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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ENTREVISTA C/ CANGACEIROS NA PRISÃO, EM 1944 - PARTE II:


Link da Parte I

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O grande jornalista "JOEL SILVEIRA", no ano de 1944, realizou uma célebre ENTREVISTA com os cangaceiros (VOLTA SECA; ÂNGELO ROQUE, SARACURA, CACHEADO, DEUS TE GUIE E CARACOL), quando todos eles se encontravam presos, na Penitenciária de Salvador/BA, cumprindo pena.

Que cada um contasse a sua história, as razões que o haviam levado a deixar a Lei, suas roças e seus empregos para a tremenda aventura do banditismo sertanejo. E que falassem, com toda a sinceridade.


ÂNGELO ROQUE fez um aparte, numa voz rouca:


- Eu sempre falei com sinceridade.

E me conta, dando início á conversa, que entrou para o cangaço para desafrontar a sua honra. 

- Sempre fui um homem de ordem. Sempre vivi honestamente do meu trabalho.

Sua história é simples, e escuto do próprio "velho Ângelo", na sua linguagem seca e típica. Ângelo Roque da Costa nasceu em Jatobá, Tacaratu, em Pernambuco. Entrou para o banditismo em 1928, quando conheceu LAMPIÃO. Seu primeiro encontro com VIRGULINO foi na Fazenda Arrasta-Pé, na margem baiana do São Francisco.

- Não me esqueço da primeira impressão que LAMPIÃO me deu: a de um homem tão sujo que dava nojo.

Pouco antes de 1928, em Jatobá, um soldado da força local DEFLOROU uma irmã de Ângelo, é o que me diz. O caso foi para a Justiça, mas o soldado era protegido da política "de cima" - as queixas de Ângelo de nada valeram.

- Então resolvi fazer justiça com as minhas próprias mãos. Fui na casa do soldado, mas só estava lá a mulher dele. Esperei na porta até que ele chegasse. De noitinha ele apareceu, e então eu lhe disse que ia morrer. Atirei duas vezes. O "praça" caiu de bruços, mas não morreu. Me disseram depois que andou muito tempo á beira da morte, mas não morreu".

O medo da prisão jogou Ângelo Roque na caatinga: durante vários meses, andou como um sem pouso pelos áridos caminhos do sertão. Pouco aparecia nas cidades. Trabalhou em roças, dormia no mato. Conheceu, depois, os cangaceiros CORISCO e ARVOREDO, e os dois lhe explicaram que a única maneira de viver tranquilo, longe da polícia, era entrar para o cangaço. Em 1928, quando conheceu LAMPIÃO, se decidiu. Mas demorou pouco tempo ao lado de VIRGULINO.

CONTINUA:

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Dr. Ivanildo Alves Silveira pesquisador e colecionador do cangaço

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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