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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um homem chamado Jaime Hipólito Dantas

Por: Thaisa Mendonça

Toda pesquisa histórica nasce de uma inquietação, é, portanto, fruto de uma hipótese que será ou não confirmada pela investigação das fontes, pelo desenvolvimento dos trabalhos do pesquisador.


Jaime Hipólito despertou minha atenção principalmente pela sua trajetória de vida, bem como pelo fato dele ter sido um jornalista contestador e irreverente. Um seridoense de Caicó que migrou para Mossoró ainda criança junto com os pais, Eufrásia Dantas de Medeiros e Raimundo Hipólito de Medeiros, que era caixeiro viajante. Sendo assim, acreditamos que sua ida para Mossoró ocorreu devido ao fato do seu pai ter que deslocar-se constantemente, em virtude de sua profissão.

Ele foi um dos jornalistas de maior destaque da cidade de Mossoró,


teve sua formação primária no Grupo Escolar Moreira Dias


e Grupo Escolar 30 de Setembro,

cursou o técnico em contabilidade na Escola de Comércio União Caixeral, todas instituições de Mossoró.

Edíficio da União Caixeiral, 1954
Foto do acervo do jornalista Geraldo Maia
http://www.blogdogemaia.com/

Também foi graduado em Ciências Jurídicas na primeira turma da faculdade de Direito de Natal, em 1959.

Atuou na década de 50 como diretor e apresentador do programa O Prato do Dia, da então Rádio Tapuyo. Ainda em Mossoró, foi professor de Economia Política, Estenografia e Português na mesma escola que estudou (a Escola de Comércio União Caixeral). Lecionou as disciplinas de Literatura Inglesa, Literatura Americana, Instituições do Direito Público, História do Pensamento Econômico, Estudo de Problemas Brasileiros e Direito Penal.            

Como escritor e contista, conquistou algumas premiações, vencendo os seguintes concursos: Concurso de contos promovido pela revista A Cigarra (Rio de Janeiro) no ano de 1955, Concurso Nacional de Crônicas, cujo tema foi “o livro”, promovido pelo jornal O Globo e o Concurso Nacional de Contos, patrocinado pela Secretaria de Cultura da prefeitura da cidade de Franca, em São Paulo, no ano de 1987. Produziu as seguintes publicações: A imprensa em Mossoró (1958), O Aprendiz de Camelô (1962), O Livro da velhice de Grieco (1972), Estórias Gerais (1986), Antônio Pinto de Medeiros (1991) e De Autores e de Livros (1992). À nível nacional, Jaime Hipólito teve alguns de seus poemas inclusos em três antologias: Contos Jovens nº 5 (Brasiliense, São Paulo, 1974), Os Melhores Contos Brasileiros de 1974, organizada pela editora Globo (Porto Alegre, 1975) e Contos Jovens (Brasiliense, São Paulo, 1987).

Em Natal, Jaime Hipólito foi também reconhecido e teve seu nome incluído entre os cinco maiores contistas do Rio Grande do Norte, além de ter sido citado entre os 400 nomes de Natal , em uma publicação organizada pela jornalista Rejane Cardoso, esposa de um de seus colegas de profissão e também seu admirador, o jornalista e escritor Vicente Serejo. Este trabalho foi fruto das comemorações organizadas pela prefeitura da cidade em virtude dos seus 400 anos.

Jaime Hipólito mudou-se para Natal em meados da década de 80. Na capital potiguar, ele atuou na coluna semanal Conversa de Domingo, do jornal Tribuna do Norte. No entanto, ele não teve tempo de consolidar-se como jornalista na cidade, visto que, no ano de 1992, ele faleceu vítima de um infarto.

Embora não seja muito conhecido do grande público, Jaime Hipólito Dantas foi e é muito respeitado no meio intelectual norte-rio-grandense. Falar de Jaime Hipólito Dantas é, ao mesmo tempo, fácil e difícil. Fácil, pois sua estória de vida é repleta de fatos interessantes, que nos renderiam diversos artigos. A parte difícil é o fato dele ter sido uma pessoa complexa, um enigma até mesmo para os amigos mais próximos.

Talvez seu maior objetivo na vida tenha sido o de consolidar-se enquanto intelectual, uma pessoa que desejava obter um reconhecimento por seu trabalho. E conseguiu...
Nota*Jaime Hipólito Dantas foi o objeto de pesquisa da minha monografia, defendida em 2009, com o título "Um mossoroense de fora: Jaime Hipólito Dantas como um representante do País de Mossoró", sob a orientação do professor Dr Renato Amado Peixoto, do Departamento de História da UFRN.

Extraído do Blog: "Natal Viva"
Thaisa mendonça

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