POR: LUCAS NOBILE - DE SÃO PAULO
Considerado um
dos maiores sanfoneiros do país, Dominguinhos foi o sucessor direto de Luiz
Gonzaga (1912-1989). Nascido em Garanhuns (PE), em 1941, filho de Seu Chicão,
afinador e tocador de foles de oito baixos, José Domingos de Moraes iniciou sua
carreira ainda na infância.
Aos oito anos,
se apresentou para o Rei do Baião pela primeira vez, em hotel de sua cidade natal,
sem saber que tocava para Gonzagão.
"Ali na
porta do Tavares Correia [hotel em Garanhuns, em Pernambuco] a gente tocava
sempre. Um dia nos botaram pra tocar dentro do Tavares Correia. Tinha uma
pessoa lá, um cidadão e exatamente era o Luiz Gonzaga. Só que eu com oito, nove
anos não sabia quem era Luiz Gonzaga nem artista nenhum", conta
Dominguinhos em trecho do filme "Dominguinhos Canta e Conta Gonzaga",
lançado em 2012.
O sanfoneiro
não foi o principal discípulo de Gonzagão apenas no estilo musical. Foi o Rei
do Baião que lhe batizou artisticamente como Dominguinhos, dizendo que Neném,
apelido de infância do músico, não pegaria. O apadrinhamento de Gonzaga se
intensificou em 1957, quando ele convidou o sanfoneiro a fazer sua primeira
gravação, "Moça de Feira" em um disco do Rei do Baião, três anos
depois de se mudar para o Rio, por recomendação de seu "professor".
Em mais de 55
anos de carreira, Dominguinhos gravou 40 discos. No primeiro, "Fim de
Festa" (1964), além de interpretar temas de outros compositores, como Luiz
Gonzaga, Humberto Teixeira, Zito Bormorema e Zé do Baião, registrou duas
músicas suas: "Frevo Cantagalo" e "Garanhuns".
No último,
"Iluminado Dominguinhos", lançado também em DVD em 2010, Dominguinhos
gravou grande parte de seu repertório instrumental com a participação de
Gilberto Gil, Elba Ramalho, Wagner Tiso, Yamandu Costa, entre outros.
Assim como
Luiz Gonzaga, Dominguinhos se notabilizou por ser um dos divulgadores pelo país
de gêneros nordestinos, como o baião, o frevo, o forró e o xote. Também como
seu incentivador, não se restringiu apenas a aqueles estilos, sendo reconhecido
também por suas interpretações para o repertório de choro.
Grande parte
do aprendizado desse gênero se deu ainda nos anos 1960, quando ele chegou a tocar
no regional do Canhoto, ao lado de nomes como os violonistas Dino Sete Cordas e
Meira, absorvendo harmonias inventivas em contatos informais.
Como
instrumentista, tocou com nomes respeitados da música brasileira como Luiz
Gonzaga, Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Chico
Buarque, Fagner, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Nara Leão, Toquinho, Beth
Carvalho, Djavan, Nana Caymmi, Jards Macalé, Luiz Melodia, Renato Teixeira,
entre outros.
Além de sua
trajetória como sanfoneiro, Dominguinhos também se destacou como compositor.
Autor de músicas instrumentais carregadas de sentimento e expressividade
--muitas delas simples e complexas ao mesmo tempo--, também teve composições
suas letradas que alcançaram grande sucesso.
Suas músicas
mais conhecidas são "Eu Só Quero um Xodó" e "Tenho Sede"
(parcerias com Anastácia), cujo registro mais famosos foram feitos por Gil na
década de 1970, "Isso Aqui Tá Bom Demais" e "De Volta pro
Aconchego" (com Nando Cordel), clássico na voz de Elba Ramalho, nos anos
1980, "Abri a Porta" e "Lamento Sertanejo" (com Gil).
"De Volta
pro Aconchego" e "Isso Aqui Tá Bom Demais" fizeram parte da
trilha da novela "Roque Santeiro", aumentando a popularidade de
Dominguinhos nos anos 1980. Na mesma década, Chico Buarque gravou "Tantas
Palavras", parceria sua com o sanfoneiro, que novamente voltou a fazer
sucesso por todo o país.
Dominguinhos
fez sua última apresentação em 13 de dezembro, em homenagem a Luiz Gonzaga, no
dia do centenário de nascimento do Rei do Baião, em Exu (PE).
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/07/1246795-dominguinhos-foi-sucessor-direto-de-luiz-gonzaga.shtml
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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