Por Geraldo Maia do Nascimento
No dia 15 de março de 1852, o
povoado de Santa Luzia de Mossoró passou a categoria de Vila, através do
Decreto Provincial de nº 246, sancionado pelo Dr. José Joaquim da Cunha,
Presidente da Província do Rio Grande do Norte. A medida estabeleceu a criação
da Câmara, desvinculando-se politicamente do Município do Assu, a quem
pertencera até então, formando um novo Município, sendo elevada a respectiva
Povoação à categoria de Vila de Mossoró.
A ideia da criação do Município de Mossoró partiu dos habitantes da ribeira do
rio Mossoró. Entre os principais incentivadores, destacava-se o Vigário Antônio
Joaquim e o Padre Antônio Freire de Carvalho, que organizaram em Mossoró o
núcleo Saquarema que era o Partido Conservador. Foram eles os responsável pela
organização de um abaixo assinado que seria dirigido à Assembléia Provincial,
pleiteando a criação da Vila e Município de Mossoró e do Tribunal de Jurados.
Esse abaixo assinado chegou a Assembléia Municipal na sessão do dia 13 de
janeiro de 1852, com 350 assinaturas. Como justificativa para a pretensão,
alegavam: 1 – existência de mais de dois mil fogos (casas); 2 – população
estimada em mais de seis mil almas; 3 – arruamentos bem organizados, de boa
perspectiva e não pequeno; 4 – um comércio “bastante opulento”; 5 – terras
ótimas para criação; 6 – praias que enviavam peixe seco para lugares em
derredor; e 7 – salinas assazmente abundantes que constituem um grande ramo de
comércio.
Foi
o bacharel Jerônimo Cabral Raposo da Câmara, Secretário da Assembléia, quem leu
o abaixo assinado.
O
projeto veio ao plenário na sessão de 8 de março de 1852, para a primeira
discussão. Aprovado sem emendas. Na Segunda sessão, com a mesma aprovação. E na
terceira, realizado no dia 11, aprovado, seguindo para a Comissão de Redação
Final. O Presidente da Assembléia, o Bacharel Otalino Cabral Raposo da Câmara,
o Vice-Presidente e o 1º e 2º secretários assinaram o projeto em sua redação
final.
O
Presidente da Província fez a sanção a 15 de março de 1852.
Mossoró
passava a ser o décimo nono município da Província.
Com
essa Lei nº 246, nascia o Município de Mossoró.
Criado
o Município, procedeu-se em Mossoró a eleição para Vereadores e Juiz de Paz.
Nelas figurava o Vigário Antônio Joaquim como representante do Partido
Conservador e o Capitão João Batista de Souza como representante do Partido
Liberal.
Os
Conservadores procederam à votação no interior da Igreja de Santa Luzia
enquanto os Liberais permaneceram numa casa da Rua Domingos da Costa. Houve uma
tentativa por parte dos Liberais de tomar o Livro da Atas. Por não conseguirem,
passaram a disparar armas de fogo para o lado da Capela, onde permaneciam os
Conservadores.
A
eleição foi vencida pelos Conservadores, que era comandada pelo Vigário Antônio
Joaquim e encabeçada pelo Padre Antônio Freire de Carvalho. Este, como
Presidente eleito, juramentou-se perante a Câmara do Assu, tomando posse no dia
24 de janeiro de 1853, na Vila de Mossoró, tomando juramento aos demais
Vereadores e declarando em seguida instalada a nova Câmara que ficou assim
composta: Padre Antônio Freire de Carvalho, Presidente; Tenente Coronel Miguel
Archanjo Guilherme de Melo, Vereador; Capitão Francisco de Medeiros Costa,
Vereador; Capitão João Batista de Souza, Vereador; Francisco Besoldo das
Virgens, Vereador; Sebastião de Freitas Costa, Vereador.
Apesar
da lamentável ocorrência quando da eleição, os Conservadores assumiram o poder
e num período de tranqüilidade, fizeram um governo de paz, sem ódio e sem
vingança.
Muito
pouco pode ser feito pelo primeiro governante de Mossoró. Na opinião do
historiador Raimundo Soares de Brito, “arrumou a casa. O resto deixou a cargo
dos seus sucessores”.
Segundo
Câmara Cascudo “a razão da vitória do projeto elevando Santa Luzia à Vila e
fazendo surgir o novo município norte-rio-grandense deve ser procurado no plano
político e não econômico. Foi um ato do Partido Conservador contra a região
sabiamente pertencente ao Partido Liberal. Os eleitores, indo para Assú ou
Apodi, iam votar no candidato “luzias”, como outrora eram fiéis ao Partido Sulista,
nome do Liberal velho. Não havia em Santa Luzia do Mossoró eleitores do Partido
Conservador e sim simpatizantes sem pronunciamento por falta de chefia
coordenadora. Mossoró município havia de constituir base de força
conservadora”, o que realmente veio a acontecer.
Geraldo
Maia do Nascimento
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Fonte:
Mendes amigo, parabéns aos Mossoroenses pelos 163 anos da GRANDE MOSSORÓ.
ResponderExcluirAtenciosamente,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia.