Seguidores

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

91 ANOS DA MORTE DO PRIMEIRO MILITAR NAZARENO

Por Junior Almeida

Corria o ano de 1925 e Virgulino Ferreira, o Lampião, já era um nome bastante conhecido, não só no Nordeste, mas em todo país. O simples boato que o bando do célebre cangaceiro estava por perto era o suficiente para causar pânico em toda população, pois por onde passava a súcia impunha medo e desgraça. Eram poucos os lugares que Lampião e seus cabras passavam em paz. Mesmo antes de chegar ao ápice de sua “carreira” e se tornar o rei de todos os cangaceiros, o jovem Virgulino e seus irmãos já demonstravam seus instintos malignos.

*Foto da força de Nazaré. Crédito Blog Tok de História.

Foi assim no seu lugar de origem na questão com Zé Saturnino bem como vila de Nazaré do Pico, que recebeu em Poço do Negro, em suas imediações, a Família Ferreira quando essa teve que sair do Sítio Passagem das Pedras justamente pela contenda com o povo da Fazenda Pedreiras. Por onde passavam os meninos de Zé Ferreira deixavam seu rastro de dor e desordens. No dito ano a relação de Lampião com o povo de Nazaré já havia azedado, a guerra já realidade entre os nazarenos e os filhos de Zé Ferreira.

A primeira pessoa ligada à antiga Carqueja a tombar na contenda foi Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, abastado comerciante e chefe político de São José do Belmonte, Pernambuco, em 20 de outubro de 1922, que foi morto por ordem do antigo comandante de Lampião, Sinhô Pereira, que quis lavar com sangue a honra do parente Yoyô Maroto, que fora desmoralizado com uma surra e várias humilhações em sua terra. Em 12 de agosto de 1923, outro fogo envolvendo os nazarenos e o bando de Lampião aconteceu na Fazenda Enforcado, na Serra do Pico, em Floresta, Pernambuco. No tiroteio ficou ferido o cangaceiro Miguel Piloto. Do lado de Nazaré foram feridos Pedro Gomes de Lira, Olímpio Jurubeba e Adão Thomaz Nogueira.

Depois desse embates, Gabriel de Souza, o Bié, morreu no combate do lugar “Pelo Sinal” em Princesa Izabel na Paraíba em 8 de agosto de 1924. Em 20 de novembro do mesmo ano Lampião incendiou a casa da Fazenda Lagoa do Mato, do nazareno Pedro Thomaz Nogueira, sendo o bando perseguido depois disso por Manoel Jurubeba, Manoel Flor, Inocêncio Nogueira e Levino Caboclo até chegar à Fazenda Baixas, de Antônio Feitosa, em Floresta. Lá aconteceu um novo fogo. Lampião estava acompanhado de quinze a vinte cangaceiros. De Nazaré do Pico lutaram: Euclides Flor, Olimpio Jurubeba, Eloi Jurubeba, Pedro Lira, Abel Thomaz, Manoel Thomaz e Davi Jurubeba que saiu ferido no tornozelo.

O saldo da refrega foi de três mortos. O cabra Manoel de Margarida do lado dos cangaceiros e os nazarenos Inocêncio de Souza Nogueira e Olímpio Gomes Jurubeba. A cada dia a situação entre o povo de Nazaré e Lampião piorava. Nazaré do Pico era toda armas na guerra contra o cangaço. Vários de seus filhos já faziam parte das forças volantes de estados como Pernambuco e Bahia, o que fazia aumentar o ódio de Lampião contra o povo do lugar. José Teotônio de Souza foi mais um civil que tombou pelas mãos da horda maldita. Morreu na Vila de São Caetano, município de Betânia em 24 de maio de 1925.

Em 14 de novembro de 1925 na pequena vila de nome Mulungu, na época pertencente a São Bento do Una, atualmente distrito de Sanharó em Pernambuco, o aniversário de oito anos do menino Euclides, segundo filho do casal Antônio José de Almeida e Tereza Eufrazina de Oliveira, passou como um dia qualquer. Não teve festa, almoço especial nem um bolinho sequer lembraram a data. A família não podia se dar esse luxo pois as condições financeiras não permitiam. O menino do Agreste fora batizado com o nome “ilustre” por que o sei pai já ouvira muito falar da bravura dos sertanejos de Nazaré, e se agradou do nome Euclides, que colocou no filho.

Distante mais de duzentos quilômetros dali, na fazenda Xique-Xique, em Serra Talhada, também em Pernambuco, uma força volante de qual faziam parte o xará Euclides Flor, junto com outros nazarenos, Manoel Flor, João Jurubeba, Aurelino Francisco, Hercílio Nogueira, Ildefonso Flor e o rastejador Batoque, travaram um renhido tiroteio com o bando de Lampião. Neste combate é morto com um tiro na fonte o jovem soldado Ildefonso Flor, de apenas dezesseis anos de idade, o sexto homem de Nazaré a morrer pelas armas dos cabras de Lampião, o primeiro de uma força volante dos lendários nazarenos. Mesmo com a morte do jovem Nazareno, seus irmãos e demais membros da volante, pouparam a vida de dois cangaceiros capturados na Fazenda Xique-Xique, Mão Foveira e Cancão, que posteriormente foram encaminhados para Casa de Detenção em Recife.

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/permalink/725390214291764/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário