Nascido em
Mossoró no dia 29 de setembro de 1891, o patriarca Mirabeau da Cunha Melo,
filho de Manoel Benício de Melo e Ericina da Cunha Melo, iniciou sua vida como
telegrafista concursado em 1912, em Mossoró, onde se casou em primeiras núpcias
com Cândida Filgueira Mendes Melo. Como chefe da agência
postal-telegráfica daquela cidade, participou ativamente da defesa contra o
ataque do bando de Lampião em 1927, servindo ainda de elemento de ligação entre
as lideranças da resistência armada e a chefia de polícia do estado, aquela
época ocupada pelo seu irmão desembargador Manoel Benício Filho, que,
pessoalmente recebia e transmitia mensagens diretamente do aparelho Morse
(pois, como Mirabeau Melo, Benício Filho iniciara sua vida também como
telegrafista).
Em 1928
transferiu-se para a cidade de Ceará-Mirim, onde exerceu a chefia da agência
telegráfica, tendo ali perdido sua primeira esposa, contraindo novas núpcias
com Ana Varela de Melo. Em Ceará-Mirim atuou na política integrando o partido
popular liderado pelo então deputado federal José Augusto de Medeiros, elegendo-se,
em memorável campanha, Prefeito do Município, cargo em que foi empossado em
1935.
Com a
intentona comunista de novembro do mesmo ano, foi preso pelos revolucionários
comunistas juntamente com alguns dos seus correligionários e amigos e deportado
para o quartel do 21º Batalhão de Combate em Natal onde permaneceu
incomunicável até a queda do movimento pelas forças legalistas. A sua gestão à
frente da chefia da edilidade de Ceará-Mirim foi marcada por várias realizações
de sentido social e melhoramento urbanista, destacando-se a fundação, em 1936,
do Colégio Santa Águeda – de formação de professores – dirigido a seu convite,
pelas irmãs da ordem Franciscana, empreendimento que prestou e continua
prestando inestimáveis serviços na formação profissional de várias gerações
daquele município e circunvizinhos.
Por razões de
ordem pessoal renunciou, em 1937, ao restante do mandato de prefeito,
fixando-se em Natal onde reassumiu suas funções de telegrafista,
aposentando-se em 1946. Marcado por uma vida intensa de trabalho, sacrifícios e
renúncias pessoais de quem tem sobre os ombros numerosa família, lutou
obstinadamente pelo que mais desejava: educar e encaminhar seus doze filhos
para a vida, transmitindo-lhes os padrões e valores morais com que norteara a
sua própria existência.
Apesar da
idade avançada que alcançou (para os padrões da época), conservou-se
inteiramente lúcido e consciente, aceitando heroicamente a dureza da morte com
espírito verdadeiramente cristão. No dia 19 de novembro de 1979, mesmo
agonizando, comunicou-se com sua mulher e todos os filhos que lhe rodeavam o
leito, até perder a voz quando ainda consegue escrever sua última vontade: “sei
que vou morrer, quero que me enterrem no cemitério de Lagoa Nova”. Enfrentou a
morte assim, como soube enfrentar a vida, com coragem, dignidade e humildade.
https://mirabeaumelo.wordpress.com/2012/11/02/hello-world/#respond
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