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domingo, 14 de janeiro de 2024

“A VIDA DO REI DO CANGAÇO ESTEVE NAS MINHAS MÃOS”

 Por Valdir José Nogueira

Assim declarou o belmontense “Sinhozinho Alencar” durante entrevista que o mesmo concedeu ao “Diário de Pernambuco”, e que foi publicada na edição de número 00106, que circulou no Domingo, 10 de maio de 1959, pág. 31:

“COM O DEDO NO GATILHO:

A volante comandada pelo sargento Alencar corta rios e caatingas, no rastro do bandoleiro.

Lampião, segue para a Vila de Nazaré, distrito de Floresta. Vai assistir o casamento de uma prima.

Terminada a cerimônia, ao ter início o baile de homenagem aos noivos, começa o tiroteio. Os cabras avistaram os soldados.

Lampião oculta-se numa casa da vila, e dali, com gritos insultuosos, dirige à reação. Portas e janelas se fecham e o fuzilar das balas é impressionante.

O sargento Alencar, avança debaixo do fogo, indo esconder-se no oitão do casebre. Desafia Virgulino a lutar em campo aberto. Escuta então quando o bandido grita:

- Vou pular pro meio da rua prá brigar, almofadinha, pras moças ver!

O sargento Alencar aguarda, com o dedo no gatilho. Vê Lampião como um gato, pular a janela e cair em frente da casa. Exatamente atrás, o olho na pontaria visa as costas de Virgulino. Vai atirar. Puxa o gatilho, e a arma nega fogo. O cartucho falhou.

Lampião sente o perigo. Pula novamente para dentro da casa. E logo mais, abrindo violentamente a porta dos fundos, precipita-se de rua afora. Corre a toda velocidade. O cano do fuzil voltado para a retaguarda. Atirando sem parar.

O sargento Alencar faz nova pontaria. A mira, nas costas do bandoleiro. Puxa o gatilho mais uma vez. E a arma falha novamente.

- A vida de Lampião esteve nas minhas mãos. Mas o destino não quis que eu o matasse.”

 https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste

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