinacionalismos. Possuía dois Pseudônimos: Semprônio e Farisvest.

Foi jornalista ativo, redigindo A Consciência Livre (1869-1870) e A Verdade (1872-73).

Iniciou a vida literária ainda estudante. Na fase recifense, publicou os contos da Trindade maldita (1861); os romances. Os índios do Jaguaribe (1862); A casa de palha (1866); Um casamento no arrabalde (1869); os dramas Um mistério de família (1862) e Três lágrimas (1870).

No Rio de Janeiro, teve influência na vida literária, fundando e dirigindo, com Nicolau Midosi, a Revista Brasileira (2ª fase), de que saíram dez volumes de 1879 a 1881. Ao mesmo tempo, inicia uma fase de reconstituição do passado pernambucano, marcadamente regionalista, tanto na ficção quanto na investigação histórica.

Nortista fervoroso, o romancista entrou numa luta constante para evidenciar a "literatura do norte", mais tipicamente brasileira e menos importada, acusando o grande centro cultural São Paulo-Rio de Janeiro de enfatizar de uma forma exaustiva as obras mais sulistas, e desprezar o restante da cultura do Brasil, mais especificamente o norte. Defendeu a separação literária da nação: o Norte contra o resto do Brasil, o que indicia um pouco de traição aos ideais românticos de nacionalismo.

É, na verdade, um nacionalismo específico, regional, onde o escritor vai se prender de forma genuína às tradições, costumes e ambientes de suas terras, vastamente apresentadas em sua obra. Seus romances mais conhecidos – O Cabeleira, O Matuto e Lourenço – vão servir de fonte para a exaltação de todo o seu orgulho histórico em relação ao norte, além de mostrar, e muitas vezes denunciar, ao resto do país "sulista" a seca, a miséria, as migrações, o cangaço e a vida condicionada pelo ambiente castigante. Seu regionalismo seria o estopim de uma grande vertente de nossa literatura: o romance do sertão, que acentuaria toda a criatividade de grandes escritores do século XX como Euclides da Cunha, Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos.

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