Por: Geraldo Maia do Nascimento
Mossoró foi a primeira cidade do Rio Grande do Norte a fazer campanhas sistemáticas para liberação dos seus escravos. Não foi uma luta de poucos. Envolveu toda a cidade. Luta coletiva, pacífica e pioneira no Estado, é comemorada ainda hoje como a maior festa cívica de Mossoró.
Os escravos comprados em Mossoró eram remetidos para Fortaleza e, dali, para as províncias do sul. Talvez tenha sido esse tipo de comércio que tenha despertado o sentimento de piedade pelos cativos. A idéia de libertação começou no Ceará em 1881.
Em Mossoró, a idéia surgiu por ocasião de uma homenagem prestada na Loja Maçônica 24 de Junho ao casal Romualdo Lopes Galvão, líder da política e do comércio. Presente à homenagem se encontrava o Venerável Frederico Antônio de Carvalho, a quem coube a idéia da fundação de uma sociedade cuja finalidade fosse a libertação dos cativos.
Em 6 de janeiro de 1883 é criada a Sociedade Libertadora Mossoroense, cuja presidência provisória fica a cargo de Romualdo Lopes Galvão. Aderem ao movimento os melhores nomes da terra. A diretoria definitiva fica formada por Joaquim Bezerra da Costa Mendes, presidente; Romualdo Lopes Galvão, vice-presidente; Frederico de Carvalho, primeiro secretário e o Dr. Paulo Leitão Loureiro de Albuquerque, orador. Nessa época, Mossoró contava apenas com 86 escravos. A 10 de junho alforria 40 desses escravos. A Sociedade Libertadora tinha um Código, com um único artigo e sem parágrafos, onde estava determinado que "todos os meios são lícitos a fim de que Mossoró liberte os seus escravos".
Foi um dia festivo aquele 30 de setembro. A cidade amanheceu com as ruas ornamentadas de folhas de carnaubeiras e bandeiras de papel coloridas. A alegria contagiava os lares. Ao meio-dia, a Sociedade Libertadora Mossoroense se reunia no 1º andar do prédio da Cadeia Pública, onde funcionava a Câmara Municipal. O Presidente da Sociedade Joaquim Bezerra da Costa Mendes, abre a solene e memorável sessão, lendo em seguida, diversas cartas de alforria dos últimos escravos de Mossoró, e depois de emocionado discurso declara "livre o município de Mossoró da mancha negra da escravidão".
Além dos abolicionistas, os salões da Câmara Municipal estavam lotados com familiares e grande massa da população.
Depois da sessão, a festa tomou as ruas. O Dr. Almino Afonso pronunciou inúmeros discursos, empolgando os auditórios que o aplaudiam delirantemente. E foi também o Dr. Almino Afonso que criou o "Clube dos Spartacos" composto, na sua maioria, por ex-escravos, tendo sido eleito presidente o liberto Rafael Mossoroense da Glória. A função desse clube era dar abrigo e amparo aos ex-excravos, que aqui chegavam por mar ou por terra. Era a tropa de choque dos abolicionistas. Como território livre, Mossoró passou a ser procurada por todos os escravos que conseguiam fugir. Sabiam que aqui chegando, encontravam abrigo. O Clube dos Spartacus sempre conseguia evitar que os escravos voltassem com os donos. Alguns eram comprados; outros eram mandados para Fortaleza e nunca mais apareciam. Tudo isso aconteceu cinco anos antes que a Princesa Isabel assinasse a famosa "Lei Áurea", que acabava com a escravidão em território nacional.
O dia 30 de setembro passou a ser a grande data cívica da cidade. A Lei nº 30, de 13 de setembro de 1913, declara feriado o 30 de setembro que até os dias atuais é comemorado com muito entusiasmo.
Material disponibilizado pelo Historiador Geraldo Maia
Fonte:
Independente do texto acima
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Gente, Mossoró, possuía apenas, não mais que 20 ou 30 escravos, portanto, foi fácil a campanha abolicionista. E de repente, estes escravos estavam tornando-se um peso morto para os seus donos, daí ter havido o grande interesse em libertar a galera, é simples. Situação totalmente divergente das fazendas cafeeiras do sudeste/sul do Brasil.
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