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quarta-feira, 18 de março de 2015

JARAMATAIA - GARARU - 27 DE NOVEMBRO DE 1929.


Depois de tudo isso, ainda na parte da manhã, chega o Coronel com uma câmera Kodak, que pedia para fazer alguns retratos de Lampião e seus meninos, pois era sabido desde longas datas desse fascínio que os cangaceiros tinham por foto.

- Capitão, eu gostaria de fazer umas poses suas e do bando pode sê?

- Só dêxo de tu me manda essas foto, pode dexá lá no China em Poço Redondo qui eu pego lá. 

- Pode cobrar, de verdade, assim tão rápido quanto eu revelar as fotos eu envio para lá.

- Eu cobro mesmo viu?

O bando se ajeitou e alguns formados em duplas foram sendo fotografados pelo próprio Eronides. Foi nessa que quando foi fazer o retrato do Cangaceiro Mor sozinho que estava já aparentemente chateado com algo, o Coronel tenta amenizar.

- Tenho um presente novo procê, umas perneiras do exército, são novas e cabem em você certinhas. Na qualidade de Capitão, não pode andar sem perneiras.

Ponto Fino e Virgínio

Lampião demonstra felicidade e de pronto as calça. Faz pose para o retrato e a pequena câmera de mão dispara duas vezes. Nesse momento o bando todo se reúne no alpendre onde tinham algumas gaiolas na parede. Volta Seca, ainda com o rosto inchado no lado esquerdo, estava olhando os passarinhos na parede e esticando a mão, abre a portinhola das duas gaiolas sem que os presentes percebessem e solta o pobre e indefeso caboclinho já mudado e uma viuvinha. O pequeno percebe em seguida quando o bando começa a se aproximar e a sentar na calçada. 


Volta Seca, com o pano na mão direita e a arma na esquerda, desce a pequena calçada e fica de pé na extremidade direita (na visão de Eronides) com seu punhal cruzado na cintura à mostra. Lampião, sentado na outra extremidade mostrava sua perneira nova. 


Entre eles dois estavam sentados em pequenos tamboretes, Moderno, Zé Baiano e Arvoredo. De pé atrás estavam Mariano (quase escondido na sombra de uma porta aberta), Ponto-Fino, Calais, Fortaleza e o baixinho Mourão. Todos de arma em punho, não posicionados para o ataque e com os chapéus ainda lisos, sem os famosos desenhos e adornos conhecidos. 


O som da câmera disparando por duas vezes foi ouvido... Lampião cobra novamente as fotos, que seriam entregues dias depois. Na saída, o bando já perfilado e montados nos seus cavalos, o som da câmera dispara uma última vez. Anos depois, Eronides já Governador de Sergipe, exibia eufórico aos jornalistas as fotografias que fizera dos cangaceiros naquele dia... t

Fonte: facebook
Página: Robério Santos

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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