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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Dominguinhos foi sucessor direto de Luiz Gonzaga

POR: LUCAS NOBILE - DE SÃO PAULO

Considerado um dos maiores sanfoneiros do país, Dominguinhos foi o sucessor direto de Luiz Gonzaga (1912-1989). Nascido em Garanhuns (PE), em 1941, filho de Seu Chicão, afinador e tocador de foles de oito baixos, José Domingos de Moraes iniciou sua carreira ainda na infância.

Aos oito anos, se apresentou para o Rei do Baião pela primeira vez, em hotel de sua cidade natal, sem saber que tocava para Gonzagão.


"Ali na porta do Tavares Correia [hotel em Garanhuns, em Pernambuco] a gente tocava sempre. Um dia nos botaram pra tocar dentro do Tavares Correia. Tinha uma pessoa lá, um cidadão e exatamente era o Luiz Gonzaga. Só que eu com oito, nove anos não sabia quem era Luiz Gonzaga nem artista nenhum", conta Dominguinhos em trecho do filme "Dominguinhos Canta e Conta Gonzaga", lançado em 2012.


O sanfoneiro não foi o principal discípulo de Gonzagão apenas no estilo musical. Foi o Rei do Baião que lhe batizou artisticamente como Dominguinhos, dizendo que Neném, apelido de infância do músico, não pegaria. O apadrinhamento de Gonzaga se intensificou em 1957, quando ele convidou o sanfoneiro a fazer sua primeira gravação, "Moça de Feira" em um disco do Rei do Baião, três anos depois de se mudar para o Rio, por recomendação de seu "professor".


Em mais de 55 anos de carreira, Dominguinhos gravou 40 discos. No primeiro, "Fim de Festa" (1964), além de interpretar temas de outros compositores, como Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Zito Bormorema e Zé do Baião, registrou duas músicas suas: "Frevo Cantagalo" e "Garanhuns".

No último, "Iluminado Dominguinhos", lançado também em DVD em 2010, Dominguinhos gravou grande parte de seu repertório instrumental com a participação de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Wagner Tiso, Yamandu Costa, entre outros.

Assim como Luiz Gonzaga, Dominguinhos se notabilizou por ser um dos divulgadores pelo país de gêneros nordestinos, como o baião, o frevo, o forró e o xote. Também como seu incentivador, não se restringiu apenas a aqueles estilos, sendo reconhecido também por suas interpretações para o repertório de choro.


Grande parte do aprendizado desse gênero se deu ainda nos anos 1960, quando ele chegou a tocar no regional do Canhoto, ao lado de nomes como os violonistas Dino Sete Cordas e Meira, absorvendo harmonias inventivas em contatos informais.

Como instrumentista, tocou com nomes respeitados da música brasileira como Luiz Gonzaga, Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Chico Buarque, Fagner, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Nara Leão, Toquinho, Beth Carvalho, Djavan, Nana Caymmi, Jards Macalé, Luiz Melodia, Renato Teixeira, entre outros.


Além de sua trajetória como sanfoneiro, Dominguinhos também se destacou como compositor. Autor de músicas instrumentais carregadas de sentimento e expressividade --muitas delas simples e complexas ao mesmo tempo--, também teve composições suas letradas que alcançaram grande sucesso.


Suas músicas mais conhecidas são "Eu Só Quero um Xodó" e "Tenho Sede" (parcerias com Anastácia), cujo registro mais famosos foram feitos por Gil na década de 1970, "Isso Aqui Tá Bom Demais" e "De Volta pro Aconchego" (com Nando Cordel), clássico na voz de Elba Ramalho, nos anos 1980, "Abri a Porta" e "Lamento Sertanejo" (com Gil).


"De Volta pro Aconchego" e "Isso Aqui Tá Bom Demais" fizeram parte da trilha da novela "Roque Santeiro", aumentando a popularidade de Dominguinhos nos anos 1980. Na mesma década, Chico Buarque gravou "Tantas Palavras", parceria sua com o sanfoneiro, que novamente voltou a fazer sucesso por todo o país.

Dominguinhos fez sua última apresentação em 13 de dezembro, em homenagem a Luiz Gonzaga, no dia do centenário de nascimento do Rei do Baião, em Exu (PE).

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/07/1246795-dominguinhos-foi-sucessor-direto-de-luiz-gonzaga.shtml

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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