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domingo, 5 de abril de 2015

A PRISÃO DOS MISSIONÁRIOS AMERICANOS


Como bem disse Ariano Suassuna: "Lampião era engraçado".

(Texto e foto extraídos do Livro "Lampião, a Raposa das Caatingas", de José Bezerra Lima Irmão)

No dia 29 de novembro de 1930, Lampião estava descansando na casa-grande da fazenda Riacho Verde, do amigo José Malta, ao lado de Mata Grande, no estado de Alagoas, quando trouxeram à sua presença uns sujeitos branquelos, de fala enrolada, que tinham sido aprisionados pelos cangaceiros a meia légua da cidade. Eram uns missionários americanos. Havia também uma mulher. O líder era o missionário Virgil Smith. Estavam acompanhados do professor de matemática Maurício Wanderley. Lampião perguntou ao missionário como era o seu nome e o que ele fazia. Como o americano não se expressasse bem em português, o professor Maurício explicou:


- O nome dele é Virgílio, Capitão. É um missionário americano e está ensinando o caminho certo ao povo.

- Então somo colega – disse Lampião -, purque eu tamém tou corrigino os erro desta gente. Diga pra ele o qui é qui eu faço cum muié de vestido curto e cabelo cortado... E diga também que eu quero onze conto pra sortá eles.

Os missionários entregaram tudo o que tinham – apenas umas cédulas e umas moedas. Lampião devolveu as moedas:

- Toma isto, qui ei nun sou cego pra aceita ismola de vintém. Tratem de arranjá o resto do dinheiro.

Os missionários não tinham mais dinheiro. Mas quem disse que estavam preocupados? Diziam-se felizes por ter a oportunidade de pregar o Evangelho para aquelas criaturas, que também eram filhas de Deus. Começaram a ler trechos da Bíblia em voz alta e a cantar hinos de louvor. Lampião impacientou-se:

- Mininos, sortem esse cabra e mande eles imbora qui eu nun aguento mais essa zuada! Pra rezá precisa gritá tanto?! Será qui eles pensa qui Deus é surdo?!!!

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa SobrinhoCangaçofilia

http://blogdomendesemendes.blogspot.com


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