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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

SONHOS QUE ME FAZEM VIVER O PASSADO

Por José Mendes Pereira
Eu fui operador de linotypo. As letras são feitas em linhas de chumbo

Meu amigo e irmão Raimundo Feliciano:

Dizem que relembrar o passado é sofrer duas vezes, mas na verdade, tenho plena certeza que, você e todos os adeptos daqueles tempos vividos por nós naquele internato “Instituto Mário Negócio”, relembraremos até o dia em que estivermos vivos, porque não passamos por coisas ruins, tudo vivido ali, tanto no prédio “Chico de Clara” que você foi um dos internos de lá, como na Rua Alberto Maranhão (bairro Paraíba), de propriedade da industrial “Edite Souto, na Rua José de Alencar (também no bairro Paraíba), de propriedade de um senhor chamado “Antonio Nunes”; na Rua Almirante Barroso, nos igapós do bairro Pereiros, prédio de propriedade do industrial “Tertuliano Aires” (seu Terto); foram momentos que passamos como se nós todos fôssemos irmãos. 


Raimundo Feliciano e José Mendes Pereira

Ninguém se estranhava com ninguém, apenas brincadeiras sem humilhações contra nenhum de nós, surgiam vez por outra, principalmente idealizadas por você, mas era apenas uma forma de continuarmos mais unidos.

www.grafatorio.com

Hoje, amanheci como se ainda estivesse internado naquele “Instituto”, vivendo os tempos bons com nossos amigos, que alguns deles já se foram para junto de Deus, outros, nós não os vimos mais, por estarem em cidades distantes da nossa.  Mas mesmo assim, temos informações de alguns que conseguiram formar famílias e vivem divinamente bem.

O que é mais interessante, é que eu sempre sonho,  ocupando aquele espaço, que o governo nos sustentava com tudo que é necessário para o futuro de uma criança ou de um jovem. Um bando de desocupados como nós éramos, comendo do bom e do melhor, mas a sorte, é que, ninguém se tornou marginal de forma alguma, todos nós fomos bem informados pelas professoras da Instituição, principalmente por dona Caboclinha e dona Severina Rocha (infelizmente, ambas faleceram no ano de 2015) sobre a vida que nós iríamos enfrentar, com dignidade, amigos dos amigos e sem nenhum vício proibido. 

Muitos deles, inclusive você e eu, éramos viciadíssimos em fumar, mas cigarro convencional, muito embora, ofensivo, mas era e continua sendo legal diante das autoridades que perseguem tudo que é ilegal.

Esta é uma bolandeira para fazer as composições juntando 
as letras e formando os nomes dentro dela.

Mas uma das coisas que muito me faz relembrar, são sonhos sobre a Editora Comercial, que sempre naquela luta, indo e voltando para a Editora para fazer as mesmas coisas, chapas, impressões, depois de tudo encadernado, passar pela máquina aparadora, que é, o último acabamento de qualquer trabalho gráfico, inclusive livros.

Um componedor gráfico onde o tipógrafo faz os nomes juntando letra por letra

Eu não sei como é que um sonho divide o tempo, fazendo com que às 11:00 horas do dia, eu venho para casa, almoço, tomo um cochilo, e 1:00 hora da tarde, retorno ao trabalho. À noite, tomo direção à faculdade, pegando carona nas paradas de ônibus, porque nelas, passará uma porção de amigos que também irá à (UERN) - Universidade Estadual do Rio Grande do Norte.

Nesta caixa estão as letras feitas de chumbo

Às vezes, sonhando, faço horas extras na própria Editora, o melhor, o sonho divide o meu tempo bem direitinho; chegando até um mês, recebendo salário.

Linotypo - As letras são feitas na hora

No sonho, vejo as fontes de letras, todas ali ao meu redor, compondo graficamente, em um componedor e uma bolandeira, todas as matérias dos originais, mas sendo letra por letra. 

É muito engraçado, "o sonho". 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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