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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A MULHER NO CANGAÇO

Por: João de Sousa Lima


Há um fascínio natural quando se fala da mulher no cangaço.
Em uma época tão difícil o que levou tantas mulheres - meninas a entrarem para esse mundo desconhecido e de certa forma brutal? Que tipo de atração o mundo feminino viu no movimento cangaceiro? Quais foram os motivos que causaram tanto deslumbramento aos olhos daquela juventude?
Essas são algumas perguntas que fazemos tentando entender os reais motivos da entrada da mulher no cangaço. Mesmo diante dos depoimentos de algumas que foram forçadas a seguir seus companheiros, como foi o caso de Dadá que foi raptada por Corisco, no caso da Dulce que foi trocada por jóias pelo cunhado, de Aristeia que seguiu Catingueira por sofrer maltrato da policia, Antonia e Inacinha forçadas por Gato, podemos citar vários casos dessa natureza, porém a maioria foi por pura paixão como é o caso de Durvinha que se apaixonou por Virgínio, Lídia por Zé Baiano, Maria por Lampião, Nenê por Luiz Pedro, Eleonora por Serra Branca,  Naninha por Gavião, Aninha por Mourão, Catarina por Nevoeiro, Joana por Cirilo de Engrácia.
Alguns cangaceiros não concordaram com a entrada das mulheres no cangaço como foi o caso de Balão que deixou depoimentos confirmando que as mulheres atrapalhavam as caminhadas dentro da mataria, principalmente quando ficavam grávidas. Os tiroteios diminuíram e Balão era um dos cangaceiros que gostava dos confrontos.
Para outros, com a mulher no cangaço, os estupros diminuíram, a violência sem aparente razão  se atenuaram.
A verdade é que com a mulher no cangaço o movimento ganhou uma áurea romanesca, as histórias contadas sempre falam do amor entre casais famosos, no cinema, nos versos tantos eruditos quanto populares, no livreto de cordel, na arte plástica, na música, no teatro, na literatura, os romances sempre mexeram com a capacidade de imaginar o cavaleiro em seu cavalo alado salvando as mocinhas e donzelas para viverem o amor eterno.
A mulher cangaceira deixou para sempre na historiografia do nordeste brasileiro o nome da mulher sertaneja como sinônimo de mulher guerreira, bravia, independente, sem perder sua feminilidade, sua capacidade de amar, independente das circunstâncias.
Edson Barreto, Cangaceira Dulce, João de Sousa Lima e Maria  Cícera (irmã de Dulce e com 103 anos de idade)
João e a cangaceira Aristeia
João e Joana ( irmã de Dadá)
João e Rita (estuprada por Sabiá)
João e Durvinha
João e Adília
João e Maria de Juriti
João e Mocinha (irmã de Lampião)
João e Aristeia
Obs: na primeira fotografia João e uma irmã da cangaceira Joana (Moça, de Cirilo de Engrácia).

Extraído do blog do escritor e pesquisador do cangaço:
 João de Sousa Lima

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