Link da Parte I
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O grande
jornalista "JOEL SILVEIRA", no ano de 1944, realizou uma célebre
ENTREVISTA com os cangaceiros (VOLTA SECA; ÂNGELO ROQUE, SARACURA, CACHEADO,
DEUS TE GUIE E CARACOL), quando todos eles se encontravam presos, na
Penitenciária de Salvador/BA, cumprindo pena.
Que cada um contasse a sua história, as razões que o haviam levado a deixar a
Lei, suas roças e seus empregos para a tremenda aventura do banditismo
sertanejo. E que falassem, com toda a sinceridade.
ÂNGELO ROQUE fez um aparte, numa voz rouca:
- Eu sempre falei com sinceridade.
E me conta, dando início á conversa, que entrou para o cangaço para desafrontar
a sua honra.
- Sempre fui um homem de ordem. Sempre vivi honestamente do
meu trabalho.
Sua história é simples, e escuto do próprio "velho Ângelo", na sua
linguagem seca e típica. Ângelo Roque da Costa nasceu em Jatobá, Tacaratu, em
Pernambuco. Entrou para o banditismo em 1928, quando conheceu LAMPIÃO. Seu
primeiro encontro com VIRGULINO foi na Fazenda Arrasta-Pé, na margem baiana do
São Francisco.
- Não me esqueço da primeira impressão que LAMPIÃO me deu: a de um homem tão
sujo que dava nojo.
Pouco antes de 1928, em Jatobá, um soldado da força local DEFLOROU uma irmã de
Ângelo, é o que me diz. O caso foi para a Justiça, mas o soldado era protegido
da política "de cima" - as queixas de Ângelo de nada valeram.
- Então resolvi fazer justiça com as minhas próprias mãos. Fui na casa do
soldado, mas só estava lá a mulher dele. Esperei na porta até que ele chegasse.
De noitinha ele apareceu, e então eu lhe disse que ia morrer. Atirei duas
vezes. O "praça" caiu de bruços, mas não morreu. Me disseram depois
que andou muito tempo á beira da morte, mas não morreu".
O medo da prisão jogou Ângelo Roque na caatinga: durante vários meses, andou
como um sem pouso pelos áridos caminhos do sertão. Pouco aparecia nas cidades.
Trabalhou em roças, dormia no mato. Conheceu, depois, os cangaceiros CORISCO e
ARVOREDO, e os dois lhe explicaram que a única maneira de viver tranquilo,
longe da polícia, era entrar para o cangaço. Em 1928, quando conheceu LAMPIÃO,
se decidiu. Mas demorou pouco tempo ao lado de VIRGULINO.
CONTINUA:
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Dr.
Ivanildo Alves Silveira pesquisador e colecionador do cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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